segunda-feira, 7 de julho de 2014

Farsas do presente

       Eu sou repórter, não sou filósofa nem entendida de profundidades metafísicas. Jornalista é mesmo uma gente estranha, que não tem pudores nem nojinho de meter a mão na sujeira. Outra coisa: repórter de uma fonte só é foca. Eu não posso mais reivindicar o status; sou o que, na linguagem de redação, se chama 'puta velha'. É aquele sujeito que tem muitos anos de janela, já rodado na profissão.

      Alguém acha que eu iria reproduzir denúncias graves baseadas no relato de UMA única pessoa, sem checar com outras 'testemunhas oculares dos fatos', sem refazer os percursos, sem levantar outros indícios e evidências, sem ter outras 'provas documentais' nas mãos? Foca com (quase) 61 anos, com quase 40 anos de profissão? (não existe ex-jornalista, tanto faz estar ou não no mercado de trabalho. O faro não altera. Continuo sabendo, não as respostas certas, mas as perguntas certas. Vício de ofício). 

      Torcer o nariz para certas 'maluquices' é caminho certo para não encontrar a verdade. Ela sempre aparece. A investigação está em curso, e tudo indica que há gato na tuba. Minhas desconfianças não começaram agora, eu só não podia imaginar que as coisas fossem tão longe. 

      Faz sentido para alguém que eu esteja a fuçar a vida alheia? Minhas perguntas nada tem a ver com 'pecadilhos do passado', tem a ver com farsas do presente.

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