segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Dugin, não fala abobrinha



     Aleksandr Dugin, o ideólogo russo do eurasianismo considerado por muitos o mentor intelectual de Vladimir Putin, veio ao Brasil em 2012 e, pelo jeito, caiu de amores pelo Brasil Brasileiro. Quem o ouve falar aposta que a MPB e a bossa-nova são melhores do que a obra clássica completa de Prokofiev e Tchaicovsky juntos.

   
 Encantos à parte pelo patropi, Dugin falou, sim, muita abobrinha sobre o processo de integração do negro na sociedade colonial brasileira e a presença de elementos da cultura africana na formação cultural do Brasil.

     Ouvindo
 o galo cantar sem saber onde, Dugin tirou da cartola uma lorota para explicar a 'identidade dos afro-descendentes brasileiros': a de que os negros escravos vinham da África para o Brasil agrupados por tribos; por isto, eles mantiveram sua identidade étnica e influenciaram profundamente a cultura brasileira. Nada mais falso.

    O dublê de cientista e guru apresentou sua tese fantasiosa numa entrevista em que discorre sobre a tal identidade, que o encantou quando ele 
veio ao Brasil, ano passado, depois de debater, pela internet, com o filósofo Olavo de Carvalho sobre "Os Estados Unidos e a Nova Ordem Mundial". Do debate, que virou livro, Dugin falou pouco, limitando-se a classificá-lo como 'duríssimo.
      
  
      Segundo a teoria historico-socio-antropológica de Dugin, os escravos eram desembarcados e vendidos em grupos tribais; podiam, assim, expressar-se na própria língua, manter os costumes, transmitir seus valores, reproduzir as formas de organização social e praticar sua religião, possibilitando a preservação da cultura africana e suas formas de identificação coletivas na nova sociedade para onde foram transplantados.
        
     A unidade linguístico-cultural dos contingentes africanos e a transmissão do seu patrimônio cultural às gerações posteriores  seriam, na opinião do estudioso russo, responsáveis pela forte identidade social do negro brasileiro,
     
     A partir daí, também se compreenderia a influência determinante de elementos da cultura africana na formação do Brasil. Palavras de Dugin: "Os afro-brasileiros preservaram, em alto grau, seus cultos, seu 'eu', sua identidade étnica".

    Isto é bullshit. Quem garante é o antropólogo marxista, Darcy Ribeiro, autor de um dos mais completos e confiáveis estudos sobre a fusão de culturas que formou o Brasil. Está lá, em seu livro "O Povo brasileiro - A formação e o sentido do Brasil"
   
     "Os negros que vieram para o Brasil foram capturados meio ao acaso nas centenas de povos tribais, alguns hostis entre si, que falavam dialetos e línguas não-inteligíveis uns aos outros. A África era, então, como ainda hoje o é, uma imensa Babel de línguas.
     (...) A diversidade lingüística e cultural dos contingentes negros introduzidos no Brasil, somada a essas hostilidades recíprocas que eles traziam da África e à política de evitar concentrações de escravos oriundos de uma mesma etnia, nas mesmas propriedades, e até mesmo nos navios negreiros, impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano. 
     (...)"O papel decisivo do negro na formação da sociedade local foi por excelência o de agente de europeização que difundiria a língua do colonizador e que ensinaria aos escravos recém-chegados as técnicas de trabalho, as normas e valores próprios da subcultura a que se via incorporado."

      Como se vê, o negro foi o elemento unificador e civilizador do Brasil, já que foi obrigado a aprender a língua do colonizador e do senhor da casa grande para poder se comunicar com os capatazes e com os outros escravos da senzala. A unidade linguística brasileira é resultado desta forma de escravização.
   
     Fundamentado em mais de trinta anos de pesquisas, o antropólogo brasileiro não deixa dúvidas de que a contribuição cultural do negro foi pouco relevante na formação da protocélula original da cultura brasileira.  
     "O papel do negro como agente cultural foi mais passivo que ativo, ainda que o negro tenha tido importância crucial como massa trabalhadora que produziu quase tudo que aqui se fez".
   
     Pois é, alguém precisa avisar Dugin que Darcy Ribeiro contraria frontalmente a sua tese. Mas, pelo jeito, o pai do eurasianismo não está nem aí para o que escreveu Darcy Ribeiro. O cientista político russo diz textualmente, sem corar, pérolas como esta
      
     "Na América Latina, os escravos eram tomados dos navios e estabelecidos da mesma forma como foram capturados - por tribos, enquanto na América do Norte eles eram distribuídos para donos diferentes, de modo a evitar a preservação da sua identidade.
     Na prática anglo-saxônica, é o indivíduo sozinho. Você o compra e retira dele todas as formas de identidade coletiva. Ele não sabe a língua, é afastado de seus companheiros de tribo. Por isto, os afro-americanos do norte não tem sua própria cultura. Eles são diferentes dos brancos, mas não possuem sua própria identidade social.
     Quanto aos escravos brasileiros, eles se estabeleceram não isolados, como na América do Norte, mas integrados. Então, eles mantiveram seus cultos (candomblé, macumba), suas próprias tradições religiosas, a cultura e mesmo a língua, pelo menos, em parte.
            
     Esta peculiaridade, 'muito interessante', na opinião de Dugin, provocou um efeito completamente distinto daquele da sociedade norte-americana, fazendo do Brasil "um mundo único", segundo o cientista russo. 

