sábado, 31 de dezembro de 2011

Carniceiros?! Deviam comer alface.

     

     
Começou. Na capa, o Velho comunista descansando ao sol; dentro, a lista de 233 'torturadores', coronel Brilhante Ustra encabeçando. É o Especial Prestes, publicado na primeira edição de 2012 da Revista de História da Biblioteca Nacional, financiada inteiramente com dinheiro público.  http://www.revistadehistoria.com.br/secao/na-rhbn/especial-prestes   
     Vamos ver se eu entendi. Os revolucionários de esquerda acusam a ditadura de, deliberada e sistematicamente, torturar e violar os direitos humanos. Não são abusos - dizem . É método - garantem.
    Os ditadores também reprimem e cerceam a liberdade de expressão, é outra acusação. Engraçado é que os revolucionários alardeiam os desmandos no momento mesmo em que, usando de liberdade de expressão, listam como torturadores 233 militares e civis, com nome, sobrenome, patente e função, sem que, depois, nada lhes aconteça.  Ninguém é torturado, nem por fazer a lista nem por divulgá-la na imprensa. Não é interessante esta ditadura?
 A lista dos 233 'torturadores' foi redigida em 1975, por um grupo de 35 presos políticos, que estavam cumprindo pena nas cadeias. José Genoino era um deles. Alguns jornais na época fizeram um registro do assunto,a lista foi publicada na íntegra, em 1978, no Em Tempo (jornal alternativo infestado de revolucionários de todo tipo e peça fundamental na criação do PT).
       
     Agora, me diz: como é que, no auge do poder, uma ditadura que matava e esfolava, torturava e trucidava, deixa que se publique uma lista desta natureza? Como um regime sangrento, opressivo e assassino permite a circulação de um jornal de comunistas notórios e conhecidos, que publicam uma lista com nome, sobrenome e função de torturadores que servem nos organismo da repressão e nenhum dos responsáveis pela publicação é preso, torturado, trucidado e esfolado? Mas a lista não quer provar precisamente que a repressão é um bando de carniceiros monstruosos que torturavam ouvindo música clássica?! 
     E mais: a lista tinha sido elaborada por presos políticos que estavam cumprindo pena dentro das cadeias, nas mãos dos 'carniceiros'. Ora, era só ir lá, pegar um por um e dar um 'corretivo'. A mera circulação e existência de um jornal como Em Tempo é prova de .... liberdade de expressão! Este deve ser um 'exemplum in contrarium' de que fala o professor Olavo de Carvalho.






Especial Prestes

O acervo pessoal de Luiz Carlos Prestes, que será doado por sua viúva, Maria Prestes, ao Arquivo Nacional, traz entre cartas trocadas com os filhos e a esposa, fotografias e documentos que mostram diferentes momentos da história política do Brasil



  •  Os donos do chumbo: veja a lista de 1975 com os nomes de 233 torturadores, conforme consta no relatório da IV Reunião Anual do Comitê de Solidariedade aos Revolucionários do Brasil encontrado no acervo pessoal de Luiz Carlos Prestes


  •  A viúva Maria Prestes conta as histórias de uma vida digna de roteiro de cinema, que inclui prisão, fuga, clandestinidade e, claro, amor

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A República da Acerola

"Roberto,
     venceste. O teu relato ecomaterialista dialético de viés marxista-ornitológico é irrespondível. Gelei quando li A República da Acerola.
     Eu acuso o golpe e confesso: me rendo. O que dizer a um homem que quando olha colibris enxerga no comportamento natural de simples avezinhas a analogia com a forma medonha do egoísmo humano? Como alguém pode transferir para a natureza a face repulsiva da opressão e da exploração do homem pelo homem? O que leva um autodenominado "professor universitário, psicólogo, pedagogo e escritor" a se referir a um grupo de prosaicos passarinhos como 
'posseiros', 'latifundiários',   'opressores', 'capatazes' e 'paus-mandados" 
e ver na disputa por um pouco d'água entre pássaros a 'organização dos pequenos' , 'o pesadelo dos grandes', o 'conflito', e outros conceitos que ficariam melhor em panfletos esquerdistas de inimigos da riqueza do que em compêndios de sociologia ou em páginas líricas da literatura?
    E os entretítulos? O que é aquilo?! "A gênese do poder, A imposição do poder, A incapacidade de organização, Da incapacidade de leitura da realidade, As mudanças geradas pela opressão, A outra república"! Meu Deus! 
De onde tu tiraste os fundamentos para as tuas observações do mundo, animal?
 Fico imaginando, Roberto, como tu deves ver a "elite". O que alguém que consegue ver tanta maldade em inofensivos passarinhos sente quando vê um homem rico, de carne e osso? Que sentimentos te despertam um fazendeiro, um empresário ou comerciante, destes que arriscam  dinheiro na livre-iniciativa, produzindo, gerando empregos e concorrendo no mercado? 
Ou, por acaso, tu pensas que não existe risco no capitalismo e que ninguém perde dinheiro? Para ti, o que estes homens são?
 Proudhon acha que toda propriedade é um roubo, tu também? Tens algum respeito pela propriedade privada, incluindo a tua? Ou, no poder, tu farias degolar todos os capitalistas, qualquer um, um a um? Ora, afinal são apenas homens maus da "elite que quer se perpetuar no poder e continuar exibindo o seu poder absoluto."
    Para recordar: Lurian, a filha de Lula, viveu em Paris na casa do casal Luis Favre (ex-marido de Marta Suplicy) e Marília Andrade, filha do empreiteiro Sérgio Andrade, dono da Andrade Gutierrez. Tu sabes, só se confia a própria filha a gente muito amiga.
    Eu sei que tu deves ser leitor profundo do marxismo, mas não custa relembrar o que diz um dos mais insistentes críticos de Marx, o também marxista Robert Kurz, no livro " O Colapso da Modernização - da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial".
     "Marx nunca deixou  de ver o lado positivo, progressista, emancipatório da concorrência, chamando-o de 'missão civilizatória do capital'. Joseph Shumpeter nota, com certa surpresa, que a despeito de sua crítica aos fundamentos do capital -  e a despeito de declarar a sua sentença de morte-, Marx teria, ao fim e ao cabo, oferecido uma "descrição que, por pouco, não chega a enaltecer as conquistas do capitalismo". Na verdade, a crítica da economia política de Marx somente tem em conta a ambigüidade da dinâmica capitalista".
    Tu vês, são marxistas falando de Marx e do capitalismo. Lembra-te: na igualitária e socialista Cuba tu não poderias ter um computador. Não porque ninguém tem, mas porque o Estado diz que tu não podes ter. Fidel Castro sabe que a Internet é armamento pesado na luta pela liberdade de expressão e livre discussão de idéias.
     Para mim, socialismo e comunismo são um mal intrínseco. Basta ver a pilha de cadáveres que estas utopias produziram em menos de 100 anos, a partir da Revolução Russa: fala-se em até 75 milhões na China, mais de 30 milhões na URSS, 2 a 3 milhões no Cambodja, 100 mil em Cuba e vai por aí. 

