"Quem mandou pintar de branco?".
A primeira pichação ninguém esquece. Esta foi uma das primeiras frases que eu li escrita num muro, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em 1979. Ela tinha a leveza do humor irônico e o desafio saudável da transgressão. Não tinha como não sorrir e não aplaudir.
Claro que este é o espírito que move quem faz arte na rua. Ninguém espera (nem quer) que o grafiteiro ou mesmo o pixador seja domado, mas - atentem - quem quiser invadir os espaços não-permitidos que aguente as consequência da ousadia, da trangressão. O prefeito, que cuida da cidade, tem o dever de fazer cumprir os limites da permissividade. Não é guerra, é a lei, é a vida, é a arte.
Blog de Mírian Macedo
segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
quarta-feira, 4 de março de 2020
Doce ilusão
Papinha doce feita de Leite Ninho não é muito diferente de cocaína. Pode parecer exagero, mas não é. A 'alegria' de infância, representada pela papinha de Leite Ninho em pó, é um perigo muito mais grave do que se pensa: quando se retira a água do leite para fazer o leite em pó, há concentração da lactose, o açúcar do leite. É este sabor docinho que vicia a criança, que desenvolverá 'preferência' por alimentos açucarados.
A lactose (como todo açúcar/carboidrato) é imediata e rapidamente digerida quando chega ao estômago. Os cientistas descobriram que, neste momento, é enviada ao cérebro uma mensagem para a produção de dopamina, o hormônio da felicidade e do bem estar. Assim, o corpo relaciona a presença do açúcar à 'felicidade'. E vai querer estas substâncias doces.
A questão é que o cérebro começa a pedir mais quantidade de glicose para produzir a mesma quantidade de dopamina (o mesmo acontece com a cocaína, por isto, açúcar e cocaína viciam mesmo). Daí, a compulsão por chocolate e doces. E até por comida salgada, feita de carboidrato simples, farinhas refinadas (pão, macarrão, bolachas, pizza etc). Tudo vira açúcar/glicose quando chega ao estômago.
E ainda tem o perigo da diabetes mellitus tipo 2 (adquirida). As bombas de glicose acionam as bombas de insulina e o corpo entra em desequilíbrio metabólico, provocando o que hoje a medicina chama diabesidade, doença que combina a diabetes e a obesidade, a mais grave epidemia mundial, muito mais grave que coronavirus.
terça-feira, 21 de agosto de 2018
Ordenar mulher é contrariar Jesus Cristo
Nenhum papa pode permitir a ordenação de mulheres. Foi Nosso Senhor Jesus Cristo que constituiu o colégio apostólico, integrando-o só por homens. Impôs-lhes as mãos e deu-lhe poderes específicos de sacerdotes. Ele poderia ter escolhido mulheres entre os doze: Maria Madalena, Marta e Maria, as duas irmãs de Lázaro, e até mesmo a própria mãe, Maria. Não o fez.
Dizer que Jesus não ordenou mulheres porque a sociedade da época era machista, misógina, patriarcal, whatever, não se sustenta. Basta lembrar o fato de que foi uma mulher - Maria Madalena - que primeiro viu o Senhor ressuscitado.
Bom lembrar que, naquela época, o testemunho de uma mulher não tinha valor perante um tribunal, valia menos que a palavra de uma criança. Se Jesus Cristo quisesse que a Ressureição fosse aceita mais facilmente, deveria escolher um homem para anunciá-la.
Mas escolheu Madalena como quisesse elevar a mulher e mostrar que ela era igual em dignidade. E a Igreja tem mulheres entre seus Doutores, as santas canonizadas se contam aos milhares.
O sacerdote age in persona Christi, e Jesus Cristo é o Noivo, o Esposo; a Noiva é a Igreja. Uma 'mulher' não pode ser casar com a Noiva. A Noiva tem um Noivo, a Esposa tem um Esposo.
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
Aborto e neopaganismo
Neguinho se acha iluminado e considera obscurantismo primitivo ser cristão - pior, católico! - e rezar pedindo a intercessão da Virgem Maria para proteção dos bebês na barriga de suas mães.
São os mesmos que consideram patamar superior de espiritualidade fazer oferendas à Deusa Mãe, a Pachamama e ao Eterno Feminino, revivendo práticas do paganismo primitivo e idólatra.
Pode conferir: os adoradores da Grande Mãe são geralmente empedernidos e combativos militantes do 'direito' ao aborto.
Ignoram (ignoram?) que o direito à vida foi garantido pelo cristianismo. Na 'civilizada' Roma, o pai tinha o direito de (até) matar o filho, sem ser acusado de homicídio. Era o pater familias.
Como já nascemos no que precisamente e acertadamente chamamos de 'civilização ocidental CRISTÃ", não se percebe mais as origens cristãs da civilização que se formou a partir da queda do Império Romano, ali pelo final do século IV.
Um pouco de informação e honestidade não faria mal a ninguém. Mas o diabo não deixa ninguém conhecer a própria história. Mas há sempre tempo.
São os mesmos que consideram patamar superior de espiritualidade fazer oferendas à Deusa Mãe, a Pachamama e ao Eterno Feminino, revivendo práticas do paganismo primitivo e idólatra.
Pode conferir: os adoradores da Grande Mãe são geralmente empedernidos e combativos militantes do 'direito' ao aborto.
Ignoram (ignoram?) que o direito à vida foi garantido pelo cristianismo. Na 'civilizada' Roma, o pai tinha o direito de (até) matar o filho, sem ser acusado de homicídio. Era o pater familias.
Como já nascemos no que precisamente e acertadamente chamamos de 'civilização ocidental CRISTÃ", não se percebe mais as origens cristãs da civilização que se formou a partir da queda do Império Romano, ali pelo final do século IV.
Um pouco de informação e honestidade não faria mal a ninguém. Mas o diabo não deixa ninguém conhecer a própria história. Mas há sempre tempo.
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Nem mãe nem madrasta.
Feminismo acha que é moderno mas faz o mesmo que a patriarcal sociedade romana pagã. Naqueles tempos, o pater familias dava ao pai direito de vida e morte sobre os filhos (e esposa e escravos). Bastava ao pai querer para poder matar.
Hoje, é igual. Se a mulher quer matar o filho na barriga, pode. O mundo regride. Estamos de volta ao mundo antigo, ao paganismo. Mulheres que abortam porque têm vontade também podem decidir engravidar e abortar para oferecer à Pachamama, à Deusa-Mãe, ao Eterno Feminino, o mais nobre dos holocaustos: um ser humano.
Para quem devolve à Mãe Terra o sangue menstrual ('a lua'), em ritual hoje praticado em parques públicos por 'sacerdotisas, pode achar a maior nobreza e gesto sublime oferecer o próprio filho em retribuição à Energia do Feminino, ao Poder da Magia e outras excelsas intenções e propósitos.
Se a mulher pode abortar porque foi estupro, porque não tem condições de criar o filho, porque a casa só tem um quarto, porque já tem outro filho, porque quer o quarto para fazer atelier, porque não quer estragar o corpo, porque não quer ser mãe, por que não quer o filho porque sim, qual o problema de gerar o filho, e abortar para oferece-lo a Deusa-Mãe? Maior nobreza.
Hoje, é igual. Se a mulher quer matar o filho na barriga, pode. O mundo regride. Estamos de volta ao mundo antigo, ao paganismo. Mulheres que abortam porque têm vontade também podem decidir engravidar e abortar para oferecer à Pachamama, à Deusa-Mãe, ao Eterno Feminino, o mais nobre dos holocaustos: um ser humano.
Para quem devolve à Mãe Terra o sangue menstrual ('a lua'), em ritual hoje praticado em parques públicos por 'sacerdotisas, pode achar a maior nobreza e gesto sublime oferecer o próprio filho em retribuição à Energia do Feminino, ao Poder da Magia e outras excelsas intenções e propósitos.
Se a mulher pode abortar porque foi estupro, porque não tem condições de criar o filho, porque a casa só tem um quarto, porque já tem outro filho, porque quer o quarto para fazer atelier, porque não quer estragar o corpo, porque não quer ser mãe, por que não quer o filho porque sim, qual o problema de gerar o filho, e abortar para oferece-lo a Deusa-Mãe? Maior nobreza.
domingo, 29 de julho de 2018
Aprender é (re)lembrar - Platão
Escrevi no Facebook dia 1º de maio de 2015 21:01
"Não há qualquer estranheza no fato de que muitos de nós nos derramamos em rapapés a Olavo de Carvalho, naqueles tempos que antecederam a recusa em continuar a ser seu admirador ou aluno.
A bem da verdade, alguma coisa boa aprendemos: Olavo diz sempre que não basta ser ex, é preciso ser anti. Por exemplo, não basta ser ex-comunista, é preciso ser anti-comunista. É dever moral, segundo OdeC, reparar o mal que fizemos, ao aliciar pessoas e fazer propaganda das virtudes de ser comunista.
Lição aprendida, é assim que eu faço diante da farsa intitulada Olavo de Carvalho. Denuncio e desmascaro. Se ele preferiu sacrificar a cultura que acumulou e seus talentos como professor para tornar-se um homem a caminho da degradação sem limites e sem medidas, acometido de vaidade atroz e descaradamente mentiroso, ele que arque com o resultado.
E ninguém se engane: Olavo é amoral, mas não é burro. O que ele está fazendo é empreitada seletiva. Os que ficarem a seu lado são os que lhe servem e de que ele precisa. Para onde ele vai, ele sabe quem é que ele leva.
