quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Tudo igual

        Mais um texto retirado do fundo do baú. Este também foi escrito durante a campanha eleitoral de 2002, quando Lula foi eleito, pela primeira vez, Presidente da República. 

             O PT e o PSDB são exatamente a mesma coisa. FHC vivia nos palanques ao lado de Lula e só não entrou para o PT, quando ele foi fundado em 80, porque, ambicioso, viu que era melhor  entrar no PMDB, que ajudou a fundar, e ficar como suplente de Montoro  no Senado. Ele sabia que Montoro deixaria o cargo  de senador  para concorrer ao governo de São Paulo, em 82. FHC, assim, assumiria seu lugar no Congresso. 
    
       Em 88, o grupo de FHC, Covas e Tasso saiu do PMDB e fundou o PSDB por 'motivos éticos', sob alegação que não podia conviver com a 'banda podre' do PMDB liderada por Quércia. Na verdade, a causa pode ser bem outra. É que não cabiam lá as turmas do Quércia e de Mário Covas juntas. Os dois queriam ser presidentes da República. FHC era da turma do Covas naquele tempo; quando morreu, Covas não permitiu que FHC sequer entrasse em seu quarto no hospital. Nesta eleição (de 2002), Lula e Quércia estavam juntos, pedindo votos um para o outro. 
     
        Não adianta esconder, mais isto muda mais isto é a mesma coisa. Basta ver que um dos ideólogos do PT é Francisco Weffort, que era orientando de FHC na USP, assim como Guido Mantega, ora, ora. Se o PT não fosse aliado, FHC ia dar o Ministério da Cultura para um dos fundadores/idealizadores do partido? Ora, Weffort não é somente do PT, ele é o PT!  

         O Partido dos Trabalhadores nunca foi contra o golpe de 64, nunca contestou o modelo econômico implantado pela ditadura. O negócio do PT eram as liberdades democráticas. Assim que elas foram restabelecidas (anistia, fim da censura,  habeas corpus, organização de partidos etc etc),  o PT deixou de ser do contra. Estes governos 'revolucionários' no Rio Grande do Sul se limitaram a deixar o povo repartir as migalhas que lhe eram destinadas no tal do orçamento participativo, dentro da perspectiva histórica de que "é melhor lamber do que cuspir". 
     
         Não é coincidência que o melhor do PT tenha surgido no Rio Grande do Sul, onde a tradição trabalhista era mais forte. É só olhar o PT paulista: Lulas, Martas, Paloccis, Dirceus, Genoinos. É bom lembrar: Lurian, a filha de Lula, viveu em Paris na casa do então casal Luis Favre  e Marília Andrade, filha de ninguém menos que o empreiteiro Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez. (Favre depois, virou 'marido' de Marta Suplicy).Uai, só se confia a própria filha a gente muito amiga, não é não?  

          Quando surgiu em 78, Lula falava como se não tivesse existido movimento trabalhista no Brasil antes dele. Para o PT, Jango, Brizola e Trabalhismo rimavam com peleguismo, não com nacionalismo. Tinha coisa melhor para Golbery que um Lula no lugar de Brizola? Ora!
     
          A teoria da dependência de FHC/Falleto é a mesma de Weffort/PT. Eles tem a mesmíssima visão sobre a relação do Brasil com os países desenvolvidos e hegemônicos do capitalismo mundial. É a teoria da (inter)dependência de Falleto e Cardoso. Serra também defende a mesma teoria que, em resumo, diz que  o capitalismo dependente não é uma condição necessária do capitalismo mundial mas sim um fator acidental no desenvolvimento deste. 

          FHC apontava a interdependência como solução para a crise de acumulação, minimizando ou mesmo apagando as diferenças entre o capitalismo nos países avançados e o capitalismo dependente.  

          O sociólogo Fernando Henrique Cardoso, nos seus tempos de Cepal e Cebrap (este último, é bom lembrar, foi criado por FHC e era financiado pelos ricos dólares das fundações Ford e Rockfeller), achava que os problemas e contradições no capitalismo brasileiro não tinham outra particularidade senão a de dar-se em um país da periferia, ou seja, uma nação capitalista jovem . ("Os Estados têm dificuldades. Sempre temos alguma dificuldade"). 

          FHC preferia apontar a interdependência como a solução para a crise de acumulação. Ele entendia que numa economia dependente se dá um processo simultâneo de desenvolvimento. ("A despeito disso, pode-se levar adiante o processo integrador")

          Para FHC, o capitalismo, à medida que se aproxima de seu modelo puro, se converte em um sistema cada vez menos explorador e consegue reunir as condições para solucionar indefinidamente suas contradições internas. "É um problema de ajuste do sistema mundial, que está sem controle. Estamos longe de ter uma situação ideal, muito longe, mas estamos trabalhando nessa direção" (as frases em negrito são de uma entrevista de Fernando Henrique, à Folha, em agosto deste ano). 

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