     O comunismo matou mais do que todas as tiranias e guerras que a humanidade viu em dez mil anos de civilização. Quanto ao capitalismo, com todos as imperfeições, ainda é melhor que a matança e a miséria que o comunismo produz.
     O "mercado" é invenção humana milenar, desde que 
o homem existe ele troca coisas. Para que criar "algo novo que nunca existiu", a tal economia estatal planificada, como queria Marx? Tem mais: 'paraíso na terra' é conversa de comunista. 
      Para mim (sou católica), 'terra sem males', 'sociedade sem classes',ou 'mundo de igualdade onde corre o leite e o mel', é heresia, 'milenarismo', a Igreja Católica condena. Paraíso teve um, lá no início. O homem não quis, preferiu o conselho da serpente, ser Deus. Paraíso de novo, só na eternidade. 
    Roberto, tu és um homem perigoso. Tremo só de pensar o que tu "aprendes" observando a sociedade dos seres humanos. Sem querer, na apresentação daquele relato sensível tu te traiste e escreveste "aprendo também como os animais". Quem sou eu para discordar.
    Querendo ser original, tu mostras que não entendes nem de biologia nem de marxismo. Marx não admite fundamento ontólogico nem tampouco determinismo biológico para - digamos assim - a maldade humana. As relações são sociais. A exploração surge, no modo de produção capitalista, das contradições entre as relações de produção, os meios de produção e a força de trabalho. Para o marxismo, o homem não é, o homem faz.
    Tu certamente vais argumentar que escreveste a República da Acerola como analogia, só para comparar. O absurdo é comparar, o perigo é equiparar. É assim que tudo começa.
    Ou acaba. Afinal, equiparar homens a bichos é um dos modismos do mundo atual. Esta é a tese defendida, com sucesso, por animais como o australiano Peter Singer. Ele afirma que considerar o homem superior às outras espécies equivale a uma raça se considerar superior a outra. Daí, o especismo (uma espécie de racismo), que ele combate.
    O que Singer não diz é que ratos, gatos ou mesmo graciosos beija-flores e vivis não são pessoas.  Pessoa é substância individual de natureza racional, na definição de Boécio. O Aurélio define assim: ser ao qual se atribuem direitos e obrigações.
     No reino animal, só o homem é pessoa. Ele é o único animal que possui razão e vontade. Com a razão, ele conhece a realidade. Com a vontade, ele escolhe o certo e o errado. Por isto, o homem é o único ser que é livre.
     Tu escreveste: "Os outros passarinhos viviam privados do alimento, mas tinham a liberdade de escolha" (sic). E mais: 'eles ainda não têm domínio da sabedoria do bem comum" e "eles ainda não descobriram que a organização dos pequenos é o pesadelo dos grandes". O que isto quer dizer?  Você acredita que eles ainda terão e ainda descobrirão? Vão evoluir?


       Vê: tu dizes que sou eu a pessoa amarga. Cá prá nós, se a alternativa for a bondade e sensibilidade que tu demonstraste ao observar e aprender com um punhados de vivis e beija-flores, que Deus preserve e aumente a minha amargura.


    Que Ele te ilumine.
    Amém.


Mírian 


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      A república da acerola
               Roberto Ribeiro de Andrade

                                   
                                                     O beija-flor posseiro

Resolvi criar alguns passarinhos, soltos, a minha janela, para o descanso da tela do computador. Deu certo.
Coloquei um bebedouro com água doce e poucos dias depois, o alpendre, onde pendurei o alimento, estava sendo visitado. Um dia contei: 8 Beija-flores e 4 Vivis. O pé de acerola plantado na calçada, é o pouso da passarinhada que fica por ali entre uma e outra bicada.

A gênese do poder
Os Vivis, uns passarinhos pequenos parecidos com canários, com um  vivinar sem graça, tiveram uma fase de aprendizagem: Tentavam fazer como os Beija-flores parados no ar se alimentando. Não deu certo. Perceberam que, a vocação deles era outra. Não podiam agir como se fossem outro bicho, e descobriram que, se prendendo com as unhas nas flores artificiais, de onde se retira o líquido,  podiam sugar a água doce sem dificuldade.

Percebi que, aqueles bichinhos tinham muito a me ensinar, e passei a observá-los com mais atenção.
Como meu computador deu pane fiquei alguns dias sem observar pela janela, e na volta notei que a quantidade de passarinhos tinha diminuído. Constatei também que, o consumo da água era menor. Fiquei preocupado, pois sabia que, se a água com açúcar fermentasse com o calor, poderia provocar a morte daqueles bichinhos. Fui surpreendido, no entanto com nova descoberta: Naqueles poucos dias de ausência havia se estabelecido uma correlação de poder que, mudara toda a vida dos passarinhos. Um Beija-flor resolvera se apropriar do bebedouro. Não permitia o uso do alimento para aqueles pássaros que não lhe conviesse.