PS: Bem pouco tempo antes de rejeitar radicalmente o marxismo e as idéias comunistas, eu vivia enaltecendo os feitos dos países socialistas e alçando às excelsas alturas homens da 'estirpe' de Fidel Castro.
Era uma atitude inconsciente de defesa, uma compensação pela insegurança de abandonar um terreno seguro, abrir mão de códigos e clichês que identificam (e te identificam perante) o grupo.
Em relação a Olavo de Carvalho, foi igual. Elegias e elogios à mancheia, antes de tomar vergonha na cara e cair fora."
"Não há qualquer estranheza no fato de que muitos de nós nos derramamos em rapapés a Olavo de Carvalho, naqueles tempos que antecederam a recusa em continuar a ser seu admirador ou aluno.
A bem da verdade, alguma coisa boa aprendemos: Olavo diz sempre que não basta ser ex, é preciso ser anti. Por exemplo, não basta ser ex-comunista, é preciso ser anti-comunista. É dever moral, segundo OdeC, reparar o mal que fizemos, ao aliciar pessoas e fazer propaganda das virtudes de ser comunista.
Lição aprendida, é assim que eu faço diante da farsa intitulada Olavo de Carvalho. Denuncio e desmascaro. Se ele preferiu sacrificar a cultura que acumulou e seus talentos como professor para tornar-se um homem a caminho da degradação sem limites e sem medidas, acometido de vaidade atroz e descaradamente mentiroso, ele que arque com o resultado.
E ninguém se engane: Olavo é amoral, mas não é burro. O que ele está fazendo é empreitada seletiva. Os que ficarem a seu lado são os que lhe servem e de que ele precisa. Para onde ele vai, ele sabe quem é que ele leva.
PS: Bem pouco tempo antes de rejeitar radicalmente o marxismo e as idéias comunistas, eu vivia enaltecendo os feitos dos países socialistas e alçando às excelsas alturas homens da 'estirpe' de Fidel Castro.
Era uma atitude inconsciente de defesa, uma compensação pela insegurança de abandonar um terreno seguro, abrir mão de códigos e clichês que identificam (e te identificam perante) o grupo.
Em relação a Olavo de Carvalho, foi igual. Elegias e elogios à mancheia, antes de tomar vergonha na cara e cair fora."
domingo, 18 de março de 2018
A coisa (não) está preta
A estudiosa Alba Zaluar expõe magistralmente a questão racial no Brasil, no artigo abaixo. Convém ler:
"DEDICO ESTE POST AOS MILITANTES DOS MOVIMENTOS NEGROS:
Em um campo mais próximo das realidades políticas, um debate como o da “raça” e da identidade dá lugar a semelhantes intrusões etnocêntricas. Uma representação histórica, surgida do fato de que a tradição americana calca, de maneira arbitrária, a dicotomia entre brancos e negros em uma realidade infinitamente mais complexa, pode até mesmo se impor em países em que os princípios de visão e divisão, codificados ou práticos, das diferenças étnicas são completamente diferentes e em que, como o Brasil, ainda eram considerados, recentemente, como contraexemplos do “modelo americano”.
A maior parte das pesquisas recentes sobre a desigualdade etno-racial no Brasil, empreendidas por americanos e latino-americanos formados nos Estados Unidos, esforçam-se em provar que, contrariamente à imagem que os brasileiros têm de sua nação, o país das “três tristes raças” (indígenas, negros descendentes dos escravos, brancos oriundos da colonização e das vagas de imigração européias) não é menos “racista” do que os outros; além disso, sobre esse capítulo, os brasileiros “brancos” nada têm a invejar em relação aos primos norte-americanos.
Ainda pior, o racismo mascarado à brasileira seria, por definição, mais perverso, já que dissimulado e negado. É o que pretende, em Orpheus and Power (1994), o cientista político afro-americano Michael Hanchard: ao aplicar as categorias raciais norte-americanas à situação brasileira, o autor erige a história particular do Movimento em favor dos Direitos Civis como padrão universal da luta dos grupos de cor oprimidos.
Em vez de considerar a constituição da ordem etno-racial brasileira em sua lógica própria, essas pesquisas contentam-se, na maioria das vezes, em substituir, na sua totalidade, o mito nacional da “democracia racial” (tal como é mencionada, por exemplo, na obra de Gilberto Freyre, 1978), pelo mito segundo o qual todas as sociedades são “racistas”, inclusive aquelas no seio das quais parece que, à primeira vista, as relações “sociais” são menos distantes e hostis. De utensílio analítico, o conceito de racismo torna-se um simples instrumento de acusação; sob pretexto de ciência, acaba por se consolidar a lógica do processo (garantindo o sucesso de livraria, na falta de um sucesso de estima).
Em um artigo clássico, publicado há trinta anos, o antropólogo Charles Wagley mostrava que a concepção da “raça” nas Amé- ricas admite várias definições, segundo o peso atribuído à ascendência, à aparência física (que não se limita à cor da pele) e ao status sociocultural (profissão, montante da renda, diplomas, região de origem, etc.), em função da história das relações e dos conflitos entre grupos nas diversas zonas (Wagley, 1965).
Os norte-americanos são os únicos a definir “raça” a partir somente da ascendência e, exclusivamente, em relação aos afro-americanos: em Chicago, Los Angeles ou Atlanta a pessoa é “negra” não pela cor da pele, mas pelo fato de ter um ou vários parentes identificados como negros, isto é, no termo da regressão, como escravos. Os Estados Unidos constituem a única sociedade moderna a aplicar a one-drop rule e o princípio de “hipodescendência”, segundo o qual os filhos de uma união mista são, automaticamente, situados no grupo in- ferior (aqui, os negros).
No Brasil, a identidade racial define-se pela referência a um continuum de “cor”, isto é, pela aplicação de um princípio flexível ou impreciso que, levando em consideração traços físicos como a textura dos cabelos, a forma dos lábios e do nariz e a posição de classe (principalmente, a renda e a educação), engendram um grande número de categorias intermediárias (mais de uma centena foram repertoriadas no censo de 1980) e não implicam ostracização radical nem estigmatização sem remédio.
Dão testemunho dessa situação, por exemplo, os índices de segregação exibidos pelas cidades brasileiras, nitidamente inferiores aos das metrópoles norte-americanas, bem como a ausência virtual dessas duas formas tipicamente norte-americanas de violência racial como são o linchamento e a motim urbano (Telles, 1995; Reid, 1992). Pelo contrário, nos Estados Unidos não existe categoria que, social e legalmente, seja reconhecida como “mestiço” (Davis, 1991; Williamson, 1980).
Aí, temos a ver com uma divisão que se assemelha mais à das castas definitivamente definidas e delimitadas (como prova, a taxa excepcionalmente baixa de intercasamentos: menos de 2% das afro-americanas contraem uniões “mistas”, em contraposição à metade, aproximadamente, das mulheres de origem hispanizante e asiática que o fazem) que se tenta dissimular, submergindo-a pela “globalização” no universo das visões diferenciantes.
Mas todos esses mecanismos que têm como efeito favorecer uma verdadeira “globalização” das problemáticas americanas, dando, assim, razão, em um aspecto, à crença americanocêntrica na “globalização” entendida, simplesmente, como americanização do mundo ocidental e, aos poucos, de todo o universo, não são suficientes para explicar a tendência do ponto de vista americano, erudito ou semi-erudito, sobre o mundo, para se impor como ponto de vista universal, sobretudo quando se trata de questões tais como a da “raça” em que a particularidade da situação americana é particularmente flagrante e está particularmente longe de ser exemplar.
Poder-se-ia ainda invocar, evidentemente, o papel motor que desempenham as grandes fundações americanas de filantropia e pesquisa na difusão da doxa racial norte-americana no seio do campo universitário brasileiro, tanto no plano das representações, quanto das práticas. Assim, a Fundação Rockefeller financia um programa sobre “Raça e Etnicidade” na Universidade Federal do Rio de Janeiro, bem como o Centro de Estudos Afro-Asiáticos (e sua revista Estudos Afro-Asiáticos) da Universidade Candido Mendes, de maneira a favorecer o intercâmbio de pesquisadores e estudantes.
Para a obtenção de seu patrocínio, a Fundação impõe como condição que as equipes de pesquisa obedeçam aos critérios de affirmative action à maneira americana, o que levanta problemas espinhosos já que, como se viu, a dicotomia branco/negro é de aplicação, no mínimo, arriscada na sociedade brasileira."
Eu não esperava apoio para o que venho dizendo há pelo menos 30 anos, assim como os colegas Peter Fry e Yvonne Maggie entre vários outros, de Pierre Bourdieu e Loïc Wacquant, dois intelectuais reconhecidamente de esquerda. Eles dois não citam nossos trabalhos, mas estão de pleno acordo com eles. O texto completo está em Estudos Afro-Asiáticos, Ano 24, no 1, 2002, pp. 15-33.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Aborto: ser ou não ser
Direito ao aborto: muitos defensores do aborto lançam mão do argumento de que a ciência não chegou à conclusão de que um zigoto de um segundo de existência, um embrião de poucos dias ou um feto de várias semanas é um ser humano. Mas a mesma ciência também não concluiu - e nunca afirmou - que um zigoto de um segundo de existência, um embrião de poucos dias ou um feto de várias semanas não é um ser humano. Logo, pode ser (todo mundo sabe que é, mas deixemos assim).
Se não for ser humano, quem é contra o aborto pagará no máximo um mico de ter defendido um amontoado de células indeterminadas e amorfas, assim como cutículas, cabelo ou calo. Se for ser humano, aí não pode matar. Ponto final. Tem 50% de chance de ser e 50% de chance de não ser. Matar um ser humano inocente e indefeso é assassinato. Crime hediondo. Não dá para justificar sob hipótese alguma. Na dúvida se é ou não um ser humano, não pode matar.