     Cometer um erro deste gravidade, alardeando que a integração do negro brasileiro foi harmoniosa e sem ruptura com a herança cultural africana, ou seja, o contrário do que ocorreu na América do Norte, equivale a dizer que o gênero de colonização no Brasil foi o mesmo dos Estados Unidos. (No caso dos negros escravos, foi semelhante: eles eram de etnias diferentes, às vezes, até inimigos). Quanto ao colonizador europeu, no entanto, o tipo de colonização não tinha nada a ver um com o outro. 

     Lá, na America do Norte, o processo foi de cultura transplantada. "Os ingleses estavam empenhados em transplantar sua paisagem mundo afora, recriando pequenas Inglaterras, dispostos a simplesmente conquistar seu naco do bolo americano"(Darcy Ribeiro), além de também resolver o problema de excedentes de massas famélicas de seus próprios reinos   

     O povoamento de colônias inglesas por famílias e comunidades inteiras implicava transplantar da Inglaterra para a colônia toda a organização social, as técnicas de produção, o ordenamento jurídico e as crenças e práticas religiosas. Os colonos como que recebiam praticamente uma nova pátria por fazer.

      A colonização do Brasil deu-se por processo inteiramente diverso. Uma das peculiaridades foi a vinda tanto de Portugal quanto da África para cá, nos primeiros tempos, de contingentes integrados quase que exclusivamente por homens, sem a companhia de mulheres ou família. Daí, Darcy Ribeiro referir-se sempre ao ventre indígena, a grande matriz tupi, de que todos nós brasileiros somos filhos. 

      Voltando e (contrariando)à tese maluca de Dugin, o tipo de colonização do Brasil fez com que os negros escravos - sem sua identidade tribal e, no início, sem sequer sua família nuclear - ficassem completamente desenraizados culturalmente e impossibilitados de aqui reproduzir a sua cultura original, obrigando-os a se integrar e aderir ao modo de vida indígena para garantir a sobrevivência. 

     Radicalmente deculturados pela erradicação de sua cultura africana, os negros foram simultaneamente se aculturando nos modos brasileiros de ser e de fazer. 

     E já que a sua cultura não podia expressar-se nas formas de adaptação (os modos de prover a subsistência), nem tampouco nos modos de associação (a organização da vida social), restou-lhe o plano ideológico - as crenças religiosas e as práticas mágicas - em que o negro escravo buscava explicar e encontrar consolação para suas próprias experiências. Darcy Ribeiro observa:
      
     "A estas crenças e práticas religiosas, o negro se apegava no esforço ingente por consolar-se do seu destino e para controlar as ameaças do mundo azaroso em que submergira. Junto com estes valores espirituais, os negros retêm, no mais recôndito de si, tanto reminiscências rítmicas e musicais quanto sabores e gostos culinários.

     Esta parca herança africana - meio cultural e meio racial -, associada às crenças indígenas, emprestaria à cultura brasileira, no plano ideológico, uma singular fisionomia cultural. Nesta esfera é que se destaca, por exemplo um catolicismo popular muito mais discrepante que qualquer das heresias cristãs tão perseguidas em Portugal."
     
     Darcy Ribeiro remete sempre ao início da escravização, e à forma como ela se deu, para justificar a presença pouco marcante de elementos africanos na cultura brasileira, (quase) restrita à música e danças, temperos culinários e, mais tardiamente, nas religiões de matrizes africanas, em simbiose com crenças indígenas e o catolicismo. Sobre os primeiros contingentes de escravos, Darcy afirma:

      Embora mais homogêneos no plano da cultura, os africanos variavam também largamente nessa esfera. Tudo isso fazia com que a uniformidade racial não correspondesse a uma unidade lingüístico-cultural, que ensejasse uma unificação, quando os negros se encontraram submetidos à escravidão.

     A própria religião, que hoje, após ser trabalhada por gerações e gerações, constituiu-se uma expressão da consciência negra, em lugar de unificá-los, então, os desunia. Foi até utilizada como fator de discórdia, segundo confessa o conde dos Arcos.


    
Encontrando-se dispersos na terra nova, ao lado de outros escravos, seus iguais na cor e na condição servil, mas diferentes em língua, na identificação tribal e frequentemente hostis pelos referidos conflitos de origem, os negros foram, assim compelidos a incorporar-se passivamente no universo cultural da nova sociedade. 

     Dão, nestas circunstâncias adversas, um passo adiante dos outros povoadores ao aprender o português com que os capatazes lhes gritavam e que, mais tarde, utilizariam para comunicar-se entre si. Acabaram conseguindo aportuguesar o Brasil."


 

     




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

(E)SCOL(H) A:


     Eu concordo com Nivaldo Cordeiro. Eu também penso que cardeal Angelo Scola poderá ser o próximo papa. É um homem de grande estatura teológica e cultural e trilha a mesma linha teológica e pastoral do papa Ratzinger, de quem é muito próximo. 

    E parecem premonitórias as palavras de Bento XVI na visita ad limina com os bispos de dioceses lombardas, a última dele como papa, já renunciante. Bento XVI afirmou que a Lombardia deve ser o coração religioso da Europa («la Lombardia deve essere il cuore credente dell’Europa»).