A imposição do poder
O pé de acerola havia se transformado em um assentamento dos “sem água doce”. Os Vivis ficam no pé de acerola esperando que o “Beija-flor-vigia” se ausente para invadir o bebedouro. Aquele que se aventura a tomar água na presença do “Beija-flor-latifundiário” é perseguido sem piedade. Os outros Vivis ficam parados sem ação.
Fiquei a me perguntar o porquê daquele comportamento de posse, já que o líquido era farto e a disposição de todos. Coloquei dois bebedouros para resolver o conflito. Nada. O “Beija-flor-posseiro” passou a vigiar os dois bebedouros. Aquele Beija-flor que adornou o espaço sofria (penso eu) permanecendo pregado no galho do sabugueiro o dia todo, na privação do que podia fazer. Os outros passarinhos viviam privados do alimento, mas tinham a liberdade de escolha. Toda a bicharada perdia, no entanto, desnecessariamente.

A incapacidade de organização

O “Beija-flor-proprietário” era mais bicudo e linguarudo que todos os outros, e muitas vezes perseguia também um ou outro  de sua espécie, mas o impedimento rigoroso era com os Vivis, salvo se eles se tornassem Beija-flores, ou seja, bebessem o líquido parados no ar em torno da flor de plástico. Alguns tentavam, mas quem nasce vivi nunca poderá ser Beija-flor.
Essa coisa de um fazer o jogo do outro só para receber vantagens, nunca deu certo.
Algumas vezes eu contava até quatro Vivis no pé de acerola. Imaginava que mesmo o Beija-flor sendo mais rápido, mais bicudo e mais linguarudo, os 4 bichinhos juntos poderiam ter vantagens: Enquanto uns se ocupavam do “Beija–flor-dono” os outros podiam tomar água. Depois revezariam os papéis.
Eles ainda não descobriram que, a organização dos pequenos, é o pesadelo dos grandes.

Da  incapacidade de leitura da realidade
Eles  ainda não têm domínio da sabedoria do bem comum. Pior, muitas vezes um Vivi perseguia outro Vivi, para impedir que tomasse água quando o “Beija-flor-proprietário” estava ausente, como se quisesse assumir o papel do latifundiário ausente, ou quisesse agradá-lo para merecer alguma vantagem, assim como fazem os capatazes, os paus-mandados, etc.
Daqui, do outro lado da janela, tão perto e tão distante, fico a refletir uma frase que todos nós já ouvimos: “Se eu fosse ele (o Vivi) eu faria...”, mas cada um faz o que pode e o que sabe.
Quando a gente está de longe, observando, sem o peso das circunstâncias, conhecendo parcialmente o processo, tendo o tempo e sabedoria aparente a disposição é muito fácil, o difícil mesmo é mudar apenas com as ferramentas que dispomos.

As mudanças geradas pela opressão
Tenho percebido que, ultimamente, depois que o beija-flor latifundiário passou a perseguir, os passarinhos da sua espécie, o número de beija-flores diminuiu. De vivis também. Apenas dois beija-flores persistem: um grande, do tamanho do “posseiro” e outro menor. Bem menor: tem uma cor azulada brilhante. De quando em vez ele visita a sala onde trabalho
Observei, com muita surpresa uma ação  do beija-flor pequeno: algumas vezes ele  se agarra na flor de plástico, com as unhas, como fazem os vivi, para beber.  Naturalmente não tenho uma resposta  pronta para o fato, mas se fizer uma leitura sobre o que acontece conosco teremos vários exemplos de pessoas que mudam de atitudes, naturais, diante de uma situação difícil ou constrangedora. Escolhemos, nos encolher, nos esconder ou  nos organizar com outros que sofrem da mesma imposição.
Atualmente,  o beija-flor pequeno   e ousa simultaneamente o mesmo bebedouro.


A outra república
Lembro-me do companheiro Lula, caindo no descrédito de tanta gente: não tem diploma universitário e coisas parecidas.  Sei que uma reação da elite que, está sendo ameaçada  de perpetuar no poder. Esse fato já se repetiu outras vocês, na Historia.
 Os Vivis  desorganizados,  continuam com muita dificuldade de se alimentarem, devido ao poder instituído da ave opressora. Isso  é trunfo do “Beija-flor-latifundiário.
A água continua farta. O “Beija-flor-latifundiário” é apenas um e continua exibindo seu poder absoluto  Nunca conseguirá entender que, nenhuma ave pode ser dona da fonte que pode alimentar a todos,”. mas essa ave têm o cérebro menor que um caroço de azeitona!...
http://www.coisasdepoeta.kit.net/coisasdepoeta/intro.htm




sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Betto, o amigo de Lulla

    Considerar Frei Betto um religioso acima de qualquer suspeita é ignorância ou má-fé. Ele, do ponto de vista da Igreja Católica, é um herege e excomungado, que aprova aborto e homossexualismo e declara-se socialista, ideologia incompatível com os ensinamentos do cristianismo. (Deus é o inimigo pessoal da sociedade comunista.” escreveu Vladimir Lênin,  em carta a Gorki). Além disto, Frei Betto é cúmplice de assassinos como Fidel Castro e Carlos Marighela. 
    O Manual do Guerrilheiro Urbano, que Marighela escreveu, orienta o militante a praticar o terror como arma revolucionária, admitindo até mesmo a colocação de bombas em hospitais. 
    A ALN, organização fundada por Marighela, era o ninho de cobras onde os dominicanos (Frei Betto pertenceu à ordem) se instalaram para ajudar a implantar uma ditadura comunista no Brasil.     
      Ouvir esta lorota de fé e justiça saindo da boca deste Frei Betto não vale nem como piada. Admira que um artista talentoso como Arrigo Barnabé, em seu programa Supertônica, na Rádio Cultura,  se preste a incensar um vigarista da laia do falso religioso. 
    'Ta dominado, 'tá tudo dominado. A esquerdopatia dominou a cultura brasileira.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Terrorismo do bem

Primor de cinismo: Quartim de Morais 'prova' que o terrorismo

dele é bom.