Se não for ser humano, quem é contra o aborto pagará no máximo um mico de ter defendido um amontoado de células indeterminadas e amorfas, assim como cutículas, cabelo ou calo. Se for ser humano, aí não pode matar. Ponto final. Tem 50% de chance de ser e 50% de chance de não ser. Matar um ser humano inocente e indefeso é assassinato. Crime hediondo. Não dá para justificar sob hipótese alguma. Na dúvida se é ou não um ser humano, não pode matar.
Casa, separa; casa, separa. Ah, para que casar?
Há uma frase do pregador oficial da Casa Pontifícia e do Papa, o frade franciscano Raniero Cantalamessa, que eu costumo repetir: o mal é mal porque faz mal. Quando o Congresso Nacional aprovou a lei do divórcio, em 77 (eu estava lá, assisti de corpo presente), o seu maior defensor, o senador Nelson Carneiro, repetia insistentemente que a medida não era para os casais felizes no matrimônio. O divórcio seria para os que não tinham conseguido salvar o casamento e eram discriminados - a mulher era 'concubina' e os filhos eram chamados 'naturais, vistos como 'bastardos'.
Era, assim, a segunda chance. Permitia-se o divórcio uma única vez. É claro que a coisa não ficou por aí. Ora, se pode uma vez, por que não duas? Se pode duas, por não trinta? E é assim.
Pior, ninguém se casa mais, nem no civil. As famílias constituídos por núcleo tradicional - pai, mãe e filhos - vão rareando. As composições - meios irmãos, filhos da namorada de meu pai, filho do ex-marido da minha mãe com outra mulher e vai por aí - hoje é a regra.
Pois é, o que é que tem, não é? O que importa é o amor. Nunca vi sociedade para se amar mais que a nossa. E (não) espanta e (não) intriga que esta mesma sociedade, em que comprovadamente há menos escassez e muito mais bens à disposição da grande maioria da população (dizer o contrário é mantra de esquerdista desonesto, não há mais pobreza no mundo. Ponto), produza níveis de violência cada vez maiores.
E o fator determinante -em que a miséria e desigualdade contam como agravantes - é a desestruturação familiar. Lares desfeitos, filhos sem pai, sem noção de autoridade, mães obrigadas a trabalhar para sustentar a casa porque os pais dos filhos abandonam a casa ou nem chegam a formar família porque os filhos são fruto de 'sexo casual', geralmente na adolescência, e outras situações como estas. Filhos são criados pelos avós ou por 'padrastos', estes também casuais, romances efêmeros. É comum notícia de estupro de meninas por 'padrastos' pouco mais velhos que elas, os tais 'namorados de minha mãe'.
Hoje, não há mais empenho dos casais em salvar o casamento em vista do bem da família e dos filhos. Mulher não precisa mais de homem, senta-lhe um pé na bunda logo na primeira vez em que alguma coisa não está boa, assim naquela vibe de que "ninguém deva ficar preso em uma relação infeliz se não desejar".
E a fila anda. Deixou filhos pelo meio? Problema nenhum. Hoje, é normal, criança não se importa de mudar de mãe, de pai, de casa, de família, de irmãos. Tempos modernos.
A Igreja Católica tem dois mil anos. Ela nunca mudou o seu entendimento sobre o matrimônio. É indissolúvel. E ninguém como a Igreja acolhe e ampara os casais que se separam. Mas permissão para casar duas, três, trinta vezes? Não.Só uma perante Deus.
Por que? Porque a Igreja acredita em Nosso Senhor Jesus Cristo e nas Sagradas Escrituras, onde está escrito que 'o que Deus uniu o homem não separe'. A Igreja tem em vista a eternidade, ela não é moderna, é eterna.
Os maus frutos da dissolução do casamento estão aí. Só não vê quem não quer. Hoje, o tal 'amor' justifica aberrações como as mostradas no Fantástico: um filho gerado por um homem vestido de mulher e uma mulher vestida de homem. O 'homem' gerou, pariu e amamenta o filho. Nós estamos ensandecendo? Nós vamos ver coisas assim e dizer que isto é normal, porque o amor é lindo? (to be continued)
Era, assim, a segunda chance. Permitia-se o divórcio uma única vez. É claro que a coisa não ficou por aí. Ora, se pode uma vez, por que não duas? Se pode duas, por não trinta? E é assim.
Pior, ninguém se casa mais, nem no civil. As famílias constituídos por núcleo tradicional - pai, mãe e filhos - vão rareando. As composições - meios irmãos, filhos da namorada de meu pai, filho do ex-marido da minha mãe com outra mulher e vai por aí - hoje é a regra.
Pois é, o que é que tem, não é? O que importa é o amor. Nunca vi sociedade para se amar mais que a nossa. E (não) espanta e (não) intriga que esta mesma sociedade, em que comprovadamente há menos escassez e muito mais bens à disposição da grande maioria da população (dizer o contrário é mantra de esquerdista desonesto, não há mais pobreza no mundo. Ponto), produza níveis de violência cada vez maiores.
E o fator determinante -em que a miséria e desigualdade contam como agravantes - é a desestruturação familiar. Lares desfeitos, filhos sem pai, sem noção de autoridade, mães obrigadas a trabalhar para sustentar a casa porque os pais dos filhos abandonam a casa ou nem chegam a formar família porque os filhos são fruto de 'sexo casual', geralmente na adolescência, e outras situações como estas. Filhos são criados pelos avós ou por 'padrastos', estes também casuais, romances efêmeros. É comum notícia de estupro de meninas por 'padrastos' pouco mais velhos que elas, os tais 'namorados de minha mãe'.
Hoje, não há mais empenho dos casais em salvar o casamento em vista do bem da família e dos filhos. Mulher não precisa mais de homem, senta-lhe um pé na bunda logo na primeira vez em que alguma coisa não está boa, assim naquela vibe de que "ninguém deva ficar preso em uma relação infeliz se não desejar".
E a fila anda. Deixou filhos pelo meio? Problema nenhum. Hoje, é normal, criança não se importa de mudar de mãe, de pai, de casa, de família, de irmãos. Tempos modernos.
A Igreja Católica tem dois mil anos. Ela nunca mudou o seu entendimento sobre o matrimônio. É indissolúvel. E ninguém como a Igreja acolhe e ampara os casais que se separam. Mas permissão para casar duas, três, trinta vezes? Não.Só uma perante Deus.
Por que? Porque a Igreja acredita em Nosso Senhor Jesus Cristo e nas Sagradas Escrituras, onde está escrito que 'o que Deus uniu o homem não separe'. A Igreja tem em vista a eternidade, ela não é moderna, é eterna.
Os maus frutos da dissolução do casamento estão aí. Só não vê quem não quer. Hoje, o tal 'amor' justifica aberrações como as mostradas no Fantástico: um filho gerado por um homem vestido de mulher e uma mulher vestida de homem. O 'homem' gerou, pariu e amamenta o filho. Nós estamos ensandecendo? Nós vamos ver coisas assim e dizer que isto é normal, porque o amor é lindo? (to be continued)
quarta-feira, 15 de março de 2017
Feio não é bonito não.
Quer saber? Vamos parar de endeusar grafiti. Tem é muita coisa medonha, feiúra explícita, monstruosidade estética. Arte no duro não deve passar de pouco mais de qualquer coisa.
Conheci na sola do pé mais de duzentas cidades da Europa em meados dos anos 80, quando não havia a infestação do grafiti e da pichação. Vi cidades deslumbrantes , maravilhosas, belíssimas. Algumas totalmente acinzentadas. Com mais de mil anos. Alguém jA imaginou a Umbria, a Toscana, a Andaluzia a Baviera 'enriquecidas' pela ação de grafiteiros e pichadores?
Claro que arte é arte na rua e no Prado, mas chega de folclore e ares de superioridade moral para falar e defender o que nem sempre é defensável. A feiúra de São Paulo não é falta de cor, é falta de coragem de todos nós para dar jeito nela.
Conheci na sola do pé mais de duzentas cidades da Europa em meados dos anos 80, quando não havia a infestação do grafiti e da pichação. Vi cidades deslumbrantes , maravilhosas, belíssimas. Algumas totalmente acinzentadas. Com mais de mil anos. Alguém jA imaginou a Umbria, a Toscana, a Andaluzia a Baviera 'enriquecidas' pela ação de grafiteiros e pichadores?
Claro que arte é arte na rua e no Prado, mas chega de folclore e ares de superioridade moral para falar e defender o que nem sempre é defensável. A feiúra de São Paulo não é falta de cor, é falta de coragem de todos nós para dar jeito nela.
(P)ARTE DA RUA
É da natureza da street art não ser definitiva. Ela tem esta pegada da arte provisória, temporária, ocasional, que reflete o mo(vi)mento da cidade, as reivindicações de suas tribos, protestos, paixões, vibes.
Cada um pode chegar e apagar o que existia ali, pintar por cima, recriar, interferir, além de que um grafiti sofre a degradação e desgaste naturais pelas condições climáticas (mofo, lodo, chuva, poeira etc) e ação humana (pichações, riscos, perfurações).
Não é uma arte permanente, mantida em condições ideais de conservação, como num museu ou galeria. Além de que não se pode imaginar que uma cidade seja inteirinha coberta por desenhos e figuras de um mesmo estilo artístico e padrão gráfico, não sendo poupado um único centímetro, seja de espaço público ou privado. Nem se fosse Michelangelo.