     Até mesmo geograficamente, a Lombardia (província cuja capital é Milão) é o coração europeu. O cardeal Angelo Scola é o presidente da Conferência Episcopal Lombarda. Quem acompanha o pontificado de Bento XVI sabe que a descristianização da Europa e a necessidade do retorno às suas raízes cristãs são temas prioritários. 

     Convém não esquecer que Bento XVI opôs-se à entrada da Turquia na União Européia, insistindo que a Europa tem seus fundamentos no cristianismo. Ela nasce do monaquismo (mosteiros), sua configuração geográfica, cultural e moral estão inseparavelmente unidas ao cristianismo. A civilização ocidental cristã nasceu na e com a Europa. 

     Além deste aspectos - que indicariam a oportunidade de um papa europeu, italiano e, certamente, Angelo Scola - não há uma figura de alta revelância e carisma na África, Ásia e América Latina, regiões onde o catolicismo vive um revigoramento visível. 
  
     E - olhando bem - o cardeal Angelo Scola tem rosto de papa. Uma face que inspira amor e confiança. Estaremos em boas mãos.  Mas escolha é do colégio cardinalício. O Espirito Santo saberá inspirar.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bento XVI: escondido, não calado.

     Bento XVI anunciou que vai se esconder do mundo, mas não prometeu ficar calado. Analistas, como o professor, escritor e presidente da Fundação Lepanto, Roberto de Mattei, e a vaticanista, Angela Ambrogetti, acham que Bento XVI, se for solicitado, não se negará a dar conselhos ao novo papa. 

    Antes: ele pode ter sinalizado, ao escolher permanecer no Vaticano, e não em algum mosteiro distante, em sua querida Baviera, que pretende colocar-se de fato à disposição da Igreja, para servi-la e ao seu sucessor.

    Ninguém imagina que Bento XVI vá comportar-se como'papa reserva', nem que ele queira dividir o pontificado. Sua grandeza espiritual e intelectual afastam, por completo, a hipótese de que ele pretenda continuar, de alguma maneira, ocupando o trono de Pedro. 

   Mas, de qualquer forma, ele não teria renunciado porque não aguentou, nem porque  sucumbiu às 'forças hostis' (por assim dizer). Para Angela Ambrogetti, por exemplo, Bento XVI renunciou porque quer que o rumo do seu pontificado seja mantido. A grande reviravolta que representa a renúncia de um Papa em seiscentos anos tem em vista a manutenção dos rumos do seu pontificado. Em resumo: o Papa mudou para não mudar.

 Roberto de Mattei:"Seria pouco prudente considerar já 'fechado' o pontificado de Bento XVI, dedicando-se a prematuros balanços, antes de esperar a fatídica data por ele anunciada: a noite de 28 de fevereiro de 2013, uma data que permanecerá impressa na história da Igreja. 
   Antes, mas também depois daquela data, Bento XVI poderá ser ainda protagonista de novos e imprevistos cenários. O Papa, de fato, anunciou as suas renúncias, mas não o seu silêncio, e a sua escolha lhe restitui uma liberdade de que, talvez, se sentisse privado. 
   O que dirá e fará Bento XVI, ou o cardeal Ratzinger, nos próximos dias, semanas e meses? E, sobretudo, quem guiará, e de que maneira, a barca de Pedro nas novas tempestedes que inevitavelmente a esperam?"


Angela Ambrogetti: "A Igreja sabe servir-se de seus fiéis de diversas maneiras. Na frase final de seu discurso de renúncia, Bento XVI disse que rezará pela Igreja. Referiu-se a João Paulo II, ao falar sobre o tema do sofrimento e acrescentou que  continuará querendo servir a Igreja de Deus.
    Em resumo, disse que se o novo papa quiser ir pedir conselho, ele vai estar lá: ele, de fato, decidiu permanecer no Vaticano.
    Uma presença discreta, como era com João Paulo II. Com uma diferença: o Papa não quer virar uma encomenda postal administrada por outras pessoas, agora que com a idade poderia tornar-se sempre menos presente e quer que a linha de seu pontificado não seja modificada. 
    A escolha de renunciar foi feita porque se deu conta de que não tem mais as forças que tinha anos atrás e prefere que um outro siga adiante. Ele se coloca à disposição, dando, humildemente, um passo para trás, julgando ter concluído o ciclo de seu pontificado. 
    É como se, depois deste oito anos prolíficos, Bento XVI tivesse dito: "Eu os trouxe até aqui; sigam adiante e eu coloco-me à disposição para ajudar".

http://www.robertodemattei.it/2013/02/13/763/#more-763

http://www.tempi.it/certi-giornali-leggono-le-dimissioni-del-papa-come-se-si-trattasse-del-capo-della-coca-cola#.USWPhaU3uVI

Imprensa mente

     Melhor faria a classe jornalística se tivesse a humildade e a ética de admitir que engana o público do mundo inteiro dando notícias sobre politicagem, acertos, acordos diabólicos e disputas ferrenhas entre 'progressistas' e 'conservadores', que estariam a corroer as entranhas do Vaticano, nestes dias que antecedem a eleição do novo Papa.

    Em 2005, aconteceu a mesma coisa, a cascata contra a Igreja foi igual, quando o Conclave se reuniu depois da morte de João Paulo II. A imprensa pintou um inferno para, no final, tudo acabar na eleição rapidíssima e por unanimidade do cardeal alemão, Joseph Ratzinger, nosso amado Papa Bento XVI.