"IMPÉRIO, GUERRA E TERROR . (A moral deles e a nossa").


http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/Quartim.pdf

Só faltava

      Cristão e comunista?! Até nisto, comunista é safado. Esta gente sabe que não dá para conciliar o materialismo ateu, em que as condições econômicas é que determinam a vida, com a transcendência, a eternidade, a encarnação de Deus na terra, na pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Juízo Final. Mentirosos!

http://bit.ly/uqTPid

Vovó Metralha

A TV Cultura também descobriu o filão: a defesa e glorificação desta comunalha asquerosa (eu já fui um deles, sei do que falo). Carlos Marighela, o poético e terno companheiro de Clara Charf, esta doce e meiga vovozinha, escreveu um Manual do Guerrilheiro Urbano em que defende abertamente o 'terrorismo revolucionário'. Quem acredita que Clara defende a liberdade e os nobres ideais de justiça, deve primeiro ler o que seu marido, o terrorista Carlos Marighela, escreveu aqui: http://www.marxists.org/portugues/marighella/1969/manual/index.htm

http://bit.ly/sTShWq

Abre a mente, mata a alma

     A sombra de Syd Barrett vai pairar para sempre monstruosa sobre Pink Floyd. Todos sabem que o caminho 'psicodélico' que levou a banda aos píncaros foi, primeiro, uma degradação da sofisticação musical e poética dos tempos de Syd; em segundo lugar, foi o que matou o gênio e apagou a sua luz.
     Eram tempos do 'acadêmico' do LSD, Timothy Leary, que ensinava o mantra que acabou por transformar Syd Barrtet num morto-vivo do olhar perdido e um buraco no lugar da alma: Turn on, tune in and drop out", ('ligue-se, sintonize-se e caia fora'. Ou 'desperte sua mente, sintonize-se com seu interior e abandone conceitos pré-estabelecidos, expanda sua mente).  

    Na apresentação nos EUA, o olhar de Syd já diz tudo. O diabo é que Syd demorou a morrer: em 2006.


http://www.youtube.com/watch?v=6MMMN0VZmYw&feature=youtu.be

Sem cachê

       Por que ninguém fala deste vídeo, em que Elba Ramalho diz que Ministro da Cultura ameaçou não pagar seu cachê e Ongs feministas a xingaram por que ela é contra o aborto e voltou a ser católica? 
Covardes.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=OHbbX_p4CeE

À-toa

       Ateu não percebe a precariedade de sua lógica. Para Deus aparecer e mostrar que Ele existe, quem O visse teria que estar fora Dele. Deus 
seria um objeto passível de ser conhecido pelo sujeito, no caso, um de nós. 
      Ora, não pode existir NADA fora de Deus, senão Ele não é Deus. 
Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente. Se não for, esquece.

Pelo nome

            Ora, todos sabemos que 'narcotraficantes colombianos' e 'comércio de cocaína na América do Sul' atendem pelo nome de FARC's.
.
http://bit.ly/t11wYE

Se eu puder falar com Deus

     O que será que Christopher Hitchens está falando com Deus?
 
     - Aí, eu 'si' enganei, foi mal. 

*Morreu hoje (16/12/2011) Christopher Hitchens, autor de 'Deus não é grande'.
Escritor e jornalista britânico foi vítima de um câncer no esôfago.
Nos EUA desde 1981, ele morreu em Houston.

Mundo cão

  A celerada mental que bateu no yorkshire até matar é monstruosa, mas aposto que grande parte dos indignados com a maldade da besta é abortista. Incendeiam o mundo em protesto pela morte de um animal, enquanto invadem as ruas e as redes sociais defendendo o direito humano da mulher assassinar o próprio filho. 

Silêncio ensurdecedor

 Foi o que se (ou)viu quando o livro "O Chefe", de Ivo Patarra foi lançado. Agora, os merdinhas estão todos assanhados, divulgando o livro do deliqüente (mesmo!) Amaury Ribeiro. Vão se catar!
http://www.midiasemmascara.org/artigos/entrevistas/10942-entrevista-com-ivo-patarra-autor-de-qo-chefeq.html#.TuuXRvTy6zw.facebook

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Patacoadas

    Quando eu fui presa em junho de 73, eu tinha vários exemplares do jornal A Classe Operária (do PC do B) em meu poder. É só abrir e ler para comprovar que era patacoada dizer que lutávamos por democracia. O objetivo era "a liquidação da propriedade privada e das classes exploradoras, o estabelecimento de relações de produção socialista e a ação para extirpar todos os privilégio para a efetiva igualdade de direitos".

* http://grabois.org.br/portal/cdm/revistas.capa.php?id_sessao=51

    Em junho de 1973, 'A Classe Operária' (n.74) saudava o VII Congresso das Mulheres Albanesas: " A Albânia Socialista revelará mais uma vez às massas exploradas de todos os continentes sua face luminosa, a vitalidade de seu regime, o esplendor de sua perspectiva comunista. Continuaremos a inspirar-nos em seus exemplos para livrar nosso país da opressão e conquistar o direito de construir, como na Albânia, uma vida bela e feliz".

* http://bit.ly/tFahvj

A volta para Casa

      Criei coragem e vou contar como foi a minha volta para a Casa do Pai, depois de quase quarenta anos distante de Deus. Na verdade, eu já tinha pensado em escrever relatando a minha conversão. Depois, desisti. Achei acesso - ou excesso - de vaidade, jornalista gosta de contar a história dos outros. Mas ao ler outros relatos, comoventes, considerei avareza não repartir a minha história.

    Peço generosidade e compreensão pelo meu desajeito no trato dos assuntos de Deus. Tantos anos sem rezar fez com que o coração desaprendesse a delicadeza e a reverência necessárias quando falamos das coisas "do alto". O cérebro, então, mais frio e prático, só vai aprender a ser doce com o tempo.


    Mas não posso falar mal da razão: foi também ela que devolveu-me à fé. Eu sou assim, preciso compreender, sem lacunas, "redondo", como se diz no jargão jornalístico. Só seduzem-me e convencem as grandes elaborações, os pensamentos sofisticados. O Mestre ordenou: "Ide e ensinai". Eu confesso: sou aprendiz.

    Comecei a fugir da Igreja, devagarinho, quando tinha 14 ou 15 anos. Em casa, meu pai, afastado da Igreja, nada falou. Minha mãe, católica praticante, não gostou, mas não admoestou; depois, se conformou. Menina inteligente, estudiosa, longe de ser rebelde sem causa, cometi esta rebeldia porque era moderno. No final dos anos 60 e início dos 70, o mundo estava de cabeça para baixo. 
    