Quem trabalha na área da cultura, em órgãos governamentais, sabe que 'interferir' numa obra de arte pública é crime, não apenas legal, mas cultural. É permitido pichar, fazer grafitis 'criativos' na Catedral de Brasilia, no Memorial de JK, no Teatro Nacional? Vamos liberar as cúpulas do Congresso Nacional para os 'artistas do povo' exprimirem suas idéias, expressarem seus devaneios? Não.
É má-fé acusar João Dória de querer sufocar, oprimir e calar 'o povo'. É obrigação de todo prefeito cuidar da cidade. Marilena Chaui foi Secretaria de Cultura de Luíza Erundina e combateu as pichações, preservando monumentos e espaços públicos. Haddad, o Tranquilão, fez o mesmo. E tinham de fazê-lo.
Claro que nesta ação de preservação e limpeza acabam sendo apagados grafitis de valor artístico, coisas que deveriam permanecer. Mas imagina: a cada desenho encontrado, chama-se o crítico de arte para avaliar se este ou aquele grafiti deve ser mantido ou apagado.
E muro particular, eu tenho o direito de impedir até Michelangelo de pintar nele o Juízo Final (eu fazia o BO, mas como a burocracia é lenta, quando fosse decidido que ele não podia pintar meu muro, o afresco estava pronto. Aí, eu, magnanimamente, deixava lá no muro. E construía uma museu, com o muro dentro).
Cada um pode chegar e apagar o que existia ali, pintar por cima, recriar, interferir, além de que um grafiti sofre a degradação e desgaste naturais pelas condições climáticas (mofo, lodo, chuva, poeira etc) e ação humana (pichações, riscos, perfurações).
Não é uma arte permanente, mantida em condições ideais de conservação, como num museu ou galeria. Além de que não se pode imaginar que uma cidade seja inteirinha coberta por desenhos e figuras de um mesmo estilo artístico e padrão gráfico, não sendo poupado um único centímetro, seja de espaço público ou privado. Nem se fosse Michelangelo.
Quem trabalha na área da cultura, em órgãos governamentais, sabe que 'interferir' numa obra de arte pública é crime, não apenas legal, mas cultural. É permitido pichar, fazer grafitis 'criativos' na Catedral de Brasilia, no Memorial de JK, no Teatro Nacional? Vamos liberar as cúpulas do Congresso Nacional para os 'artistas do povo' exprimirem suas idéias, expressarem seus devaneios? Não.
É má-fé acusar João Dória de querer sufocar, oprimir e calar 'o povo'. É obrigação de todo prefeito cuidar da cidade. Marilena Chaui foi Secretaria de Cultura de Luíza Erundina e combateu as pichações, preservando monumentos e espaços públicos. Haddad, o Tranquilão, fez o mesmo. E tinham de fazê-lo.
Claro que nesta ação de preservação e limpeza acabam sendo apagados grafitis de valor artístico, coisas que deveriam permanecer. Mas imagina: a cada desenho encontrado, chama-se o crítico de arte para avaliar se este ou aquele grafiti deve ser mantido ou apagado.
E muro particular, eu tenho o direito de impedir até Michelangelo de pintar nele o Juízo Final (eu fazia o BO, mas como a burocracia é lenta, quando fosse decidido que ele não podia pintar meu muro, o afresco estava pronto. Aí, eu, magnanimamente, deixava lá no muro. E construía uma museu, com o muro dentro).
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Viva o pixo.
"Xô, Figueiredo". Brasília lavou a alma quando leu a frase pichada num paredão da Rodoviária da cidade, lá pelo início de 81. Aquelas duas palavras decretaram o fim da ditadura . A Gloriosa acabou ali.
Imagina, em pleno regime militar, na cidade mais policiada do Brasil, alguém ter a coragem de cravar aquele grito preso na garganta dos brasileiros num muro branco, em pleno Eixo Monumental, a apenas poucos quilômetros do temido Forte Apache, apelido com que é conhecido o Quartel-General do Comando do Exército Brasileiro, em Brasília.
O protesto durou pouco, a pichação sumiu, a parede foi limpa rapidamente, mas quem viu, sorriu. Eu vi. Não existia celular naquela época, mas deve existir uma fotografia daquele "Xô, Figueiredo". Aquilo sim, era protesto. E transgressão.
Imagina, em pleno regime militar, na cidade mais policiada do Brasil, alguém ter a coragem de cravar aquele grito preso na garganta dos brasileiros num muro branco, em pleno Eixo Monumental, a apenas poucos quilômetros do temido Forte Apache, apelido com que é conhecido o Quartel-General do Comando do Exército Brasileiro, em Brasília.
O protesto durou pouco, a pichação sumiu, a parede foi limpa rapidamente, mas quem viu, sorriu. Eu vi. Não existia celular naquela época, mas deve existir uma fotografia daquele "Xô, Figueiredo". Aquilo sim, era protesto. E transgressão.
Bandido não é juiz
Eu não dou a bandido o direito de fazer justiça. Se os presos que foram decapitados e esquartejados eram criminosos violentos e cruéis, não é outro criminoso igualmente violento e cruel que vai lhes dar o 'castigo merecido'. Que um e outro cumpram a pena que a lei estabeleceu.
As cadeias brasileiras são desumanas, nós o sabemos, mas elas são umbrais do inferno também porque a sua clientela é gente que não teme a Deus, para além da desigualdade e injustiça que imperam na sociedade. Gente que acha que quem esquarteja e arranca coração só precisa de oficina de artesanato na cadeia, para a sua 'recuperação', bem merecia uma 'visita' de umas destas 'vítimas da sociedade' à sua casa numa noite em que estivesse sozinha.
PS: não desejo a ninguém, de coração, que receba este tipo de visita, É força de expressão, figura de linguagem.
As cadeias brasileiras são desumanas, nós o sabemos, mas elas são umbrais do inferno também porque a sua clientela é gente que não teme a Deus, para além da desigualdade e injustiça que imperam na sociedade. Gente que acha que quem esquarteja e arranca coração só precisa de oficina de artesanato na cadeia, para a sua 'recuperação', bem merecia uma 'visita' de umas destas 'vítimas da sociedade' à sua casa numa noite em que estivesse sozinha.
PS: não desejo a ninguém, de coração, que receba este tipo de visita, É força de expressão, figura de linguagem.
Dirceu e Marcola são letrados
Eu prefiro escola a presídio. Mas a oposição não é esta. Marcola leu mais de três mil livros, Nietszche é seu preferido. Por que não largou o crime? Sabe como ele(s) se refere(m) a quem trabalha honestamente? Otário.
Não é (falta de) escola que faz alguém optar pelo crime. As razões podem ser enumeradas, não estudar, não frequentar os bancos escolares, tem influência, mas não explica. Quer ver? Pensa em José Dirceu, só para citar um exemplo paradigmático. Virou criminoso porque não estudou? O seu crime não é só colarinho branco e corrupção, seu nome está envolvido, junto a Lula e Gilberto Carvalho, ao assassinato de Celso Daniel. Crime torpe, cruel, premeditado. Celso Daniel foi torturado antes de morrer, sem direito de defesa. Faltou escola para Zé Dirceu?
Não é (falta de) escola que faz alguém optar pelo crime. As razões podem ser enumeradas, não estudar, não frequentar os bancos escolares, tem influência, mas não explica. Quer ver? Pensa em José Dirceu, só para citar um exemplo paradigmático. Virou criminoso porque não estudou? O seu crime não é só colarinho branco e corrupção, seu nome está envolvido, junto a Lula e Gilberto Carvalho, ao assassinato de Celso Daniel. Crime torpe, cruel, premeditado. Celso Daniel foi torturado antes de morrer, sem direito de defesa. Faltou escola para Zé Dirceu?
Vale quanto pesa
A moda agora é dizer que mulher gorda é fetiche sexual. O foco é o fim da ditadura estética opressora que impõe a magreza curvilínea como padrão de beleza. O combate ao preconceito é radical, ele não se limita à exaltação das gordinhas gostosinhas, plus size, cheias de curvas e recheios e já tem quem garante que obesidade mórbida também é bonito e seduz. Pelo novo padrão, a mulher bonita e sensual vale quanto pesa.
O mais engraçado é que a mulherada que combate a coisificação da mulher e denuncia a submissão ao padrão fitness das coxas e peitos perfeitos, barriguinha chapada e bundinha empinada, curte adivinha o quê? Homens sarados que exibem invejáveis abdomens tanquinho, coxas e bíceps rijos e volumosos e tórax musculosos. Mas isto não é coisificar o homem? Manda esta mulherada escolher entre Jô Soares de terno e David Beckham de cueca. Aí, eu quero ver convicção.
O mais engraçado é que a mulherada que combate a coisificação da mulher e denuncia a submissão ao padrão fitness das coxas e peitos perfeitos, barriguinha chapada e bundinha empinada, curte adivinha o quê? Homens sarados que exibem invejáveis abdomens tanquinho, coxas e bíceps rijos e volumosos e tórax musculosos. Mas isto não é coisificar o homem? Manda esta mulherada escolher entre Jô Soares de terno e David Beckham de cueca. Aí, eu quero ver convicção.
domingo, 12 de fevereiro de 2017
A lésbica anti-gay: Camille Paglia e a coragem da liberdade.
Giampaolo Rossi (Il Giornale)
Camille Paglia é uma das pensadoras mais originais do nosso tempo. Americana de ascendência italiana, representa uma das inteligências mais livres, contraditórias e desmistificadoras da cultura contemporânea
É feminista, mas despreza o feminismo contemporâneo, que define como "doente, indiscriminado e neurótico" e o persegue com implacável ironia: "Deixar o sexo para as feministas é como sair de férias deixando o seu cão com um taxidermista".