    O vaticanista italiano, Sandro Magister, que cobre a Santa Sé para a revista L'Expresso, disse num debate na RAI que, pelo menos seis meses antes, a indicação de Ratzinger já era consenso entre os cardeais.A Igreja estava unida.
  
    A disputa entre 'progressistas e conservadores' foi uma manipulação da imprensa, que fez lobby e estava - ela, sim - contra Ratzinger. Enganaram e se enganaram. Ponto.

    Na eleição do sucessor de Bento XVI - ainda que não haja o consenso da outra vez, diante do inesperado da renúncia -, o melhor é esperar o final do conclave. Jornalista não acredita no Espírito Santo, fazer o quê?

El Greco


            Eu estive na Casa de El Greco e é indizível a impressão e expressão dos rostos/olhares das pinturas. Eu li que El Greco ia aos manicômios e reproduzia nos seus quadros os rostos e olhares que lá encontrava. Expressões de êxtase, os loucos de Deus. 

    Falo assim, mas eu não entendo nada de nada, muito menos de pintura. Eu olho, procuro aprender um pouquinho sobre e tenho paixões. El Greco é uma (acho que eu gosto até mais do que de Caravaggio, alguém pode dizer isto?). Outro amor perdido é Cézanne. 

     Quando morei na Itália, entre início de 85 e meados de 88, eu viajei muito e conheci cerca de 200 cidades européias. Eu tinha de escolher: ou passava este tempo dentro de museus ou conhecia a Europa, que já é um museu a céu aberto. 

     Eu não gosto de 'correr' museu, gosto de ver demoradamente museu. Com a quantidade deles que tem por lá, uma vida é pouco para conhecê-los. (Eu ainda tive uma filha, que nasceu a Torino, imagina ver museu com um bebê que mama de toda em toda hora hehe?).

      Assim é que a Casa de El Greco foi um dos (poucos) museus em que eu estive para ver, demoradamente, por longo tempo. Não sei se gosto muito porque vi, ou se fui ver porque gosto muito. E viveria naquela casa a vida toda. 

      Este vídeo é muito bonito, pecado que não mostra "As lágrimas de São Pedro", um dos mais belos quadros do pintor, e que me fez passar uma eternidade diante dele.

http://wwwpoetanarquista.blogspot.com.br/2011/04/pintura-el-greco.html


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Não é demissão, é renúncia.

     "É necessário sermos precisos com os termos. O Código de Direito Canônico não fala de 'demissão', mas de 'renúncia'. A demissão pode assumir um significado pejorativo, pode ter conotação de debilidade, de velhacaria e até de recusa da missão que Deus dá. A renúncia, ao contrário, tem tons viris. 

    Essa se fundamenta na força de uma abdicação que é exemplar, que é ainda um ato pontifical, um ato do Vigário de Cristo: ela (a renúncia) é imitação de Cristo que se retira quando querem fazê-Lo Rei na ordem temporal. 

    Outra diferença radical: o papa não entrega uma carta de demissão a um superior, ao cardeal camerlengo ou a um membro superior da Cúria. Não há ninguém acima dele, além de Cristo. 

    Logo, é um ato que há seu fundamento na oração, num cara-a-cara com o Mistério. Pretender julgar o Papa de fora, portanto, corresponde a um desfiguramento e a uma usurpação. Mas os jornalistas não hesitam em se crerem Deus."

Fabrice Hadjadj -Filosofo e escritor,diretor do Istituto europeo di studi antropologici Philanthropos di Friburgo (Suíça))





quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Igreja: (sem) tempo bom

    A Igreja vive 'tempos difíceis“ e "crise" há dois mil anos. Nunca conheceu tempo bom, apenas (poucas) fases de maior santificação, como em certos períodos da Idade Média (séculos X  e XI). Jerusalém Celeste é realidade que ainda virá. 

    Os tempos atuais não são diferentes, a barca de Pedro continua a enfrentar ataques constantes do Inimigo, o mar é sempre tempestuoso. Mas, nestes dias, nada há que esteja exigindo do papa uma ação imediata: o Vatileaks foi controlado, os abusos sexuais e a pedofilia têm regras duras estabelecidas por Bento XVI para a prevenção e punição dos culpados e o Colégio Cardinalício está completo. 

    Por isto, Sua Santidade, escolheu renunciar agora. Bento XVI já tinha anunciado que só renunciaria em tempos de serenidade na Igreja. Assim fez. Leiam isto:


    "Quando o perigo é grande não se pode fugir. Eis porque este seguramente não é o momento de renunciar (referindo-se ao escândalo de abusos sexuais e pedofilia dentro da Igreja). É precisamente em momentos como este que é necessário resistir e superar a situação difícil. Se pode renunciar em um momento de serenidade, ou quando simplesmente não se consegue mais. Mas não se pode nunca fugir no momento de perigo e dizer: 'algum outro cuide disto". (trecho da entrevista ao jornalista alemão, Peter Seewald, feita em 2010)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Socci já sabia da renúncia. Em 2011.

IL PAPA PENSA ALLE DIMISSIONI

Per ora è una voce (un’ipotesi personale di Joseph Ratzinger) e spero che non diventi mai una notizia. Ma poiché circola nelle più importanti stanze del Vaticano merita molta attenzione.

In breve: il Papa non scarta la possibilità di dimettersi allo scoccare dei suoi 85 anni, ovvero nell’aprile del prossimo anno.