    Eu morava em Brasília, e de lá assisti a guerra do Vietnã, festival de Woodstock, maio de 68 na França, morte de Guevara, Beatles, AI-5, primavera de Praga, Tropicália, festivais. Neste admirável mundo novo, soava velha esta história de Deus e pecado. Religião só se fosse a de Dom Hélder Câmara. Abaixo as carolas marchadeiras!

    Em 72, eu passei no vestibular para jornalismo na Universidade de Brasília; em julho daquele mesmo ano, saí de casa para morar numa república de estudantes. O ambiente da universidade era muito politizado, éramos todos comunistas. Tanto é que, em junho de 73, passei 11 dias no DOI-CODI, entre capuz na cabeça, interrogatórios intermináveis, ameaça (não consumada) de choque elétrico, muito medo e pouco heroísmo. 
    
    Quando saí, como boa comunista, menti e exagerei, recheando o relato da experiência com palavras fortes - 'gritos assombrosos', 'noites aterrorizantes', 'tortura desumana'. Tudo lorota.

     Depois que saí da cana é que eu soube o que eu era e onde eu estava metida: era militante e integrava uma célula da Ação Popular Marxista-Leninista do PC do B, linha maoísta, o mesmo pessoal que fazia a Guerrilha do Araguaia, a turma de José Genoíno e de Honestino Guimarães, da UNE. 
     
     Eu tinha quase 20 anos e já estava incumbida de trabalho de aliciamento e conscientização em áreas operárias na periferia de Brasília. Faltou pouco para eu 'cair' fazendo um trabalho deste. As pessoas que me aliciaram e dirigiam a célula a que eu pertencia eram 'putas velhas', como jornalistas se referem aos mais velhos e experientes da profissão. Eles sabiam que eu era 'inocente útil', que eu não tinha a menor idéia do perigo que corria. Ormai, ero carne bruciata.
     
     Naquela época, Marx explicava tudo: as razões da opressão e o caminho para a libertação. E lá ia eu, vigiada pelos "ômi", assistir às palestras de Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomás Balduíno. A religião era o ópio do povo, mas aqueles eram padres dos bons. Não porque eram padres, mas porque eram comunistas, graças a Deus!

    Mas nem só de pão vive o homem. Eu queria também Paz e Amor. Amor livre, claro. Para libertar nossos corpos e nossas mentes, a fórmula era conhecida: sexo, droga, rock'n roll e outros ritmos musicais alternados ou simultâneos.

    Tínhamos quase tudo: o som, o fuzil e a maconha. Mas faltava o algo mais, a espiritualidade. E, assim, num fiat lux cósmico, o raio da Nova Era iluminou a nossa existência. E foi um sem-fim de yin, yang, ioga, prana, sutra, maia e karma.


    O cardápio podia variar, mas era sempre uma combinação de certos ingredientes: um prato de arroz integral com gergelim, um baseado, sair para dançar, ir para cama com mais um ou qualquer um e cumprir o dever revolucionário de derrubar o governo.

    Quando me senti no fundo do poço e tudo ia mal - trabalho, convivência com a família, saúde etc  - eu disse 'basta, vou mudar'. Mudei. Parei de beber, de fazer sexo, recolhi-me. Mas, no lugar de voltar para Deus, fui para o analista. Da parte espiritual cuidava a macrobiótica, a que me submeti rigorosamente por sete anos. 
    
    A macrô era suficiente para dar-me Discernimento Superior e harmonizar-me com a Ordem da Natureza e ainda trazia a vantagem de reforçar a análise dialética e materialista da realidade: afinal yin-yang podia ser traduzido como capital-trabalho ou burguesia-proletariado. Perfeito!

    Eu estava com 27 anos quando, no carnaval de 1981, reencontrei em São Paulo um jovem engenheiro paulista (ex-católico, como eu) com quem eu tinha tido um "flerte" tempos antes. Neste reencontro, nós decidimos, em cinco dias, nos casar, completamente apaixonados. Transferí-me de Brasília para São Paulo e passamos a viver juntos. Sem papel e sem padre. Era um casamento moderno, baseado no princípio do prazer e na superação de resquícios da moral pequeno-burguesa.

    Como natureba, meu método de controle de natalidade era tabela e período de fertilidade. Falhou, claro, porque o desejo era maior que a preocupação com uma possível gravidez. Para mim, gravidez recente
 se resumia a um conjunto de células indiferenciadas, sem consciência ou personalidade. A ciência nos garantia isto.

     E mais: aquela não era a hora de ser mãe, eu achava que nosso relacionamento estava começando e nós podíamos ainda nos divertir muito antes de pensar em filhos. E, afinal, eu era dona do meu corpo e 'nossos corpos nos pertenciam', era o lema da liber(t)ação feminista. E foi com esta mesma forma de encarar os fatos que eu resolvi a minha segunda gravidez (que Deus me perdoe)
    
    Na terceira gravidez, resolvemos assumir e nos casamos, só no civil. Quando meu filho nasceu, troquei as laudas pelas fraldas. Para cuidar dele, larguei uma glamurosa e promissora carreira de jornalista que eu havia retomado em São Paulo com brilhantismo, depois de ter saído daquele fundo de poço e me casado. 
    
    Mas Deus continuava fora. Tanto é que não batizei meu filho. A mesma decisão foi mantida com as minhas duas filhas. Diante da insistência da minha mãe, pedi que ela mesma os batizasse. Quando tinha quatro anos, meu filho me perguntou quem era Deus. Respondi-lhe: "É o chefe do Bem".
    

    Eu penso que acabei de certa maneira criando meus filhos no espírito de que falou João Paulo II. Eu não acreditava em Deus mas vivia (quase) como se Ele existisse. Só que, em vez de religião, ética. 
    
    A crítica era à Igreja, e a visão era marxista: "ópio do povo, instrumento de opressão das classes favorecidas, ideologia mantenedora dos privilégios de classe, aliada do capital na escravização do povo" e outros blá blá blás.

