quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bento XVI: escondido, não calado.

     Bento XVI anunciou que vai se esconder do mundo, mas não prometeu ficar calado. Analistas, como o professor, escritor e presidente da Fundação Lepanto, Roberto de Mattei, e a vaticanista, Angela Ambrogetti, acham que Bento XVI, se for solicitado, não se negará a dar conselhos ao novo papa. 

    Antes: ele pode ter sinalizado, ao escolher permanecer no Vaticano, e não em algum mosteiro distante, em sua querida Baviera, que pretende colocar-se de fato à disposição da Igreja, para servi-la e ao seu sucessor.

    Ninguém imagina que Bento XVI vá comportar-se como'papa reserva', nem que ele queira dividir o pontificado. Sua grandeza espiritual e intelectual afastam, por completo, a hipótese de que ele pretenda continuar, de alguma maneira, ocupando o trono de Pedro. 

   Mas, de qualquer forma, ele não teria renunciado porque não aguentou, nem porque  sucumbiu às 'forças hostis' (por assim dizer). Para Angela Ambrogetti, por exemplo, Bento XVI renunciou porque quer que o rumo do seu pontificado seja mantido. A grande reviravolta que representa a renúncia de um Papa em seiscentos anos tem em vista a manutenção dos rumos do seu pontificado. Em resumo: o Papa mudou para não mudar.

 Roberto de Mattei:"Seria pouco prudente considerar já 'fechado' o pontificado de Bento XVI, dedicando-se a prematuros balanços, antes de esperar a fatídica data por ele anunciada: a noite de 28 de fevereiro de 2013, uma data que permanecerá impressa na história da Igreja. 
   Antes, mas também depois daquela data, Bento XVI poderá ser ainda protagonista de novos e imprevistos cenários. O Papa, de fato, anunciou as suas renúncias, mas não o seu silêncio, e a sua escolha lhe restitui uma liberdade de que, talvez, se sentisse privado. 
   O que dirá e fará Bento XVI, ou o cardeal Ratzinger, nos próximos dias, semanas e meses? E, sobretudo, quem guiará, e de que maneira, a barca de Pedro nas novas tempestedes que inevitavelmente a esperam?"


Angela Ambrogetti: "A Igreja sabe servir-se de seus fiéis de diversas maneiras. Na frase final de seu discurso de renúncia, Bento XVI disse que rezará pela Igreja. Referiu-se a João Paulo II, ao falar sobre o tema do sofrimento e acrescentou que  continuará querendo servir a Igreja de Deus.
    Em resumo, disse que se o novo papa quiser ir pedir conselho, ele vai estar lá: ele, de fato, decidiu permanecer no Vaticano.
    Uma presença discreta, como era com João Paulo II. Com uma diferença: o Papa não quer virar uma encomenda postal administrada por outras pessoas, agora que com a idade poderia tornar-se sempre menos presente e quer que a linha de seu pontificado não seja modificada. 
    A escolha de renunciar foi feita porque se deu conta de que não tem mais as forças que tinha anos atrás e prefere que um outro siga adiante. Ele se coloca à disposição, dando, humildemente, um passo para trás, julgando ter concluído o ciclo de seu pontificado. 
    É como se, depois deste oito anos prolíficos, Bento XVI tivesse dito: "Eu os trouxe até aqui; sigam adiante e eu coloco-me à disposição para ajudar".

http://www.robertodemattei.it/2013/02/13/763/#more-763

http://www.tempi.it/certi-giornali-leggono-le-dimissioni-del-papa-come-se-si-trattasse-del-capo-della-coca-cola#.USWPhaU3uVI

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