Admira as mulheres emancipadas dos anos 20 e 30 dos Novecentos (como é chamado o século XX) "porque elas não atacavam os homens, não os insultavam, nem os consideravam a fonte de todos os seus problemas, enquanto que, hoje em dia, as feministas culpam os homens por tudo" .
DE ESQUERDA
Camille Paglia é de esquerda mas reconhece que "Democratas, que têm a pretensão de falar em nome dos pobres e desfavorecidos, são sempre cada vez mais o partido de uma elite de intelectuais e acadêmicos."
Ela, ícone de uma cultura radical-chic que vai ao fundo em 68, explica a inutilidade de intelectuais que, "com todas as suas fantasias de esquerda, têm pouco conhecimento prático da vida americana."
ATÉIA
Camille Paglia é atéia, mas ai de quem tocar no papel histórico da religião, especialmente do cristianismo: "Eu tenho um enorme respeito pela religião, que eu considero uma fonte de valor psicológico infinitamente mais rica, ética e cultural que o tolo e mortífero pós-estruturalismo , que foi transformado numa religião secular. "
LÉSBICA
Camille Paglia é lésbica e, em muitas entrevistas, ela fala de seu comportamento juvenil transexual; no entanto, ela admite que "os códigos morais são a civilização. Sem eles, ela seria esmagada pela barbárie caótica do sexo, da tirania da natureza ".
Detesta a estupidez das mobilizações gays e a intolerância dos homossexuais, e quando lhe perguntamos "por que nos últimos anos não surgiu nenhum líder gay remotamente semelhante à estatura de Martin Luther King", ela responde: "Porque o ativismo negro inspirou-se nas profundas tradições espirituais da igreja a que a retórica política gay sempre foi hostil de maneira infantil. Estridente, egoísta e doutrinário, o ativismo gay é completamente desprovido de perspectiva filosófica ".
Ela, que afirma ter sido a primeiro estudante lésbica a se assumir como tal na Universidade de Yale, reconhece que "a homossexualidade não é normal; ao contrário, é um desafio à norma".
E sobre as novas fronteiras da procriação assistida, diz que está "preocupado com a mistura perniciosa entre ativismo gay e ciência que produz mais propaganda do que verdade."
Ela reconhece que a sua homossexualidade e suas tendências transexuais são uma "disfunção de gênero", porque na natureza "há apenas dois sexos determinados biologicamente", e os casos de androginia efetiva são muito raros ", o resto é fruto de propaganda."
Quanto àqueles pais que, graças a médicos condescendentes, mudam o sexo das crianças em face de comportamentos aparentemente transexuais, Camille Paglia não admite justificativas: "É uma forma de abuso infantil."
Fique claro: para Camille Paglia, não está em questão o direito de qualquer homem ou mulher adultos viver a sua sexualidade com liberdade e amor; nem o dever de um Estado de reconhecer os direitos fundamentais de cada indivíduo para alcançar a sua própria auto-realização, mesmo no campo da afetividade e sexualidade; o que está em discussão é pacto mefistofélico que o Ocidente está fazendo com a Técnica para romper a ordem natural: "A natureza existe, goste-se ou não; e na natureza, a procriação é uma regra única e implacável. "
TRANSGÊNEROS E O DECLÍNIO DO OCIDENTE
Alguns meses atrás, diante das câmeras dO Roda Viva, o famoso programa de entrevista da emissora brasileira TV Cultura, ela foi ainda mais clara: "o aumento da homossexualidade e do transexualismo são um sinal do declínio de uma civilização."
Não há qualquer julgamento moral nesta afirmação (e como poderia haver?), mas uma análise histórica sobre o Ocidente, e que interpreta os sinais do seu tempo; "Ao contrário das pessoas que elogiam o liberalismo humanitário que permite e incentiva todas estas possibilidades transgêneros, eu estou preocupado sobre como a cultura ocidental é definida no mundo, porque este fenômeno na verdade incentiva os irracionais, eu diria, os psicóticos opositores do Ocidente, como os jihadistas do Isis"
"Nada define melhor a decadência do Ocidente de que a nossa tolerância com a homossexualidade declarada e com o transexualismo".
Palavras de uma extraordinária e corajosa pensadora lésbica.
http://blog.ilgiornale.it/rossi/2016/01/27/la-lesbica-anti-gay-camille-paglia-e-il-coraggio-della-liberta/
PS: (aqui abaixo, a entrevista no original, em italiano)
La lesbica anti-gay: Camille Paglia e il coraggio della libertà
Camille Paglia è una delle più originali pensatrici del nostro tempo. Americana di origini italiane, rappresenta una delle intelligenze più libere, contraddittorie e dissacranti della cultura contemporanea.
È femminista ma disprezza il femminismo contemporaneo che definisce “malato, indiscriminato e nevrotico” e lo rincorre con spietata ironia: “lasciare il sesso alle femministe è come andare in vacanza lasciando il tuo cane ad un impagliatore”.
Ammira le donne emancipate degli anni ’20 e ’30 del ‘900 “perché non attaccavano gli uomini, non li insultavano, non li ritenevano la fonte di tutti i loro problemi, mentre al giorno d’oggi le femministe incolpano gli uomini di tutto”.
DI SINISTRA
Camille Paglia è di sinistra ma riconosce che “i Democratici che pretendono di parlare ai poveri e ai diseredati, sono sempre più il partito di un’élite fatta d’intellettuali e accademici”.
Lei, icona di una cultura radical-chic che affonda nel ’68, spiega l’inutilità degli intellettuali che “con tutte le loro fantasie di sinistra, hanno poca conoscenza diretta della vita americana”.
ATEA
Camille Paglia è atea ma guai a chi le tocca il ruolo storico della religione e sopratutto del cristianesimo: “ho un rispetto enorme per la religione, che considero una fonte di valore psicologico, etico e culturale infinitamente più ricca dello sciocco e mortifero post-strutturalismo, che è diventato una religione secolarizzata”.
LESBICA
Camille Paglia è lesbica ed in molte interviste ricorda la sua attitudine giovanile transessuale, eppure ammette che “i codici morali sono la civiltà. Senza di essi saremmo sopraffatti dalla caotica barbarie del sesso, dalla tirannia della natura”.
Detesta la stupidità delle mobilitazioni gay e l’intolleranza degli omosessuali e quando le si domanda: “Perché in questi anni non c’è stato nessun leader gay lontanamente vicino alla statura di Martin Luther King?” Lei risponde: “Perché l’attivismo nero si è ispirato alla profonde tradizioni spirituali della chiesa a cui la retorica politica gay è stata ostile in maniera infantile. Stridulo, egoista e dottrinario, l’attivismo gay è completamente privo di prospettiva filosofica”.
Lei, che rivendica di essere stata la prima studentessa lesbica a fare outing all’università di Yale, riconosce che “l’omosessualità non è normale; al contrario si tratta di una sfida alla norma”.
E sulle nuove frontiere della procreazione assistita, si dice “preoccupata dalla mescolanza perniciosa tra attivismo gay e scienza che produce più propaganda che verità”.
Riconosce che la sua omosessualità e le sue tendenze transgender sono una “forma di disfunzione di genere” perché in natura “ci sono solo due sessi determinati biologicamente”; e i casi di effettiva androginia sono rarissimi, “il resto è frutto di propaganda”.
Verso quei genitori che, grazie a medici compiacenti, cambiano il sesso dei figli a fronte di comportamenti apparentemente transessuali, Camille Paglia non ammette giustificazioni: “È una forma di abuso di minori”.
Sia chiaro: per Camille Paglia, in ballo non c’è il diritto di ogni uomo o donna adulti di vivere la propria sessualità con libertà e amore; né il dovere di uno Stato di riconoscere fondamentali diritti di ogni individuo a raggiungere la propria realizzazione di sé, anche in campo affettivo o sessuale; in ballo c’è il patto mefistofelico che l’Occidente sta facendo con la Tecnica per disarticolare l’ordine naturale: “La natura esiste, piaccia o no; e nella natura, la procreazione è una sola, regola implacabile”.
TRANSGENDER E DECLINO DELL’OCCIDENTE
Qualche mese fa, davanti alle telecamere di Roda Viva, il famoso format televisivo brasiliano di Tv Cultura, è stata ancora più chiara: “l’aumento dell’omosessualità e del transessualismo sono un segnale del declino di una civiltà”.
Non c’è alcun giudizio morale in questa affermazione (e come potrebbe esserci?) ma un’analisi storica sull’Occidente che interpreta i segni del tempo; “a differenza delle persone che lodano il liberalismo umanitario che permette e incoraggia tutte queste possibilità transgender, io sono preoccupata di come la cultura occidentale viene definita nel mondo, perché questo fenomeno in realtà incoraggia gli irrazionali e, direi, psicotici oppositori dell’Occidente come i jihadisti dell’Isis”.
“Nulla definisce meglio la decadenza dell’Occidente che la nostra tolleranza dell’omosessualità aperta e del transessualismo”.
Parole di una straordinaria e coraggiosa pensatrice lesbica.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Viva São Paulo
Quem é que falou que São Paulo não tem vida? É uma cidade fascinante, instigante, criativa, sensual, charmosa, rica (e pobre, eu sei), universal, cosmopolita, chique, louca, tribos e vibes, tem (de) tudo. Tudo o que queremos é falar mal dela, mas vivendo aqui. A primeira coisa quando saímos de São Paulo é ficarmos loucos para voltar. Pichação e grafiti são mesmo a cara de São Paulo, no que tem de bom e mau na pichação e no grafiti.