    Como me distanciei da Igreja ainda adolescente, fui aos poucos desaprendendo o que sabia da vida de Jesus Cristo e da doutrina da Igreja Católica. A ponte mais próxima com a religião era a minha mãe, mas eu não encontrava nela qualquer desafio às minhas heresias e incredulidades. 

    
    (Apesar de crer incondicionalmente, minha mãe não se interessa muito em conhecer mais profundamente a doutrina cristã, diz que a Seicho-no-iê a tornou melhor católica, gosta da Igreja "alegre e moderna" e das 'missas cheias de graça' e acha que padre pop star presta serviço a Deus).

    E para meu azar,  a religião desandou numa breguice só quando neo-evangélicos, adeptos da Teologia da Prosperidade, infestaram o mundo e a televisão com aquela enxurrada de gente dando testemunho de que tinha aceitado Jesus no coração. Onde quer que eu pusesse os olhos, lá estavam as frases "Cristo salva", "Deus é fiel" e "Jesus te ama".

    O pior é que Igreja Católica, que sempre foi um reduto de decência, achou de se modernizar com o surgimento da Renovação Carismática e começou a trocar os slogans revolucionários da Teologia da Libertação - do prisioneiro político Jesus de Nazaré dos freis Boffs e  Bettos - pelos apelos do "Deus é 10 e o CD é 15".

    Quanto ao Papa Woytila, eu valorizava a sua ação política em favor dos pobres, mas achava-o retrógrado e cheio de moralismos antigos, principalmente nas questões sexuais. Já que a religião andava assim, eu preferia continuar sem transcendências, mas -  pelo menos - com um pouco de elegância e sofisticação intelectuais.

    E logo descobri o que havia de mais avançado no pensamento de esquerda no mundo: o grupo marxista alemão Krisis, liderado pelo ensaísta Robert Kurz. Este grupo, herdeiro da Escola de Frankfurt e adepto da Teoria Crítica, fundamenta a sua análise nos conceitos de forma-mercadoria e trabalho abstrato. 
    
    O pulo do gato, entretanto, era outro: ao fazer a crítica radical do sistema mundial produtor de mercadorias, Kurz e seus discípulos conseguiram realizar um verdadeiro milagre: provar que Marx estava errado e certo ao mesmo tempo!  
    
    Segundo Krisis, já não era a luta de classes que movia a História, como pregava o Marx jovem, mas as relações fetichistas, como concluía o Marx velho. Isto é que era revolução. Marx está morto, viva Marx!

    Os novos críticos apontavam o defeito iluminista de Marx em crer que a Razão faria surgir o Homem Novo. Em vez disso, o homem se tornara cada vez mais alienado, egoísta e violento, mesmo quando melhoravam as condições materiais objetivas de sua existência. Estavam aí os Estados Unidos que não os deixavam mentir.  
    
    Logo - concluíam os marxistas anti-marxistas - a solução dos problemas da humanidade teria de passar pela superação do próprio Iluminismo e sua racionalidade; de fato, o capitalismo é a mais exemplar expressão da racionalidade, o que mais se fala no capitalismo é de racionalização.

    A saída: mudar a Razão Pura em Razão Sensível, seja lá o que isto for. Como fazer a mudança, o grupo Krisis até hoje não descobriu. Ou seja: ninguém sabe.

     O meu desencanto com o marxismo foi acontecendo naturalmente. Um dia, lendo um texto do filósofo, historiador e cientista político alemão radicado nos Estados Unidos, Eric Voegelin, convenci-me de que o marxismo carecia completamente de fundamentação filosófica que o sustentasse. 


    Esta certeza se consolidou com a leitura de análises sobre a obra de Marx, principalmente a Teoria da Mais-Valia, feitas pelo economista austríaco e Ministro das Finanças, Eugen Bohm-Bawerk, no final do sec. XIX.
   

    Depois, era só ver em que tinha dado o tal do "mundo comunista". Sempre me martelava na cabeça a observação do jornalista Paulo Francis de que a Revolução Russa não podia mesmo ter dado certo. Afinal, tinha começado matando crianças - os filhos do Czar Nicolai.   

     Engraçado é que nada me fazia imaginar que eu já estava trilhando o caminho de volta a Deus. Certo dia, me caiu nas mãos um livro de um "erudito" judeu, chamado Zecharia Sitchin, que se apresentava como expert em arqueologia, História e línguas antigas (hebraico, sumério, acádio etc). Ele afirmava que as tábuas de argila encontradas na Mesopotâmia, há seis mil anos, não eram mitos, mas relatos factuais da vinda de extraterrestres de um planeta de nome Nibiru.

    Estes ETs, chamados de anunakis pelos sumérios, eram os Nefilim da Bíblia. A tradução de "caídos" era errônea: Nefilim queria dizer "os que desceram do Céu para a Terra" ou, mais precisamente, "os homens dos foguetes ou das naves espaciais". Eles teriam colonizado a Terra há 500 mil  anos, criado o Homem por manipulação genética. 
    
    A palavra Elohim, escrita no plural no Gênesis, provava que Deus eram "deuses. Estes, depois de criarem o homem pela fecundação de um óvulo de mulher-macaco e o sêmem de um "deus" anunaki, deram a civilização à raça humana. Voltariam nos próximos anos, completando mais uma órbita de 3600 anos em volta do Sol.

    A teoria era absolutamente ousada e desconcertante. Sitchin sugeria que uma Onipotência Universal poderia até existir, mas os que vieram à Terra foram chamados Deus e Anjos equivocadamente. Quem falou a Abraão e a Moisés foram estes viajantes de naves espaciais vindos de Nibiru. 
    
    Eu pensava comigo: 'então, eu posso estar certa e a religião errada; o que nós chamamos de Deus pode ser apenas um extraterrestre'. Resumindo: não havia nem metafísica nem transcendência.