Che Ratzinger ritenga possibile questa scelta è noto almeno dal 2002, quando si dovette studiare l’eventualità con l’aggravarsi della malattia di Giovanni Paolo II.

Ma Ratzinger è tornato sull’argomento anche da Papa. Nel libro intervista “Luce del mondo”, uscito nel 2010, interpellato dal giornalista Peter Seewald, ha dichiarato: “Quando un Papa giunge alla chiara consapevolezza di non essere più in grado fisicamente, psicologicamente e mentalmente di svolgere l’incarico affidatogli, allora ha il diritto ed in alcune circostanze anche il dovere di dimettersi”.

Oggi papa Benedetto sembra veramente in forma, eppure si pone il problema della sua età e delle sue energie: “a volte sono preoccupato” ha confidato a Seewald “e mi chiedo se riuscirò a reggere il tutto anche solo dal punto di vista fisico”.

Con l’enorme mole di lavoro che sta facendo per la Chiesa e l’immenso carico di responsabilità spirituale che porta, il Papa ha affermato nel 2010 di sentire tutto il peso dei suoi 83 anni: “confido nel fatto che il buon Dio mi dà la forza di cui ho bisogno per fare quello che è necessario. Però mi accorgo anche che le forze vanno diminuendo”.

Egli sa di essere “ai limiti dell’umanamente possibile a quell’età”.

E’ in questo contesto che è nata in lui l’ipotesi (per ora solo un’ipotesi) di cogliere il passaggio degli 85 anni per passare la mano. Tuttavia lui stesso aveva dichiarato un problema morale.

A Seewald infatti – che l’aveva interpellato durante la terribile tempesta legata allo scandalo della pedofilia – il papa aveva spiegato:

“Quando il pericolo è grande non si può scappare. Ecco perché questo sicuramente non è il momento di dimettersi. E’ proprio in momenti come questo che bisogna resistere e superare la situazione difficile. Ci si può dimettere in un momento di serenità, o quando semplicemente non ce la si fa più. Ma non si può scappare proprio nel momento del pericolo e dire. ‘se ne occupi un altro’ ”.

Oggi quella terribile tempesta, che Benedetto XVI ha definito “la peggiore persecuzione”, ormai sembra sia stata superata dalla Chiesa proprio grazie alla guida limpida e santa di questo pontefice che ha saputo chiedere perdono e insegnare umanità e umiltà (a Malta, un rappresentante delle vittime di abusi, Joseph Magro, dopo l’incontro col Santo Padre, ha dichiarato: “Il Papa ha pianto insieme a me, pur non avendo alcuna colpa per ciò che mi è accaduto”).

Tuttavia il momento della Chiesa è sempre duro e c’è un accanimento particolare proprio nei confronti di questo pontefice. Il filosofo ebreo francese Bernard Henri Lévy ha denunciato che tutte le volte in cui si parla di Papa Ratzinger “la discussione è dominata da pregiudizi, da insincerità fino alla più completa disinformazione”.

Quanto più si conosce questo uomo di Dio come un padre mite, sapiente, umano, tanto più sembra scatenarsi la corsa a demonizzarlo o umiliarlo.

Basta scorrere le cronache delle ultime settimane: il 13 settembre c’è chi addirittura vuole trascinarlo davanti al tribunale dell’Aja con la surreale accusa di “crimini contro l’umanità”, intanto dalla Germania arrivavano voci ostili al viaggio pontificio, il 20 settembre Umberto Eco lancia la sua ridicola bocciatura del papa come teologo sostenendo che perfino “uno studente della scuola dell’obbligo” argomenterebbe meglio di lui.

In questi giorni in Germania è stato accolto da varie manifestazioni ostili e secondo un sondaggio due terzi dei cattolici tedeschi (allo sbando per decenni di guida progressista della chiesa teutonica) hanno definito “per niente o poco importante” per sé la visita del Papa.

Mentre cento parlamentari si sono assentati polemicamente quando lui doveva parlare al Bundestag.

Tanta intolleranza e tanti pregiudizi risultano ancor più immotivati vista l’ammirazione generale che poi ha suscitato il discorso del Pontefice al parlamento tedesco (è sempre così: anche con il viaggio in Gran Bretagna i gelidi inglesi finirono con l’innamorarsi di questo Pontefice sapiente e umile).

Giuliano Ferrara – che è uomo colto e consapevole – dopo il discorso al Bundestag ha manifestato il suo entusiasmo, ha pubblicato per intero il testo sul “Foglio”, ha aggiunto un suo filosofico commento dove si è definito “ratzingeriano” e – pur da non credente – è arrivato ad affermare: “Solo un Papa ci può salvare”.

Ferrara che negli ultimi tempi (secondo me sbagliando) temeva che il grande papa Ratzinger (“il nostro amato Papa”) si fosse impaurito (per le virulente reazioni) dopo il discorso di Ratisbona e che lo vedeva “immerso nelle acque della sola fede”, da dove il Pontefice “invitava a pregare e a espiare le colpe personali e della chiesa”, dedito alla ricostruzione interiore della fede dei cristiani, ha ritrovato colui che considera l’unico vero, grande leader dell’umanità in questo frangente storico:

“nello splendido discorso tenuto al Bundestag, il Parlamento della sua patria” ha scritto Ferrara, “è riemerso in chiara, mite e fulgidissima luce – la luce dell’intelligenza e della ragione – quel formidabile professor Ratzinger che fu eletto alla guida della chiesa di Roma su una piattaforma di lotta intellettuale ed etica alla deriva relativista e nichilista dell’occidente moderno. Che solo un Papa può salvare. Benedetto ha sorpreso tutti. Niente afflato pastorale minimalista, niente catechesi ordinaria, e invece un energico, nitido e straordinario richiamo alla sostanza di ciò che è politico, pubblico, e alla questione filosofico-giuridica di come si possa fare la cosa giusta, condurre una vita giusta, reggere governi e stati giusti, fare leggi giuste in un mondo che non dipende più dalla tradizione, dall’autorevolezza intrinseca della fede, ma dalla democrazia maggioritaria”. 

