segunda-feira, 30 de julho de 2012

Convite ao estupro?


   
   Deixemos claro: um homem de princípios, decente e bem formado, mesmo que fique excitado ao ver um decote ousado, não saltará sobre a mulher, obrigando-a a fazer sexo com ele, contra a sua vontade. 

   Já o estuprador, seja por ser doente mental ou doente moral, enxergará no decote ou vestimenta sensual um desafio, um convite e um estímulo à satisfação de todos os seus baixos instintos. Ele não vai deixar de estuprar pelo fato de não ter o direito de fazer isto. 

   Ao contrário: é porque ele não tem o direito de ser violento para obter sexo que ele o é. É o fato de subjugar a mulher mais fraca, fazendo sexo com violência, que o excita. Se ela ainda exibe o corpo de forma exacerbada e alardeia que tem o direito de se vestir como quer (e tem!), exercendo este direito, ao usar o que lhe apetece, para o estuprador tanto melhor. A violência será maior, e para ele, quanto mais violência maior o prazer.

   Resumo: será que, em vez de alertar para o horror da violência, a 'vadia' não está, no final das contas, instigando e provocando os estupradores a violentá-la? 

5 comentários:

  1. Olá Mirian.
    Ao ver fotos de tais manifestações, já me peguei pensando sobre isso que você escreveu, mas é algo meio complicado de escrever. Escrito por uma mulher parece ficar mais claro. Isso me lembra Nelson Rodrigues.
    Você tem razão, muitas parecem clamar por sexo. talvez o tio freud explique...
    Abraço
    Gutenberg

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  2. PORQUE MARCHAMOS?

    No Brasil, marchamos porque aproximadamente 15 mil mulheres são estupradas por ano, e mesmo assim nossa sociedade acha graça quando um humorista faz piada sobre estupro, chegando ao cúmulo de dizer que homens que estupram mulheres feias não merecem cadeia, mas um abraço; marchamos porque nos colocam rebolativas e caladas como mero pano de fundo em programas de TV nas tardes de domingo e utilizam nossa imagem semi-nua para vender cerveja, vendendo a nós mesmas como mero objeto de prazer e consumo dos homens; marchamos porque vivemos em uma cultura patriarcal que aciona diversos dispositivos para reprimir a sexualidade da mulher, nos dividindo em “santas” e “putas”, e muitas mulheres que denunciam estupro são acusadas de terem procurado a violência pela forma como se comportam ou pela forma como estavam vestidas; marchamos porque a mesma sociedade que explora a publicização de nossos corpos voltada ao prazer masculino se escandaliza quando mostramos o seio em público para amamentar nossas filhas e filhos; marchamos porque durante séculos as mulheres negras escravizadas foram estupradas pelos senhores, porque hoje empregadas domésticas são estupradas pelos patrões e porque todas as mulheres, de todas as idades e classes sociais, sofreram ou sofrerão algum tipo de violência ao longo da vida, seja simbólica, psicológica, física ou sexual.

    No mundo, marchamos porque desde muito novas somos ensinadas a sentir culpa e vergonha pela expressão de nossa sexualidade e a temer que homens invadam nossos corpos sem o nosso consentimento; marchamos porque muitas de nós somos responsabilizadas pela possibilidade de sermos estupradas, quando são os homens que deveriam ser ensinados a não estuprar; marchamos porque mulheres lésbicas de vários países sofrem o chamado “estupro corretivo” por parte de homens que se acham no direito de puni-las para corrigir o que consideram um desvio sexual; marchamos porque ontem um pai abusou sexualmente de uma filha, porque hoje um marido violentou a esposa e, nesse momento, várias mulheres e meninas estão tendo seus corpos invadidos por homens aos quais elas não deram permissão para fazê-lo, e todas choramos porque sentimos que não podemos fazer nada por nossas irmãs agredidas e mortas diariamente. Mas podemos.