Idade da Pedra, Idade das Trevas?
A arte é misteriosa e mágica. Basta pensar a quem fez as pinturas rupestres das cavernas de Lascaux, há vinte mil anos, na França. Se estivessem no Museu do Prado, no Louvre, ou MoMa, estariam no lugar certo. E quem as fez não devia estar preocupado com sua perenidade ou transitoriedade.
A dir bene, era um grafiteiro. Depois que ele 'obrou', aquilo lá não era mais dele. Mas sempre será de quem as fez. Ainda que não tenha nome, não tenha assinatura.
As catedrais góticas da Idade Média (nos referimos a coisas 'medievais' como primitivas, cruéis, sem racionalidade por desonestidade da Idade das Luzes e por figura de linguagem, hoje sabemos) são o ápice da arte humana, da civilização. E nestas catedrais não havia autoria (O abade Suger, o arquiteto, é impossível desconhecer). Os escultores, pintores e vitralistas (existe o termo?) não assinavam suas obras. Era vaidade, imagina querer que reverenciassem quem as tinham produzido. As obras eram feitas para a glória de Deus.
A dir bene, era um grafiteiro. Depois que ele 'obrou', aquilo lá não era mais dele. Mas sempre será de quem as fez. Ainda que não tenha nome, não tenha assinatura.
As catedrais góticas da Idade Média (nos referimos a coisas 'medievais' como primitivas, cruéis, sem racionalidade por desonestidade da Idade das Luzes e por figura de linguagem, hoje sabemos) são o ápice da arte humana, da civilização. E nestas catedrais não havia autoria (O abade Suger, o arquiteto, é impossível desconhecer). Os escultores, pintores e vitralistas (existe o termo?) não assinavam suas obras. Era vaidade, imagina querer que reverenciassem quem as tinham produzido. As obras eram feitas para a glória de Deus.
Para quem quer saber sobre a indústria do aborto nos Estados Unidos: quase 350 mil abortos foram realizados no ano fiscal entre 2013 e 2014. Três de cada quatro mulher que abortou são negras. Para que Ku Klux Klan?
Donald Trump cortou o financiamento das atividades no exterior da principal instituição aborteira dos Estados Unidos - a Planned Parentohood, que recebeu no último ano 530 milhões de dinheiro público. A PP doou $ 30 milhões de dólares para Hillary Clinton, que defendeu o aborto até os nove meses de gravidez. É o chamado partial birth abortion. A criança pronta para nascer é retirada do ventre materno, mantendo apenas a cabeça ligada ao corpo da mãe. Então, o médico enfia uma tesoura na nuca da criança e pelo orifício, suga o seu cérebro. É preciso que a cabeça do bebê fique dentro do corpo da mãe, assim ele não 'nasceu'. A lei não permite o seu assassinato depois de nascer (sic)
Alexandre Borges
Donald Trump cortou o financiamento das atividades no exterior da principal instituição aborteira dos Estados Unidos - a Planned Parentohood, que recebeu no último ano 530 milhões de dinheiro público. A PP doou $ 30 milhões de dólares para Hillary Clinton, que defendeu o aborto até os nove meses de gravidez. É o chamado partial birth abortion. A criança pronta para nascer é retirada do ventre materno, mantendo apenas a cabeça ligada ao corpo da mãe. Então, o médico enfia uma tesoura na nuca da criança e pelo orifício, suga o seu cérebro. É preciso que a cabeça do bebê fique dentro do corpo da mãe, assim ele não 'nasceu'. A lei não permite o seu assassinato depois de nascer (sic)
Alexandre Borges
De acordo com o relatório anual da Planned Parenthood que acaba de ser divulgado, no último ano fiscal (01/07/2013 a 30/06/2014) a corporação foi responsável por 327.653 abortos nos EUA, ou seja, a cada 1 minuto e meio uma criança foi morta.
O aborto é um grande negócio para a empresa. A bilionária corporação da morte faturou US$ 528,4 milhões do governo americano no período, o que representou 41% de todo seu faturamento.
A Planned Parenthood foi fundada em 1921 pela enfermeira Margaret Sanger, uma ativista filiada à Ku Klux Klan que tinha como objetivo controlar o nascimento de negros e pobres. Ela era uma entusiasta da política de esterilização em massa e do sexo livre. Margaret Sanger chegou a propor que o governo instituísse um sistema de licenças para permitir quem pode ou não gerar filhos, algo como a política chinesa do filho único numa versão ainda mais radical. Ela acreditava nas teorias eugênicas e via no aborto uma maneira de "limpar e purificar" a raça humana.
O conglomerado abortista é presidido desde 2006 por Cecile Richards (foto), 57 anos, filiada ao Partido Democrata e próxima à Nancy Pelosi e Barack Obama. Ela é também conselheira da Fundação Ford, uma das mais importantes financiadoras da esquerda mundial.
sábado, 7 de janeiro de 2017
O homem precisa de beleza
A degradação de São Paulo, desfigurada pela estupidez e impunidade dos vândalos pichadores (c'mon, arte è tutta un'altra cosa), não começou com Fernando Haddad, mas dizia São Paulo, "as palavras convencem, o exemplo arrasta".
O prefeito petista podia, como fez ao sair de spray na mão pintando muros, dar apoio aos grafiteiros talentosos, mas não podia calar-se na condenação explícita ao vandalismo pichador. Com o gesto e o silêncio de Haddad, uz manu entenderam que a farra continuava liberada. Tanto é que não pouparam nem a ponte Estaiada. Nem a pichação ao Monumento das Bandeiras o fez ameaçar cumprir a lei quando infratores profanaram um símbolo da cidade.
Sobre as críticas à roupa de gari, sejamos honestos: se é coisa que João Dória não finge é que é pobre. Ao contrário, reafirma que é rico, muito rico. E ficou rico trabalhando. Vestir roupa de gari é simbólico. Marta Suplicy ia de Yves Saint Laurent visitar as favelas. Ela dizia que as mulheres da periferia a apoiavam e a incentivavam a andar bem vestida, ficavam felizes que ela estivesse sempre elegante. Ela não mentia. O povo gosta de beleza.
O prefeito petista podia, como fez ao sair de spray na mão pintando muros, dar apoio aos grafiteiros talentosos, mas não podia calar-se na condenação explícita ao vandalismo pichador. Com o gesto e o silêncio de Haddad, uz manu entenderam que a farra continuava liberada. Tanto é que não pouparam nem a ponte Estaiada. Nem a pichação ao Monumento das Bandeiras o fez ameaçar cumprir a lei quando infratores profanaram um símbolo da cidade.
Sobre as críticas à roupa de gari, sejamos honestos: se é coisa que João Dória não finge é que é pobre. Ao contrário, reafirma que é rico, muito rico. E ficou rico trabalhando. Vestir roupa de gari é simbólico. Marta Suplicy ia de Yves Saint Laurent visitar as favelas. Ela dizia que as mulheres da periferia a apoiavam e a incentivavam a andar bem vestida, ficavam felizes que ela estivesse sempre elegante. Ela não mentia. O povo gosta de beleza.
Escola ou presídio? Bobagem
Eu prefiro escola a presídio. Mas a oposição não é esta. Marcola leu mais de três mil livros, Nietszche é seu preferido. Por que não largou o crime? Sabe como ele(s) se refere(m) a quem trabalha honestamente? Otário.
Não é (falta de) escola que faz alguém optar pelo crime. As razões podem ser enumeradas, não estudar, não frequentar os bancos escolares, tem influência, mas não explica.
Quer ver? Pensa em José Dirceu, só para citar um exemplo paradigmático. Virou criminoso porque não estudou? O seu crime não é só colarinho branco e corrupção, seu nome está envolvido, junto a Lula e Gilberto Carvalho, ao assassinato de Celso Daniel. Crime torpe, cruel, premeditado. Celso Daniel foi torturado antes de morrer, sem direito de defesa. Faltou escola para Zé Dirceu?
Não é (falta de) escola que faz alguém optar pelo crime. As razões podem ser enumeradas, não estudar, não frequentar os bancos escolares, tem influência, mas não explica.
Quer ver? Pensa em José Dirceu, só para citar um exemplo paradigmático. Virou criminoso porque não estudou? O seu crime não é só colarinho branco e corrupção, seu nome está envolvido, junto a Lula e Gilberto Carvalho, ao assassinato de Celso Daniel. Crime torpe, cruel, premeditado. Celso Daniel foi torturado antes de morrer, sem direito de defesa. Faltou escola para Zé Dirceu?
domingo, 4 de setembro de 2016
Santa Madre Tereza: quanto custa um banho a um leproso
Reflexão do sacerdote do Altíssimo, Dom Mauro Lorian, sobre a canonização de Santa Madre Tereza de Calcutá.
SANTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ, Ora pro Nobis ad Deum!!
SANTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ, Ora pro Nobis ad Deum!!
Hodie haec dies fecit pro nobis Dómino! Et cum eo Laudemus et superexaltemus in saecula.....!
O hoje sempre fez parte de uma teologia profunda do cristianismo, o Hoje de Deus, o Hoje do Homem! Hoje, portanto, a Igreja Universal Católica Apostólica Romana declara pelas virtudes heróicas, pela sua imitação a Cristo, pelo seu coração generoso que soube ouvir e não apenas escutar a vontade de Deus, SANTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ! Uma religiosa simples que, como nos diz a Sagrada Escritura, soube ser uma anawim (pequena) de Deus, assim como fez Maria!