E’ stata – aggiunge Ferrara – “una grande lezione filosofica, storica e teologica sui fondamenti, anzi sulla fondazione politica, della nostra cultura e della nostra idea di libertà, di umanità, di natura e di ragione. I giganti usano parole semplici e concetti alla portata di tutti, non sono esoterici, parlano al centro forte e realista dell’intelligenza umana. E così ha fatto il Papa (…). Non è un discorso intercettabile dalle polemiche e dai sofismi. Se siamo liberi, se siamo in un mondo laico, se siamo padroni del nostro destino è perché siamo cristiani. Il cristianesimo non ha imposto come legge la Rivelazione, non è la sharia, non è uno spazio mitico per litigiosi dei. Alla base dei diritti umani, delle conquiste dell’Illuminismo, dell’idea stessa moderna di coscienza, sta la scelta cristiana e cattolica in favore del diritto di natura e della legge di ragione”.

Ferrara lo spiega benissimo. Ma è davanti agli occhi di tutti la grandezza e l’umiltà di quest’uomo di Dio, che voleva lavorare per il Regno di Dio con lo studio e i libri, che non voleva essere nominato vescovo, né prefetto dell’ex S. Uffizio, che da lì aveva provato due volte a dimettersi e che – mentre lo stavano eleggendo Papa, nella Sistina – pregava così: “Signore, non farmi questo”.

Il popolo cristiano – come mostrano i due milioni di giovani accorsi a Madrid in agosto – sa che questo Papa arriva al cuore e all’intelligenza come nessun altro e le menti più limpide della cultura laica sanno che oggi Benedetto XVI è il solo faro dell’umanità in un frangente molto buio. Tutti speriamo che non ci abbandoni nella tempesta, che non lasci mai il suo ministero di padre di tutti. 

Perché non tutti i papi sono uguali. San Vincenzo di Lérins diceva che “Dio alcuni papi li dona, altri li tollera, altri ancora li infligge”. Benedetto XVI è un dono a cui non possiamo rinunciare.

Antonio Socci

Da “Libero”, 25 settembre 2011

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Malafaia X Gabi: a loura perdeu.


     Repórter não discute, nem opina, repórter pergunta. Marília Gabriela está lá para perguntar e provocar, isto ela sabe fazer com competência. Na entrevista com o pastor Silas Malafaia, Marília Gabriela quis meter os pés pelas mãos e falar do que não sabe; estrepou-se. Malafaia pulverizou-a. Bem feito.

     A loura nada sabe de ciência nem de religião, mas tem lado: defende todos os mantras politicamente corretos da esquerda (aborto, gayzismo, etc). Malafaia é contra e não amarelou. Deixou a loura militante desconcertada. 

     Gabi está acostumada a entrevistar pessoas para quem ela só tem que levantar a bola. Desta vez, encontrou quem a enfrentasse. Malafaia só não calou Marília Gabriela porque ninguém cala uma mulher. 

      O que ficou claro, pelo que se falou depois da entrevista,  é que qualquer pessoa que ouse falar em religião, na Bíblia ou pronunciar o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo é rebaixado, independente do que fala, à condição de tosco, precário, indigente mental, obscurantista e retrógrado. 

      Em contrapartida, qualquer 'iluminado' que defenda a manjada cartilha libertária (gayzismo, abortismo, eutanásia, ateísmo, liberação de droga, legalização da prostituição etc) é incensado e louvado nas alturas. Impressionaram o apoio a Marília Gabriela, a torcida para que ela ganhasse a discussão e o sucesso do vídeo "Resposta de geneticista a Silas Malafaia".

     Pode-se criticar a abordagem do homossexualismo feita pelo pastor; afinal de contas, as suas causas e fundamentos ainda são questão aberta, não há conclusão se ser gay é genética ou comportamento ou uma mistura dos dois. 

     Há uma profusão de teorias explicativas, envolvendo/excluindo fatores biológicos, psicológicos, culturais, morais, espirituais etc. Mas as objeções à argumentação de Malafaia não tiram o brilho da entrevista. 
     
     A verdade é que não há nenhuma prova científica conclusiva de que homossexualismo tem fundamento genético. Nem de que não tem. O pastor poderia ter sido mais coerente ao argumentar. Se, por um lado, ele afirma que não há pesquisa científica provando nada, ele não poderia declarar categoricamente que homossexualismo é só comportamento.
     
     
     Mas se Eli Vieira, o geneticista, fosse honesto e conseqüente, do ponto de vista científico, ele também teria que dizer que o assunto está sob investigação, que o debate não está encerrado, por aí. Porque este é o 'status quaestionis', no que diz respeito às causas, origens, bases e fundamentos do homossexualismo. 

