terça-feira, 15 de abril de 2014

Comentarista de regador

      Âncoras podem ser grandes repórteres ou analistas brilhantes. Mas, na prática, âncora é aquele apresentador de jornal de televisão que fica fazendo comentários sobre qualquer assunto da pauta do dia. 

     Dá palpites e tece considerações sobre temas que vão da performance do goleiro, passando pela uso da soja transgênica na merenda escolar às implicações teológicas da Aula Magna de Ratisbona. Quem assiste ao noticiário de televisão sabe do que estou falando. 

     Se o âncora fala o que nos interessa, então, ele vira sumidade, mesmo que o favorecimento ideológico seja escancarado e a imparcialidade comprometida. Criticar o desvio, repor o profissionalismo nos eixos vira acusação de censura. Nós já conhecemos os passos desta estrada.

     Um exemplo que non es lo mismo pero es igual: tem gente que acha que um regador dentro de um cesto de papel é obra-de-arte. Objetivamente, um regador dentro de um cesto de papel não é uma obra-de-arte. Isto é opinião. Ou melhor, palpite. 

     No caso do âncora, ele tem o direito de achar e pensar o que quiser. Mas ele não tem o direito de emitir qualquer opinião, quando está falando para milhões de pessoas, no comando de um jornal de notícias transmitido para todo o país. Botar um freio na boca de falastrões nem sempre é censura; às vezes, é bom senso.

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