domingo, 7 de junho de 2015

Sem dó de ninguém

         Eu não tenho dó de ninguém, nem de negro nem de pobre, naquele diapasão do 'coitadinho', quando o assunto é acesso à universidade ou ao ensino superior. A dívida e indignação tem que ser com aqueles que querem estudar e não conseguem. Quem disse que todo mundo tem que entrar numa faculdade? Ensino superior é para quem quer estudar e para quem pode (no sentido intelectual da possibilidade).
        Ensino superior tem de ser para poucos (eu disse para poucos, não para ricos). Efeito irradiante. O mundo está cheio de moças e rapazes endinheirados e de moças e rapazes pobres que não dão a menor importância ao saber. Qualquer um dos dois que entrar numa universidade pública é dinheiro de quem paga imposto rasgado e jogado no lixo.
       O Estado deve garimpar na escola pública os alunos pobres (brancos, pretos, pardos, japoneses, qualquer um) que querem estudar e dar-lhes condições, bolsas e sustento para isto. E tem que garimpar bons professores e lhes dar recompensa, condições e boas escolas onde lecionar. Com a escola vagabunda que há no Brasil, pública e privada, este demagogismo da 'universidade para todos' e bolsas de Prouni à mancheia só levam ao rebaixamento da já degradada universidade brasileira.
       A universidade ou acaba rebaixando o nível para que o aluno mal formado acompanhe os cursos, ou estes alunos, precariamente educados nas escolas públicas deficientes, acabam por abandonar a universidade por falta de condições de se formar.
      No Brasil, o estudo e o esforço para a obtenção de conhecimento é menos valorizado que a biografia de uma pessoa como Lula, que não é um pobre analfabeto, é só um rico ignorante. Luis Inácio Lula da Silva é santificado pela maioria dos jornalistas e intelectuais porque eles vêem na condenação da ignorância um preconceito contra o povo. Lula acha que ele sabe mais porque leu menos.
      Esta conversa toda em torno da 'democratização do ensino' e da 'universidade para todos', não passa, na minha opinião, de manobras eleitoreiras de um partido que não parece disposto a sair tão cedo do poder.

      Quanto a filho de rico, que vá pagar sua universidade, mesmo que seja universidade pública. Esta tem que atender a quem não tem dinheiro e quer estudar. Quem estudou a vida toda em escolas particulares é porque tem condições de pagar uma faculdade. Elementar.

      No Brasil, a inversão é diabólica: a universidade pública, que é muito concorrida pela 
gratuidade e qualidade (sabemos que nem é tanta assim), acaba beneficiando os filhos da elite econômica (estes cursam o ensino fundamental e médio em boas escolas particulares e fazem cursinhos caros), enquanto os alunos pobres, oriundos da precária escola pública, só conseguem frequentar faculdades particulares pagas, que são geralmente noturnas e de baixa qualidade.    

      A perversidade é dupla: quando não é o próprio aluno que arca com o custo da mensalidade, trabalhando de dia e estudando à noite, é o dinheiro público que, através de PROUNIs, escoam verdadeiros rios para instituições de ensino superior privadas, as famigeradas lojinhas de ensino.

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