     E eu pergunto: qual é a autoridade científica de Eli Vieira, que não tem mais que 25 anos? Um bacharelado e Licenciatura em Ciências Biológicas na UnB (sou formada em Jornalismo pela Universidade de Brasília, entrei em 72 e saí em 1980, quando a UnB já não era granché; aliás, nunca foi) e um mestrado em "Evolução molecular de loci associados ao comportamento humano", na UFRS.  

     O doutorado em Cambridge - Eli faz crer que ele já é doutor - foi iniciado somente este ano. Ele se formou em 2009, é só fazer as contas. Este currículo jamais seria suficiente para tanto "como eu já mostrei" e "simples assim'.

               Não é preciso recorrer a nenhum revista especializada em Genética para colocar em xeque todas as 'provas' que o 'geneticista' Eli Vieira apresenta.  Em 2007 (e nada mudou substancialmente desde então), a revista Galileu publicou extensa matéria cujo título é "O polêmico gene gay" (1).

     A publicação cita pesquisadores contra e a favor da teoria de que o homossexualismo tem base genética e demonstra cabalmente: não há nada provado sobre gene gay, nem sobre gêmeos univitelinos terem maior probabilidade de serem ambos gays.

     Uma pesquisa com gêmeos univitelinos chegou a 60% de probabilidade; outra, num universo mais abrangente, achou 7%, o suficiente para levar seus autores a afirmar que, "se há influência genética (no homossexualimso), ela é inexpressiva". Repetindo: a ciência nada pode dizer de concreto sobre a questão e a genética é a área que apresenta mais dificuldades para que se obtenham resultados confiáveis.

     Há outro aspecto a ser considerado: se querem impugnar os argumentos de Malafaia por ele ser um homem da religião, Eli Vieira é um militante gay. E ateu. Ele é presidente da LiHS- Liga Humanista Secular, que ostenta orgulhosa, entre os prêmios recebidos (o único), o Troféu Triângulo Rosa do Grupo Gay da Bahia. 

     A LiHS é uma Ong que "apóia  pessoas não-religiosas que buscam viver eticamente sem crenças sobrenaturais e supersticiosas e que trabalha por uma sociedade aberta, com liberdade de crença, liberdade de expressão, e laicidade nas leis, na educação, na mídia, e no cenário público em geral, sem privilégios para a religião, especialmente a historicamente estabelecida".

     Uma curiosidade: entre os Membros Eméritos da Liga Humanista Secular, figuram o deputado homossexual Jean Wyllys, do PSOL; o filósofo ateu, Daniel Dannett; o lingüista americano, também ateu, Daniel Everett; a antropóloga abortista, Débora Diniz e a militante ateísta, a finladesa Åsa Heuser, que é vice-presidente da LiHS.

     (Um parenteses: Heuser ganhou notoriedade, tempos atrás, ao defender o militante ateu, Haroldo Galves, acusado de pedofilia. A polícia encontrou em seu poder 65 mil fotos de crianças nuas, arquivadas em seu computador pessoal. Sobre Galves, Ana Heuser declarou:

    "Ele nunca foi acusado de nada além de possuir algumas fotos de nus de menores de idade; principalmente não há uma única acusação de qualquer contao com alguma criança". (Comentário do site Marxismo Cultural: "Aparentemente, para a Sra. Ana Heuser, ativista ateísta, Vice-Presidente da Liga Humanista Secular do Brasil, ter fotos de crianças nuas é perfeitamente normal").


           Voltando a Eli Vieira, para complementar as informações sobre seu  painel de interesses, basta entrar na sua página  no Facebook e dar uma espiada no que ele 'curte'. Ali, acaba o mistério:

"Cem homens em um ano 
Lgbtts Ateus e Agnósticos,
Feminews
Direitos dos Animais

Homem Feminista de Verdade
Assentamento Milton Santos
Anarcomiguxos
Católicas Pelo Direito de Decidir - CDD 
Atéia - Associação de Atéios e Agnósticos 
Aborto é um Direito. Pela legalização do aborto no Brasil"   

     Quanto à Teoria da Evolução,que Eli Vieira brande como o Troféu Fiat Lux da ciência,  a única coisa sensata que se pode afirmar é que ninguém sabe se ela aconteceu ou não.

     Além disto, é preciso saber de que Teoria da Evolução estamos falando: intra-espécie ou inter-espécie? Macro-evolução ou micro-evolução? Dentro da mesma espécie é uma coisa. Uma virar outra...opa! Calma que aí complica. Hoje, a Teoria da Evolução é que virou religião. Crença cega.

     Quanto ao pastor Silas Malafaia, eu, às vezes, o apoio e estou do lado dele; em outras ocasiões divergimos. Desta entrevista, eu gostei. Eu sou católica, logo, tenho implícitas divergências teológicas com Silas Malafaia. Nenhum problema, religião se discute. Fé é que não se impõe.

     Mas, minhas ressalvas mais sérias a Malafaia são as que dizem respeito ao apoio (inaceitável e inadmissível) que ele hipotecou ao petista Lula na sua campanha de 2002 e à sua reeleição em 2006, em que era escancarada a defesa pelo PT do casamento gay e do aborto. Um cristão não pode aceitar o aborto e o casamento entre homossexuais em hipótese alguma.

