Quer saber? Vamos parar de endeusar grafiti. Tem é muita coisa medonha, feiúra explícita, monstruosidade estética. Arte no duro não deve passar de pouco mais de qualquer coisa.
Conheci na sola do pé mais de duzentas cidades da Europa em meados dos anos 80, quando não havia a infestação do grafiti e da pichação. Vi cidades deslumbrantes , maravilhosas, belíssimas. Algumas totalmente acinzentadas. Com mais de mil anos. Alguém jA imaginou a Umbria, a Toscana, a Andaluzia a Baviera 'enriquecidas' pela ação de grafiteiros e pichadores?
Claro que arte é arte na rua e no Prado, mas chega de folclore e ares de superioridade moral para falar e defender o que nem sempre é defensável. A feiúra de São Paulo não é falta de cor, é falta de coragem de todos nós para dar jeito nela.
quarta-feira, 15 de março de 2017
(P)ARTE DA RUA
É da natureza da street art não ser definitiva. Ela tem esta pegada da arte provisória, temporária, ocasional, que reflete o mo(vi)mento da cidade, as reivindicações de suas tribos, protestos, paixões, vibes.
Cada um pode chegar e apagar o que existia ali, pintar por cima, recriar, interferir, além de que um grafiti sofre a degradação e desgaste naturais pelas condições climáticas (mofo, lodo, chuva, poeira etc) e ação humana (pichações, riscos, perfurações).
Não é uma arte permanente, mantida em condições ideais de conservação, como num museu ou galeria. Além de que não se pode imaginar que uma cidade seja inteirinha coberta por desenhos e figuras de um mesmo estilo artístico e padrão gráfico, não sendo poupado um único centímetro, seja de espaço público ou privado. Nem se fosse Michelangelo.
Quem trabalha na área da cultura, em órgãos governamentais, sabe que 'interferir' numa obra de arte pública é crime, não apenas legal, mas cultural. É permitido pichar, fazer grafitis 'criativos' na Catedral de Brasilia, no Memorial de JK, no Teatro Nacional? Vamos liberar as cúpulas do Congresso Nacional para os 'artistas do povo' exprimirem suas idéias, expressarem seus devaneios? Não.
É má-fé acusar João Dória de querer sufocar, oprimir e calar 'o povo'. É obrigação de todo prefeito cuidar da cidade. Marilena Chaui foi Secretaria de Cultura de Luíza Erundina e combateu as pichações, preservando monumentos e espaços públicos. Haddad, o Tranquilão, fez o mesmo. E tinham de fazê-lo.
Claro que nesta ação de preservação e limpeza acabam sendo apagados grafitis de valor artístico, coisas que deveriam permanecer. Mas imagina: a cada desenho encontrado, chama-se o crítico de arte para avaliar se este ou aquele grafiti deve ser mantido ou apagado.
E muro particular, eu tenho o direito de impedir até Michelangelo de pintar nele o Juízo Final (eu fazia o BO, mas como a burocracia é lenta, quando fosse decidido que ele não podia pintar meu muro, o afresco estava pronto. Aí, eu, magnanimamente, deixava lá no muro. E construía uma museu, com o muro dentro).
Cada um pode chegar e apagar o que existia ali, pintar por cima, recriar, interferir, além de que um grafiti sofre a degradação e desgaste naturais pelas condições climáticas (mofo, lodo, chuva, poeira etc) e ação humana (pichações, riscos, perfurações).
Não é uma arte permanente, mantida em condições ideais de conservação, como num museu ou galeria. Além de que não se pode imaginar que uma cidade seja inteirinha coberta por desenhos e figuras de um mesmo estilo artístico e padrão gráfico, não sendo poupado um único centímetro, seja de espaço público ou privado. Nem se fosse Michelangelo.
Quem trabalha na área da cultura, em órgãos governamentais, sabe que 'interferir' numa obra de arte pública é crime, não apenas legal, mas cultural. É permitido pichar, fazer grafitis 'criativos' na Catedral de Brasilia, no Memorial de JK, no Teatro Nacional? Vamos liberar as cúpulas do Congresso Nacional para os 'artistas do povo' exprimirem suas idéias, expressarem seus devaneios? Não.
É má-fé acusar João Dória de querer sufocar, oprimir e calar 'o povo'. É obrigação de todo prefeito cuidar da cidade. Marilena Chaui foi Secretaria de Cultura de Luíza Erundina e combateu as pichações, preservando monumentos e espaços públicos. Haddad, o Tranquilão, fez o mesmo. E tinham de fazê-lo.
Claro que nesta ação de preservação e limpeza acabam sendo apagados grafitis de valor artístico, coisas que deveriam permanecer. Mas imagina: a cada desenho encontrado, chama-se o crítico de arte para avaliar se este ou aquele grafiti deve ser mantido ou apagado.
E muro particular, eu tenho o direito de impedir até Michelangelo de pintar nele o Juízo Final (eu fazia o BO, mas como a burocracia é lenta, quando fosse decidido que ele não podia pintar meu muro, o afresco estava pronto. Aí, eu, magnanimamente, deixava lá no muro. E construía uma museu, com o muro dentro).
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