quarta-feira, 20 de abril de 2016

Sou rainha do lar, recatada e feliz.

       Eu saí da casa de meus pais em 72, ditadura braba, com 18 anos, fui morar sozinha (com minha irmã), em repúblicas desconfortáveis na Asa Norte em Brasília, em que tínhamos direito a um quarto e ao uso do banheiro. Eu pagava todas as minhas contas, o aluguel e a cerveja. Depois, eu fui morar com o namorado, assumindo uma relação mal-vista naqueles anos.

       Em 73, passei nove dias presa no DOI-CODI. Fiz topless no carnaval de 80, no nariz dos generais, o que custou a minha credencial para cobrir a visita do general Figueiredo a Buenos Aires (quando cheguei, soube que não poderia participar da cobertura oficial). Fui repórter em Brasília dos jornais Diário de Brasília, Correio Braziliense, Jornal de Brasília e O Globo. Vim para São Paulo, em 81, trabalhei na Status, na Visão, no jornal O Estado de São Paulo, na revista da OAB e em tantas outras publicações. 


       Quando fiquei grávida, em 83, decidi trocar as laudas pelas fraldas e cuidar de meu filho Juliano, que nasceu em maio de 84. Nunca me arrependi de minha decisão. Depois, nasceram Júlia (em Torino, na Itália, em janeiro de 87) e Luísa (em São José dos Campos, em junho de 92). 

        Sou rainha do lar. Por minha decisão. Estou casada há 36 anos anos (completos no final do ano) com o mesmo marido, meu maior amor do mundo. Sou bela, recatada e do lar. E feliz. Alguma dúvida?

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