    Já fomos chamadas de vadias porque usamos roupas curtas, já fomos chamadas de vadias porque transamosantes do casamento, já fomos chamadas de vadias por simplesmente dizer “não” a um homem, já fomos chamadas de vadias porque levantamos o tom de voz em uma discussão, já fomos chamadas de vadias porque andamos sozinhas à noite e fomos estupradas, já fomos chamadas de vadias porque ficamos bêbadas e sofremos estupro enquanto estávamos inconscientes, por um ou vários homens ao mesmo tempo, já fomos chamadas de vadias quando torturadas e curradas durante a Ditadura Militar. Já fomos e somos diariamente chamadas de vadias apenas porque somos MULHERES.

    Mas, hoje, marchamos para dizer que não aceitaremos palavras e ações utilizadas para nos agredir enquanto mulheres. Se, na nossa sociedade machista, algumas são consideradas vadias, TODAS NÓS SOMOS VADIAS. E somos todas santas, e somos todas fortes, e somos todas livres! Somos livres de rótulos, de estereótipos e de qualquer tentativa de opressão masculina à nossa vida, à nossa sexualidade e aos nossos corpos. Estar no comando de nossa vida sexual não significa que estamos nos abrindo para uma expectativa de violência, e por isso somos solidárias a todas as mulheres estupradas em qualquer circunstância, porque tiveram seus corpos invadidos, porque foram agredidas e humilhadas, tiveram sua dignidade destroçada e muitas vezes foram culpadas por isso. O direito a uma vida livre de violência é um dos direitos mais básicos de toda mulher, e é pela garantia desse direito fundamental que marchamos hoje e marcharemos até que todas sejamos livres.

    Somos todas as mulheres do mundo! Mães, filhas, avós, putas, santas, vadias…todas merecemos respeito!

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    Cara Pri: eu também acho a sua IDIOTICE, "simbólica, psicológica, física ou sexual", ou seja, por onde se olhe, não dá para escapar da mesma conclusão!
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    Quer dizer que "todas as mulheres" serão "violentadas" em algum momento da sua vida?! Ui, quase fiquei arrepiado com tal revelação! E os padeiros? E os engraxates, então?!
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    Quem, nesta vida, não sofre, não sofreu ou não sofrerá algum tipo de desilusão, mágoa, frustração, molesto, doença, etc.?
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    Aderiremos à legião dos "coitadistas", então? "O demônio é o outro" já disse sartre, velho babão e fescenino, que submetia uma mulher do quilate intelectual de Simone de Bouvoir às verdadeiras humilhações do "casamento aberto", compulsório (e dizem que a trouxa, masoquisticamente, gostava!)!
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    São fato e conceito inegáveis, que cada mulher - assim como cada homem (e criança e FETO também, nunca custa lembrar!) - merece respeito em TODA a sua dignidade humana, dada por Deus.
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    Neste sentido, mostrar "peitinhos" (e "muchibões" também, diga-se de passagem), enriquece a quem e ao quê?! Pura babaquice de "enfantes térribles" sem noção, que "coitadistas" profissionais, adoram empunhar um bom chicote "vingador", mas ADORAM um tacão masculino, às vezes!
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    Disse e repito: por que ao invés de vocês protestarem contra o Patriarcalismo social brasileiro (sic), não vão fazer manifestações defronte aos Consulados e Embaixadas de regimes que sistematicamente aviltam a dignidade da Mulher, com estupros raciais (Sudão, por exemplo) abortos forçados (China, por exemplo), execuções de adúlteras (Irã, por exemplo), etc., hein?
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    Falta coragem ou está além da sua "agenda"?!
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    Então, vão se coçar!

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    1. Richard, se você não mudar a realidade de seu próprio país como irá mudar a de outras nações?
      Acredito que você não leu direito o que a Pri explicou com muita excelência!

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  4. Paulo Marques faço minhas as suas palavras, vc explicou muito bem em dois parágrafos o que o Richard infelizmente distorceu com relação a fala da Pri, imagino que ele não tenha entendido direito. há Richard pegue este Tacão masculino e........................;-)

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