     (Ele também apoiou FHC: ainda que o PSDB não inclua a defesa do aborto e casamento homossexual em seu programa, o partido aceita as duas teses, como ficou claro na elaboração do PNDH-1 e 2, alterado para pior pelo PT no PNDH-3. Entre PT e PSDB, melhor PSDB, claro). 

     Apesar do erro de apoiar Lula, Malafaia teve a coragem de rever sua posição e, na eleição de 2010 para Presidente da República, ele declarou seu voto contra Dilma Rousseff e contra Marina Silva pela defesa que seus partidos - o PT e o PV - fazem do aborto e do casamento gay. 

     Convém não esquecer que o cristão Silas Malafaia foi um dos únicos na comunidade evangélica - junto com o abençoado e brilhante Pastor Paschoal Piragine Jr., da Primeira Igreja Batista de Curitiba - a desencadear uma campanha corajosa contra o PT na campanha de 2010. A questão era a defesa da legalização do aborto no programa do Partido dos Trabalhadores.

     Por ocasião da votação da PL 122, Malafaia foi, com milhares de pessoas, para a frente do Congresso Nacional denunciar a aberração do projeto de lei (que criminaliza a homofobia e fere a liberdade de culto) e defender a família brasileira. 

     Quanto à denúncia de enriquecimento da Forbes, o assunto está fora da minha alçada. Chamar Malafaia de ladrão, eu tenho que ter provas. Malafaia prometeu processar a revista. Aguardemos

(1)http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG80153-7943-197-1,00-O+POLEMICO+GENE+GAY.html

PS: Há um texto sobre homossexualismo escrito pelo psiquiatra de Curitiba, Eduardo Adnet, que formou-se em medicina há 25 anos (a idade de Eli). Vale a pena ler o ensaio de Adnet. A abordagem é bem ampla: médica, sociológica, psicológica e ideológica.http://dradnet.com/section1/homossexualismo-homossexualidade-e-doenca.html

A Igreja discrimina gays. Está certa.

      Um pai travesti, todo'montado', vestido de mulher, esperando o filho na porta da escola não é situação vexatória e constrangedora para a criança? Ora, claro que é! Se o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que ela deve estar a salvo de qualquer tratamento vexatório ou constrangedor,  quem falou que não pode discriminar homossexuais que apresentem conduta externa desordenada, no caso da adoção de crianças? Levar em conta a orientação sexual, neste caso, é não só lícito, mas obrigatório. É 'justa discriminação'.

     Querem outro exemplo de 'justa discriminação'? Num concurso de Policial Rodoviário, para trabalho de campo, na estrada, pode-se fazer discriminação a anão? Claro que pode. Para ser policial rodoviário a pessoa tem que ter l,90 m, pesar, sei lá, noventa quilos e ser fortão para aguentar carregar vítima de acidente, desvirar carro com a mão, retirar árvore da pista, por aí.

    A Igreja tem dois mil anos: é sábia e corajosa. A Igreja não amarela. Com a Santa Madre não tem meio-tom: ela é abertamente a favor da 'justa discriminação'; só é contra a 'injusta' discriminação. Diz um documento da Igreja :

    "As pessoas homossexuais, como seres humanos, têm os mesmos direitos de todas as pessoas, inclusivamente o direito de não serem tratadas de maneira que ofenda a sua dignidade pessoal. Entre outros direitos, todas as pessoas têm o direito de trabalhar, de ter uma habitação, etc." 

    "Todavia, estes direitos não são absolutos. Existem setores onde não se trata de discriminação injusta tomar em consideração a tendência sexual, por exemplo, na adoção ou no cuidado das crianças, no trabalho dos professores ou dos treinadores atléticos e no recrutamento militar."

    A Igreja sabe tudo, ela foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo e é assistida pelo Divino Espírito Santo.

Algumas reflexões
acerca da resposta a propostas legislativas
sobre a não-discriminação das pessoas homossexuais*http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_19920724_homosexual-persons_po.html

Casamento gay? Não existe.

     Parece haver confusão sobre como as coisas são: 'casamento' não é algo que, antes de existir de fato, foi definido juridicamente e posto na lei, por pessoas preconceituosas, obscurantistas e retrógadas. Algo assim: "Casamento é entre homem e mulher, e pronto. Gay não casa". Não foi assim. 

     O casamento e a família sempre existiram, não há na história humana nenhuma cultura sem família constituída de pai, mãe e filhos. O que a lei fez foi reconhecer e ordenar, conferindo direitos e deveres, a instituição que remonta às origens da humanidade.

     Matrimônio (o mesmo que casamento) é a união do homem à mulher, para fins de constituir uma família, ou seja, um cuidar do outro, ter filhos, educá-los e protegê-los. A família e o casamento são essenciais à transmissão dos códigos e valores que organizam e preservam a vida social, à ordenação das gerações e à preservação da espécie. 

     Estes elementos biológicos e antropológicos, se rompidos ou desconsiderados, esvaziam o casamento de sua essência. Simplesmente, união de homem com homem e de mulher com mulher não é casamento, não é família. 

     Mesmo em sociedades permissivas, como existiam na Grécia e em Roma, em que o homossexualismo era prática comum, tolerada e até mesmo valorizada, não se reconheceu o casamento homossexual. Era demais, até para gregos e romanos.

     Agora, qualquer 'iluminado' sai defendendo o casamento gay, alegando que proibir é negar um direito. Melhor estudar e ser honesto. Isto é ignorância e má-fé