Não se pode pensar em Madre Tereza simplesmente na dimensão antropológica do próprio Ser Humano, mas, acima de tudo no transcender a uma vocação, o que nem todos são capazes de fazer! Cuidar dos pobres, dos enfermos, dos moribundos e dos infantes! Justo aqueles que a sociedade quer e tenta com tanta força descartar!
No Hoje de Tereza, na sua vida, ela enfrentou afrontas, discussões, a escória, a difamação! Nada diferente de Cristo! Certamente, podemos pensar que seu trabalho, antes de ser doação ou até mesmo chamado de vocação, tenha aos olhos humanos precariedades, como instalações desajustadas, exacerbado número de enfermos em um único lugar, precariedade de finanças e de trabalho humano. Mas jamais podemos afirmar que o sofrimento, a doença e a miséria sejam sinais de cristianismo (mas nem também que flagelações e penitências sejam contrários a ele).
Nosso Senhor Jesus Cristo, quando nasceu, veio ao mundo em uma estrebaria, condições péssimas para um recém-nascido. Quando curou tantas enfermos, não estava em hospitais, mas nas ruas e praças! Suas condições eram semelhantes ou piores que as de Madre Tereza!! Nossa religião, o Cristianismo Católico, não é a religião do sacrifício, ou seja, não precisamos nos sacrificar
de forma cruenta (com derramamento de sangue - Jesus já o fez) para aplacarmos a ira de Deus. Isso quem faz é o paganismo, que deveria sacrificar vidas para aplacar a ira dos deuses! A nossa religião é aquela que Madre Tereza viveu, a religião da Santidade: sermos santos!! "SEDE SANTOS COMO VOSSO PAI DO CÉU É SANTO...SEDE PERFEITOS COMO VOSSO PAI DO CÉU É PERFEITO"!
Nosso Senhor não se auto-flagelava, não se auto-penitenciava...apenas vivia o seu judaísmo e sua intimidade com o Pai. Como nós não conseguimos nos aproximar de Deus, como Jesus nos ensina, nem conseguimos viver santamente o Evangelho, nos penitenciamos para mudarmos de vida; isso sim, sacrificamos nossas vidas para mudá-la, mudando-a para sermos imagens perfeitas de Cristo que crescia em graça e sabedoria! O espinho na carne de Paulo, também está em nós!! E certamente como dói....."Deixo de fazer o bem que quero, e faço o mal que não quero...!"
A beleza da santidade não está nos atos heróicos e incompreendidos pelo mundo, como diz Paulo: "A cruz sempre será sinal de loucura para o mundo!". A beleza da santidade está em que aquele homem e aquela mulher deixem Deus agir em seu próprio ser! Mais do que questionar Deus a respeito de quem Ele seja, os santos vivem o agir de Deus em eles próprios! Assim como Platão, quando não consegue responder as questões inerentes ao homem joga-as ao mundo das idéias, nós temos a sabedoria, o logos encarnado em nosso meio, que nos ensina como devemos agir, ele que fora um carpinteiro!
Madre Tereza não dá a dignidade a nenhum daqueles de que cuidou, mas ao contrário, pode ela reconhecer neles a dignidade que Deus lhes confiou desde seu nascimento! Sendo assim - diz-nos a antífona deste domingo - “JUSTUS ES DOMINE, ET RECTUM IUDICIUM TUUM: FAC CUM SERVO TUO SECUNDUM MISERICORDIAM TUAM.” (Justo é o Senhor, e reto seu modo de agir: o que faz com seu servo é segundo a Sua misericórdia!”)!
O amor por Cristo não exclui os demais amores, mas que os guarda. E mais, Nele todo amor genuíno encontra seu fundamento, seu apoio e a graça necessária para ser vivido até o final. Este é o sentido da «graça de estado» que confere o sacramento do matrimônio aos cônjuges cristãos. Assegura que, em seu amor, serão apoiados e guiados pelo amor que Cristo teve por sua esposa, a Igreja. Jesus não dá ilusões a ninguém, mas tampouco desilude; pede tudo porque quer dar tudo; e mais, já o deu todo.
Alguém poderia perguntar-se: mas como pode este homem, que viveu há vinte séculos em um lugar perdido do planeta pedir-nos este amor absoluto? A resposta, sem necessidade de remontar-nos muito longe, se encontra em sua vida terrena que conhecemos pela história: ele foi o primeiro a dar tudo pelo homem: «Cristo nos amou e se entregou por nós» (Cf. Efésios 5, 2)
Nesta mesma passagem do Evangelho, Jesus nos recorda também qual é o teste e a prova do verdadeiro amor por ele: «carregar a própria cruz». Carregar a própria cruz não significa buscar sofrimentos. Cristo tampouco se pôs a buscar sua cruz; em obediência à vontade do Pai, carregou-a sobre si quando os homens se lhe puseram em suas costas, transformando-a com seu amor obediente de instrumento de suplício em sinal de redenção e de glória. Jesus não veio para aumentar as cruzes humanas, mas para dar-lhes um sentido. Com razão, se disse que «quem busca Jesus sem a cruz, encontrará a cruz sem Jesus», ou seja, de todos os modos encontrará a cruz, mas sem a força para carregá-la.
Madre Tereza, SANTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ, fez isso! Carregou sua Cruz e carregou, assim como Cristo, as demais cruzes de seus irmãos e não encontrou a Cruz vazia, mas preenchida do Amor, preenchida do próprio Cristo!!! A nossa Cruz nunca está vazia, está sempre cheia, cheia do Amor!!
Afinal, DEUS CÁRITAS EST! Deus é Amor!
"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso"
Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão."
A falta de amor é a maior de todas as pobrezas.
O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.
FRASE DE SANTA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ!!!!
hodie dies anno Domini: 04/ 09/ 2016.
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Coisa de loko
Sociedade esquizofrênica: a lei diz que é estupro 'atos libidinosos' com menores de 18 anos. Tocar as suas partes íntimas já configura crime. Ao mesmo tempo, escolas ensinam pré-adolescentes a usar preservativos, professores falam abertamente sobre sexo de todos os tipos, os meios de comunicação exibem cenas de sexo explícito no horário do jantar, à vista de crianças e o direito ao sexo é defendido para faixas cada vez mais precoces de idade.
Afinal, sexo seria tão natural quanto respirar, andar, comer e dormir. Então, tá
Afinal, sexo seria tão natural quanto respirar, andar, comer e dormir. Então, tá
Príncipes e sapas
"Nenhuma mulher merece ser beijada enquanto dorme".
Isto é dor de cotovelo de feministas que morrem de inveja de não ter um Príncipe Encantado que lhes cubra de beijos enquanto elas dormem (e quando acordam) felizes e satisfeitas de amor.
Quem vai recusar um homem que enfrenta dragões e abismos para defender e despertar a mulher que ama?
Tolinhas.
Isto é dor de cotovelo de feministas que morrem de inveja de não ter um Príncipe Encantado que lhes cubra de beijos enquanto elas dormem (e quando acordam) felizes e satisfeitas de amor.
Quem vai recusar um homem que enfrenta dragões e abismos para defender e despertar a mulher que ama?
Tolinhas.
O mal é mal porque faz mal
Fique claro: a garota é a vítima e os 33 estupradores os criminosos, que devem ser tratados com o mais absoluto rigor da lei. Sou católica, pena de morte não será demais, neste caso.
Isto esclarecido, vamos aos (outros) fatos: a desagregação familiar e a mentalidade permissiva, hedonista e libertina são talvez mais determinantes que a pobreza ou a (falta de) lei que vigora em território dos morros dominados pelo tráfico e mantido pela policia mal treinada e corrupta.
A garota estuprada, de apenas 16 anos, é mãe de uma criança de 3 anos. Ou seja, ela engravidou com apenas 12 anos. O pai morreu. Assassinado nas guerras de tráfico? Muito provavelmente. Ela tinha saído para ir a um baile funk. Começam a aparecer relatos de que havia muita proximidade dela com o tráfico.
O mal é mal porque faz mal.
Isto esclarecido, vamos aos (outros) fatos: a desagregação familiar e a mentalidade permissiva, hedonista e libertina são talvez mais determinantes que a pobreza ou a (falta de) lei que vigora em território dos morros dominados pelo tráfico e mantido pela policia mal treinada e corrupta.
A garota estuprada, de apenas 16 anos, é mãe de uma criança de 3 anos. Ou seja, ela engravidou com apenas 12 anos. O pai morreu. Assassinado nas guerras de tráfico? Muito provavelmente. Ela tinha saído para ir a um baile funk. Começam a aparecer relatos de que havia muita proximidade dela com o tráfico.
O mal é mal porque faz mal.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Orlando Fedeli e eu
Quando, no final de 2004/início de 2005, a empulhação marxista começou a ficar nítida e a transcendência voltava a fazer sentido, eu fui atrás de qualquer informação que me apontasse para Deus. Eu estava tateando à procura do caminho de volta para a Casa do Pai.
Eu não erraria se dissesse que eu encontrei o caminho, no dia 2 de abril de 2005, ainda que não me desse conta inteiramente do que estava acontecendo comigo. Quando eu ouvi o anúncio da morte do Papa João Paulo II, naquele 2 de abril, eu disse, chorando, ao meu marido:"Este homem está há 25 anos tomando conta de nós".
Dizem que as coisas não acontecem assim (acontecem assim, sim) mas naquele dia algo profundo aconteceu. Foi, ali, o "instante" da conversão. Hoje, eu costumo dizer que eu sou o último milagre de João Paulo II, eu tenho certeza de que ele rezou por mim.