    Não que histórias de ETs me arrebatassem, mas - caramba - eu também tinha lido o livro "Eram os Deuses Astronautas" na adolescência! As evidências intrigantes, as "qualificações" do autor - que incluíam até a de consultor da Nasa - e as numerosas citações de fontes acadêmicas reconhecidas (Samuel Noah Kramer, para citar só um) acabaram  levando-me a ler todos os livros de Sitchin, além de muitos outros sobre pré-história, Mesopotâmia, sumérios, babilônios, assírios, caldeus, egípcios, mitologia grega e hindu, religiões antigas etc etc.
    

    Aproveitei esta história de ET e anunaki para ler ainda, sem qualquer critério, tudo o que encontrei na Internet sobre ufologia, esoterismo, Fraternidade Branca, espiritismo, religiões orientais, calendário maia, teosofia e um sem-fim de assuntos místicos e esotéricos.

    Não foi difícil, com o volume de informação que reuni, refutar completamente a teoria maluca dos anunakis. Não tinha sido, afinal, perda de tempo, pois aprendi muito. E mais: trechos do Antigo Testamento, citados por Sitchin, começaram a me fazer pensar. Eu jamais tinha lido a Bíblia e passei a me interessar e ler sobre assunto.

    Foi, então, que um amigo emprestou-me um livro de Rudolf Steiner, de quem eu sabia apenas que era o criador das escolas Waldorf e da Antroposofia. Lembro-me que, à época, o Papa João Paulo II já estava muito doente e falava-se abertamente que ele não duraria muito. 
    
    Eu, de minha parte, mantinha o espírito crítico de velha marxista e teimava em ver a Igreja e o Papa sob o ângulo político, apontando o interesse da instituição em tirar proveito daquele martírio, transformando-o num espetáculo midiático.

    Como eu nunca tinha lido qualquer livro de Antroposofia, estranhei a observação deste amigo de que, para Steiner, o caminho era o Cristo. Era verdade, o autor mostrava Jesus Cristo como a maior dimensão de amor que se podia imaginar.


    Steiner considerava o Cristo como alguém absolutamente fundamental para a evolução espiritual do homem, o próprio Deus encarnado. Espantava-me a minha igorância sobre este Ser tão inigualável e me perguntava como é que eu nada sabia sobre Ele. E fui devorando os livros de Steiner.

     Para explicar a encarnação de Jesus Cristo, Steiner monta uma sofisticadíssima teoria que remonta à Atlântida, passa por Zaratustra, faz conexão com Hermes no Egito, engloba Moisés, Abrãao, essênios, budismo, Krishna , dois Jesus, duas Marias, dois Josés até chegar ao Mistério do Gólgota. De quebra, faz uma leitura dos Evangelhos como o mais puro e pedagógico manual de iniciação. 
    
     Ou seja: a Palavra de Deus não é mais que sabedoria oculta. Miraculosamente, cada palavra dos Evangelhos corresponde a um símbolo com significado na escrita esotérica e na sabedoria dos mistérios. Para entender Steiner, comprei a Bíblia de Jerusalém e, pela primeira vez, li os quatro Evangelhos e o Apocalipse. Steiner escreveu um livro intitulado O Quinto Evangelho (sic).

    Mesmo sendo muito fabuloso e surpreendente, Steiner parecia consistente, lógico, sofisticado e verdadeiro. Cheguei até a pensar - na minha ignorância e que Deus me perdoe - que a Igreja Católica sabia de tudo, mas não o podia revelar, pois ainda não tinha chegado a hora, o homem ainda precisaria evoluir mais para compreender esta nova revelaçao.

    De repente, me deu um estalo e eu pensei: cè qualcosa que non va. É que, para Steiner, Cristo é Deus mas também é uma entidade, um guia da evolução do homem; e Sua passagem pela Terra O teria ajudado a evoluir. Aí, eu achei demais: "Evolução, cara-pálida? Mas Ele é Deus! E Deus evolui?!"

     É claro que não foi só a minha 'exuberante e prodigiosa' capacidade intelectual que me fez compreender quem era verdadeiramente Jesus Cristo. Foi o coração que compreendeu, foi o Espírito Santo que agiu. Santo Agostinho, repetindo o salmista, escreveu " Com certeza, louvarão o Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram".

    Quando ficou claro para mim que Steiner era uma grande bazófia, lembrei-me do Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, que dizia ser a linguagem uma fonte de mal-entendidos. E é verdade. Muito do que nos confunde nestes livros esotéricos são as expressões "mundos espirituais", "esferas superiores", "dimensões supra-sensíveis". 
   
    Automaticamente, nós relacionamos estes termos às coisas de Deus e dos anjos. Mas, na verdade, este é apenas o outro lado do mundo físico, sensorial e, neste outro mundo, também vivem os espíritos que "non provengono da Dio, nonostante venga utilizzato quasi sempre un linguaggio damore e di luce" ('espíritos que não procedem de Deus, ainda que seja utilizada quase sempre uma linguagem de amor e de luz'), nas palavras de um texto do Vaticano.

    E foi assim que, através de uma heresia gnóstica como a Antroposofia, eu acabei sendo levada a redescobrir Deus!

     Completamente apaixonada por Jesus Cristo, eu quis conhecê-lo. Precisava compreender para crer e crer para compreender. Para isto, fui atrás Dele no lugar certo: a Igreja Católica. Escrevi, brincando, num email  para meus irmãos:
     "Não adianta: quem entende de Deus e Jesus Cristo é a Igreja Católica. É perda de tempo ficar lendo steiners, sitchins e  blavatskis. Melhor bater na porta da firma que tem o direito de texto e imagem e é proprietária da logomarca dos dois. Afinal de contas, a empresa existe há dois mil anos, sem fechar as portas um dia sequer!" A primeira providência foi ler inteiro o documento 'Dominus Iesus'. Lá estava a confirmação da fé.

    Pode parecer, contando assim, que acreditar em Deus, para mim, é mero exercício intelectual. Mas o coração sabe que não é. Mesmo quando ainda não tinha voltado a crer, eu gostava sempre de repetir uma frase que ouvi de Leonel Brizola, quando lhe perguntaram, certa vez, se acreditava em Deus. Ele respondeu que era arrogância não acreditar em Deus. Hoje, penso que, se não temos a pureza de coração para simplesmente crer, a razão acabará por nos levar inexoravelmente à Verdade.

