Olavo de Carvalho mal começou a mostrar a que veio. É questão de tempo. Se ele ensina - e os devotos aceitam e aplaudem - que o rebaixamento da linguagem ao nível do esgoto é a pedagogia apropriada para elevar o povo 'chulo' à alta cultura, não demora e, quem sabe, a degeneração moral há de ser por ele apontada como o caminho de santidade.
Pelo andar da carruagem, ninguém se espante se, em breve, uma horda de devotos (católicos e cristãos, mães e pais de família, jovens de boa estirpe, estudantes e adolescentes) - sair por aí pregando que orgias são práticas santificadoras para o aperfeiçoamento da alma. O sexo como o caminho da iluminação e divinização. Da iniciação.
Para um (ex?)tariqueiro, isto não é novidade. No texto 'René Girard e a coletividade homicida', Olavo explica que
"Na religião islâmica, há uma série de práticas interiores das ordens místicas, que têm pouco a ver com as obrigações legais e rituais da religião coletiva, mas se destinam a utilizar a substância das paixões mais inferiores, mais violentas, como matéria-prima que, queimada no forno, no altar da prática mística, se converterá em virtude, em conhecimento espiritual, naquele sentido em que é possível dizer, com Sto. Agostinho, que as virtudes são feitas da mesma matéria dos vícios: partindo dos vícios, tomando-se como matéria-prima e queimando-os no forno da meditação e da concentração, o pecado se substitui pela graça." (O negrito é meu)
PS 1:"práticas interiores das ordens místicas"
ordens místicas = tariqas
PS 2: Notar a malandragem de vincular Agostinho de Hipona a um contexto completamente diferente daquele a que o santo se refere. As usual.
http://www.olavodecarvalho.org/textos/girard.htm
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