segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

1970: o ano em que o sonho acabou


     Mil novecentos e setenta foi o ano em que a banda dos Beatles acabou. No auge, no pico do mundo e da fama. Quem mais teria coragem de acabar com tudo àquela altura? Inimaginável pensar que eles nunca mais seriam The Beatles. Dos quatro juntos, restaria a despedida no telhado da gravadora Apple, em Londres, em janeiro de 69, durante a gravação do último disco Let it be. Nós os vimos tocar e cantar 'Don't let me down' e, então, menos de um depois, em 1970, foi o fim. Eu também era feliz e não sabia.
    Gosto do psicanalista Jorge Forbes quando ele diz que não somos nós que interpretamos o artista, o artista é que nos interpreta. Pessoas como John Lennon não cabem nestes esqueminhas reducionistas com que somos tentados a classificar o mundo dos normais. Claro, ele não é Deus, podemos tentar analisá-lo, mas ele sempre será maior que ele próprio. A opinião de Lennon sobre Lennon será apenas uma opinião a mais.
    Além da magia musical, John Lennon tinha honestidade intelectual. Defendeu algumas causas erradas (ele era contra a guerra do Vietnã, por exemplo), mas naqueles tempos inaugurais o sentimento/movimento de Paz e Amor era bonito. Não há mal absoluto. As conseqüencias morais nefastas daquela ânsia prática de liberdade, liberalidade/libertação não apagam a beleza e a honestidade com que vivemos aqueles anos.
    Os tempos que antecederam os Beatles não eram de rosas e arco-íris. Aqueles anos foram imortalizados numa cena antólogica do filme de Nicholas Ray, Rebel Without a Cause (1955), em que Jim Stark (James Dean) pergunta a Judy (Natalie Wood) “You live here, don’t you!”. Ela se volta e responde, ácida: “Who lives?”.
    Às vezes, nos esquecemos que John Lennon morreu com apenas 40 anos! Aos 30, ele fez o inacreditável: propôs a dissolução do maior fenômeno popular jamais visto até então. Sim, eles eram mais populares que Jesus Cristo.

  Parodiando o que Carpeauz disse sobre Beethoven, se os Beatles fossem apagados da história, nós seríamos outra raça de humanos. Nós éramos belos por causa deles. Nós fomos capazes de reconhecer e amar a beleza de sua música eterna. God bless The Beatles.

2 comentários:

  1. Besmenov não diria isso, Mirian, diria que foram uns otários. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, musicalemnte deliciosos, mas intelectualmente uns asnos idiotas úteis da subversão contra cultural soviétiva

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  2. Quem disse que ser contra a guerra do vietnã era uma causa errada? Quem é a favor de guerras? Acho que você não entendeu quem foi John Lennon, muito menos o tempo em que viveu.

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