Cardeal Antonio Cañizares Llovera é prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. Mandei-lhe este email, em agosto de 2009:
"Dirijo-me respeitosamente à Vossa Eminência para informar que em minha paróquia - a São Bento, no bairro do Morumbi, em São Paulo, capital - fui submetida duas vezes ao constrangimento de ter negada a comunhão na boca quando já me encontrava na fila diante do diácono encarregado de distribuir a Sagrada Eucaristia, sob alegação de que a hóstia consagrada deveria ser recebida na mão como medida de prevenção à gripe suína.
Diante da minha negativa em receber a comunhão na mão, o diácono obrigou-me a
solicitar ao abade que dirige aquela paróquia permissão para receber a Santa
Eucaristia na boca. O abade deu a permissão a contragosto, lembrando que eu
deveria obedecer a Igreja.
Uma semana depois, este mesmo diácono
voltou a negar-me a comunhão na boca, dirigindo-me desta vez palavras grosseiras
_"A senhora de novo? Saia da fila e aguarde". Como eu me mantivesse imóvel, à sua frente, ele virou-se para trás para solicitar a aprovação do abade
que encontrava-se no altar durante a distribuição da comunhão. O abade, com um
gesto impaciente de mão, a significar "sim", permitiu que eu recebesse a
comunhão na boca.
Fui procurada por este diácono depois
das missas em que estes incidentes aconteceram. Na primeira vez, ele me disse
que estava cumprindo ordens do abade e que a proibição se justificava por causa
da gripe. Eu argumentei que se podia prevenir os riscos de contaminação,
não com a probição, mas com cuidados redobrados no momento de dar ao fiel a
comunhão na boca. O diácono não quis nem ouvir, alegando estar apressado
enquanto se afastava.
Da segunda vez, veio me perguntar se eu
receberia a hóstia na mão se fosse Jesus Cristo a distribuí-la. Eu lhe respondi
que, se fosse Jesus Cristo, eu receberia. O diácono respondeu, como se eu
tivesse caído numa armadilha, que "era o mesmo Corpo" e que a Igreja tinha
mudado a forma de distribuir a comunhão: agora era na mão. E me admoestou,
perguntando:" Por que só a senhora quer receber na boca?".
Eu lhe disse que a
comunhão na boca era a forma aprovada e recomendada pela Igreja, como mais
adequada para demonstrar a reverência pela sacralidade da Santa Eucaristia. O
diácono brandiu seus conhecimentos profundos em Teologia para encerrar a
conversa e, de novo, se afastar.
Ao chegar em casa,
decidi conversar com um padre recém-chegado à minha paróquia, com quem eu já
tinha mantido contato num encontro por mim solicitado, porque sou interessada em
teologia e história da Igreja Católica e ele tinha estudado em Roma onde foi,
como ele se apresentava, "coroinha do Papa João Paulo II".
Era especialista em
Direito Canônico. Comecei por expor o constrangimento a que tinha sido submetida
e lhe perguntei se, pelos documentos e instruções da Igreja, não era garantido a
todo católico o direito de escolher a forma de receber a comunhão.
Ainda
ressaltei que não tinha intenção de desobedecer a Igreja, apenas queria comungar
da forma que a própria Igreja recomendava como mais apropriada e reverente. E
repeti: para evitar contágio e propagação do vírus da gripe suína, os cuidados
deveriam ser redobrados na hora de receber a comunhão na
boca.
O que ouvi do padre deixou-me
absolutamente atônita. Ele enfatizou que havia um decreto episcopal proibindo a
comunhão na boca e que o bispo podia legislar em matéria litúrgica e que esta
probição se enquadrava nesta rubrica. Não havendo ilegalidade, a proibição era
legítima.
Quando me referi a documentos como Redemptionis Sacramentum, Memoriale
Domini, Cena Domini, Eclasia de Eucharistia e o Missal Romano, o padre me disse
que "isto não tem nada a ver". Que o bispo tinha proibido comungar na
boca e cabia a mim obedecer. Que eu era 'tradicionalista e reacionária' e que a
forma de comungar "era secundário".
Eu, por exemplo - disse o padre -
prefiro comungar na boca. É secundário se a comunhão é na mão, na boca, em pé,
sentado, deitado ou de joelho. É questão de gosto pessoal. Tem uns que gostam de
macarrão, outros de outra coisa".
Quando eu ponderei que se tratava da
Sagrada Eucaristia e que eu gostaria de continuar recebendo a comunhão na boca,
o padre me perguntou o que eu tinha de diferente, e arrematou: "A minha mãe
comunga na mão". Agradeci, pedi a sua benção e desliguei.
Peço a Vossa Eminência
que me oriente. O que devo fazer? Comungar na mão, para mim, é fora de questão,
eu me recuso. Cheguei a mandar meu protesto ao Cardeal Dom Odilo Scherer,
arcebispo de São Paulo, por ter recomendado, numa carta circular, que fosse dada
a comunhão preferencialmente na mão, como medida de prevenção à gripe suína. Não
recebi resposta.
Sinto um clima de hostilidade muito grande em relação a mim
em minha paróquia, principalmente da parte de certos ministros leigos, como se
eu quisesse afrontar a autoridade dos superiores eclesiásticos. Do fundo de meu
coração, não é a vaidade, a soberba, o orgulho ou a falta de caridade que me
movem. Mas só e tão tão somente o desejo de honrar o Santíssimo Sacramento.
Peço a vossa benção.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus
Cristo.
Mírian Macedo
São Paulo, capital
Brasil
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ResponderExcluirPor azar sou paroquiano da mesma paróquia, mas quase nunca frequento as Missas de lá. Embora o magnífico mural de CLAUDIO PASTRO domine todo o altar reservou-se para o SSmmo. Sacramento um reles nicho na parede, descentralizado.
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E apesar da PROIBIÇÂO do Vaticano para que haja MINISTRAS extraordinárias da Comunhão (MINISTRO DA EUCARISTIA, nome incorreto, é somente o Padre) e da exigência que os ministros (homens) só distribuam a Comunhão quando houver número excessivo de pessoas no Templo, de modo que a administração da Comunhão pelo Sacerdote pudesse levar tempo excessivo, em todas as Missas o sacerdote se "enpáixa" (neologismo relativo a Paxá!)no seu assento e os ditos ministro(as) é que distribuem a comunhão.
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Tudo com certa irreverência, fazendo depois até a limpeza dos vasos sagrados, que é reservada exclusivamente ao Sacerdote também!
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É a "Missa do Homem e para o Homem" (antropocêntrica) e não em Deus e para Deus!
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Então, como gosto de comungar de joelhos e na boca, procuro ir na Paróquia de São Gabriel Arcanjo, na avenida de mesmo nome, no Itaim.