    Como me parece hoje absurdo não crer! Para mim, é impossível alguém conhecer a Verdade e não se deixar comover pelo amor de Deus por sua criatura nem se maravilhar com a perfeição e sabedoria do plano divino! Como pude viver tanto tempo sem a amizade de Deus!

    Acho que o momento definitivo da minha volta para Deus foi aquele em que ouvi pela televisão o anúncio da morte do Papa Woytila; profundamente comovida e chorando, disse para o meu marido: "Este homem está há 25 anos tomando conta de nós". Falo sempre que a minha conversão foi o último milagre de João Paulo II.

    Ainda durante o conclave, comecei a conhecer o pensamento e a atuação do cardeal Ratzinger, e torci para que ele fosse o novo Papa. Nunca vou esquecer as suas primeiras palavras já escolhido para ser o sucessor de Pedro: "sono un semplice e umile lavoratore della vigna del Signore"('sou um simples humilde e trabalhador da vinha do Senhor'). 
    
    São Bento será, com certeza, o meu santo protetor, pois, além de ser o nome do novo papa, a minha primeira confissão e comunhão, depois de quase 40 anos de escuridão, eu fiz na Paróquia São Bento do Morumbi,  onde moro. Que Deus ajude o Papa Bento XVI a recuperar a Igreja eterna que tantas deformações tem sofrido nos últimos anos. Que minha família O (re)encontre e que Ele nos abençõe a todos.

     *Este texto integral foi publicado, pela primeira vez,  no site católico Associação Cultural Montfort, em outubro de 2005. Mais tarde, eu o reescrevi recompondo a verdade.http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cartas&subsecao=apoio&artigo=20051015183526&lang=bra


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Padres pedófilos: quantos?

      Existem padres pedófilos. Ponto. É gravíssimo. Ponto. Mas números, ainda que não sejam suficientes, são necessários. No Brasil, eles não existem. Nos EUA, a John Jay College of Criminal Justice da City University of New York, que não é católica e é unanimemente reconhecida como a mais autorizada instituição acadêmica americana em matéria de criminologia, apurou que, em 42 anos, 4392 sacerdotes - entre 109 mil - foram acusados de relação com menores.
     Pouco mais de uma centena foram condenados por tribunais civis. Algumas acusações eram falsas, outras prescreveram, 80% eram relações consensuais com moças de 16 ou 17 anos. 

 Relação sexual de um padre com uma moça de 17 anos não é bonito, mas não é pedofilia. Nos EUA, em 42 anos, os padres acusados de efetiva pedofilia foram 958, em 42 anos, 18 por ano. As últimas estatísticas são de 2002, mas a John Jay College já apontava ‘notável declínio’ em 2000.
     Mais: muitos dos casos de 250 abusos sexuais denunciados no famoso Caso Ryan, sempre relacionados à Igreja Catolica pela mídia, não foram cometidos por sacerdotes, religiosos ou religiosas. Na Irlanda, as denúncias de abusos a menores são, em muitos casos, o uso de meios violentos e excessivos de punição física, alguns deles cometidos há mais de 30 anos.

     Philip Jenkis, professor de História e Justiça Criminal e estudioso das religiões, informa que, nos EUA, a presença de pedófilos é, de acordo com as próprias denominações protestantes, de duas a dez vezes mais alta entre os pastores protestantes em comparação com os padres católicos.
     Isto mostra que a questão não é o celibato, a maioria dos pastores protestantes é casada. No mesmo período em que uma centena de padres eram condenados por abuso sexual contra menores, o número de professores de ginástica e treinadores de quadras esportivas juvenis - maioria casada- julgados culpados pelos mesmos crimes nos tribunais americanos ultrapassava seis mil.




  1. PS:os dados dos meus comentários estão no texto abaixo (em italiano):

sábado, 3 de dezembro de 2011

Arapuca 1

        A legenda da foto da revista Época * está induzindo todo mundo a erro, fazendo pensar que aquela Dilma ali mostrada foi torturada durante 22 dias e, no 23º dia, ela teria sido fotografada, sentada para interrogatório na Justiça Militar. Daí, as alegações sobre a falsidade das torturas, pois ela não apresentaria sinais e marcas evidentes de quem sofreu violência física cruel recente. Não é por aí.
        A foto é de novembro/70, Dilma foi presa em janeiro/70. Há um período de aproximadamente 10 meses separando os dois fatos. Os defensores da 'verdade' podem alegar que dez meses são suficientes para que as marcas de tortura desaparecessem. É razoável.
 Não se pode cair de novo na mesma arapuca. Os esquerdistas, petelhos e agregados vão deitar e rolar, como o fizeram em 2009 com a ficha criminal da pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, que a Folha publicou. Era falsa. A maioria das informações referia-se a Dulce Maia,  militante  da VPR que participou do atentado a um quartel em São Paulo, matando o soldado Mario Klozel.
       Muito mais reveladora que a foto da revista Época é a afirmação de Natael Custódio (é caminhoneiro hoje aí em Londrina). Ele tinha um 'ponto' com Dilma, no dia 20 de janeiro, quatro dias depois que a presidanta tinha 'caído'. Ela levou a polícia ao encontro e Natael, não sabendo de nada, foi preso.
       Ora, o que se sabe é que na OBAN o pau comia firme assim que o militante caía exatamente para ele abrir o(s) 'ponto'(s) no menor tempo possível; a falta ao encontro alertaria os militantes para a queda do 'cumpanhero', dando tempo para que escapassem. 
      Se Dilma foi levado ao 'ponto' (um encontro marcado na rua, por segurança) é porque não devia estar arrebentada. Uma pessoa que foi 'barbaramente torturada' durante quatro dias para abrir o bico não vai aparecer andando no meio da rua, sem chamar a atenção. Ou seja,  será que Dilma 'cantou' rápido demais? Ela mesma gosta de repetir que levou muita palmatória na sola dos pés. E saiu andando pela rua?!


*http://revistaepoca.globo.com/Brasil/noticia/2011/12/foto-inedita-mostra-dilma-em-interrogatorio-em-1970.html