Um mês depois da morte do papa, em maio, numa destas buscas pela internet, acabei caindo no site da Montfort, do professor Orlando Fedeli. Gostei. Era uma coisa totalmente oposta à igreja modernosa e horrorosa dos padres-vedetes e das missas cheias de graça. Entrei e fui devorando o que encontrava. Li tudo.
Em outubro de 2005, já radicalmente de volta à fé da Igreja, reconciliada com Deus e santificada pelos sacramentos da confissão e Eucaristia, eu resolvi escrever um relato da minha conversão, a que dei o título "A Volta para Casa" * e, como não tinha nem blog para publicar, resolvi mandar para o site da Montfort. Não cogitei que fosse ser publicado.
Para minha surpresa, o próprio professor Orlando ligou para a minha casa, chorando, comovido com o meu relato, querendo minha permissão para publicar a carta. Eu mal acreditei. Fiquei lisonjeada.
Começamos a trocar emails e, em fevereiro de 2006, ele veio até a minha casa com a sua esposa, Ivone, para que nos conhecéssemos. Ivone é uma mulher admirável, estudiosa, muito culta, preparada, e que tratava o professor com doçura, respeito e firmeza. Nos tornamos grandes amigos.
Como meus filhos não eram batizados, ele se ofereceu para ensinar-lhes o catecismo e, durante seis meses, ele veio toda quarta-feira à tarde para as aulas de religião. E conversávamos muito, eu o ouvia falar com prazer. Aprendi muito com o professor.
O professor sabia tudo da história da Igreja e da doutrina católica. Ele tinha um memória prodigiosa e era uma das pessoas mais divertidas com quem se podia conviver. E se doava com uma generosidade rara.
Em maio daquele ano, eu completaria 25 anos de casamento e decidi me casar no religioso, eu era casada apenas no civil. Foi uma cerimônia singela, mas comovente. Convidei o professor Fedeli e Ivone para serem meus padrinhos. O coral de música sacra da Associação Montfort cantou na cerimônia, foi muito bonito. Entrei na igreja com meu filho, ao som de "Jesus, alegria dos homens".
A minha convivência com os Fedeli e o pessoal da Montfort era cordial e prazeirosa, eu ia aos domingos assistir à missa em latim, na paróquia São Carlos Borromeu, na Moóca (onde o professor morava) e participava dos excelentes cursos e palestras promovidos pela Montfort, sempre ligados ao cristianismo, Igreja, cultura do período conhecido como 'cristandade, arte sacra, Idade Média, doutrina católica.
Depois dos cursos, os alunos e participantes costumavam se reunir em animados e divertidos almoços em trattorias paulistanas. Era um ambiente e clima muito acolhedores, de conversa elevada, pessoas educadas e elegantes. Eu adorava.
Eu era tratada com muita deferência, tanto pelo próprio Orlando Fedeli quanto pelo pessoal que fazia parte, vamos dizer assim, de seu apostolado, o pessoal da Associação Montfort. Todos demonstravam sinceramente admiração pela forma honesta com que eu relatei a minha conversão, pela minha adesão ao grupo, sem arrogância elitista ou pedantismo intelectual e, não raro, ouvi confissões, verdadeiras, de pessoas que disseram-me ter se convertido depois de ler meu testemunho no site da Montfort. Todo mundo conhecia e se referia à "jornalista que escreveu A Volta para Casa"
Mas, a certa altura, sem que eu pudesse imaginar, as coisas sairam do eixo e o rompimento - inevitável - aconteceu. É que, apesar de tratar o professor Fedeli com absoluta reverência e respeito, eu comecei a fazer questionamentos sobre certos 'dogmas' fedelianos. A sua obsessão pela gnose o fazia ver heresias gnósticas em toda a parte, em qualquer coisa. Eu não sabia quase nada, mas sempre queria saber 'por que', 'como', o quê...
Nunca houve, contudo, qualquer desentendimento sério ou conversa ríspida entre nós. Até que, certo dia, ele me telefonou, dizendo que nós precisávamos conversar sobre um email que eu lhe enviara. Nele, eu me referia a um texto do então cardeal Joseph Ratzinger sobre protestantismo, que a mim parecia uma análise mais correta do que a de um aluno seu, que escrevera um artigo sobre Lutero no site da Montfort. No email, eu dizia:
"Professor Orlando, lendo a análise de Marcos Libório sobre "Os três princípios protestantes", lembrei-me de um texto escrito pelo cardeal Ratzinger, em 1986 - http://www.ratzinger.it/modules.php?name=News&file=article&sid=216 - em que ele fala do protestantismo numa perspectiva diametralmente oposta à do texto publicado no site da Montfort.
"Para Ratzinger, o protestantismo é cristianismo e é a partir do que ele tem em comum com o catolicismo - e tem muito - que deve se dar o diálogo com vista à unidade dos cristãos. Quando li este texto, achei-o muito rico e pensei mostrá-lo e discutí-lo com o senhor. Por qualquer motivo, acabei esquecendo."
"Este tipo de análise feita por Marcos Libório não faz muito sentido para mim. Dizer que todos os protestantes do mundo são, velada ou abertamente, adoradores do demônio e que servem à Satanás é evidentemente um absurdo. É uma idéia que, na minha opinião, não se sustenta nem teológica nem doutrinariamente."
"Pode existir - e existem - adoradores do diabo em todo lugar; agora, dizer que a doutrina protestante é pura gnose - aquela mesma, explicada em termos bem simples - é uma simplificação. Com o tipo de argumentação e raciocínio utilizados, Libório prova que até rótulo de xampu é gnóstico."
"Non sono intenditore, o que li sobre doutrina católica e o protestantismo não me habilita a desafios intelectuais maiores. Mas, pelo pouco que compreendi, fico com a análise apresentada pelo cardeal Ratzinger. O que o senhor acha?"
Na verdade, o professor Orlando Fedeli não queria conversar, ele queria que eu aceitasse, sem discutir, o seu ponto de vista, o mesmo defendido por Marcos Libório no artigo: os protestantes são todos hereges satânicos a caminho do inferno.
Quanto à posição de Raztinger centrada na crença em Cristo como plataforma comum inicial para o diálogo com os protestantes, o professor Fedeli insistiu que Joseph Ratzinger tinha mudado de opinião e não pensava mais como no artigo por mim citado (I progressi dell'ecumenismo/86).
O professor Orlando sabia que isto não era verdade. Eu lhe recordei que o Papa Ratzinger tinha reafirmado, palavra por palavra, o artigo de 86, num encontro com protestantes na Alemanha, durante a XX Jornada Mundial da Juventude, em 2005. Nem assim, ele admitiu seu equívoco.
Quanto aos comentários à enciclica Gaudium et Spes, que Ratzinger qualificou como 'uma espécie de Antisyllabus', observei que eles eram de 85, portanto, anteriores ao artigo citado. (Fedeli tinha feito referência a isto na conversa)
Como o professor Fedeli tinha uma memória prodigiosa para fatos e datas, cometer aqueles 'erros' eram, na verdade, um 'excesso de zelo' pelo que o professor Orlando considerava a verdadeira ortodoxia católica. Ele como que ficou cego de amor a Deus.
A conversa desandou quando eu lhe perguntei: "Onde é que o senhor acha que Buda está?" Ele disse " Isto eu não vou lhe responder". E encerrou a conversa dizendo que, se eu não aceitava o que ele tinha me ensinado, deveríamos parar por ali. Respondi: "Reze por mim". Foi a última vez que conversamos.
A conversa desandou quando eu lhe perguntei: "Onde é que o senhor acha que Buda está?" Ele disse " Isto eu não vou lhe responder". E encerrou a conversa dizendo que, se eu não aceitava o que ele tinha me ensinado, deveríamos parar por ali. Respondi: "Reze por mim". Foi a última vez que conversamos.
Eu fiquei muito triste com o afastamento, foi abrupto, rápido, sem motivo. Hoje, eu vejo que eu não cabia no seu grupo, eu não poderia fazer parte de seu apostolado. As pessoas à sua volta não ousavam fazer qualquer questionamento, objeção ou pergunta incômoda. Era uma reverência submissa.
Não que ele estivesse cercado de gente ignorante, seus alunos eram gente simpática, educada, afetuosos. Todos estudavam muito, liam, eram cultos. Mas, em alguns meses de convivência com o pessoal da Montfort, não vi ninguém questionar ou debater criticamente as idéias do professor. Melhor: ninguém questionava a Idéia, a sua teoria sobre a gnose, assunto de sua polêmica-batalha com Olavo de Carvalho.
Eu sempre tive uma atitude de absoluto respeito pelo professor Orlando Fedeli. Sempre deixei clara minha gratidão pela paciência e generosidade com que me ensinava e respondia às minhas perguntas e questionamentos. E eram tantos, porque eu era uma analfabeta de Deus. Completamente.
Além de seu invejável saber, impressionavam também a sua fidelidade à Igreja, a devoção à Virgem Maria e a dedicação ao ensinamento da doutrina católica . Ele era uma pessoa boa, amava a Deus e reconhecia, sem falsificações, que era pecador e precisava da misericórdia divina.
Mas, Orlando Fedeli, no fundo, talvez fosse vaidoso. Não é à toa que dizem ser a vaidade o pecado humano preferido do diabo. Com todo o respeito, afeto e gratidão que tenho pelo professor, acho que ele não vivia sem aquele apostolado submisso e reverente à sua volta.
Eu penso que, assim como o meu brilho intelectual o atraiu e o lisonjeou, por reconhecê-lo como um homem culto, crítico e erudito, foi também isto que o fez sentir-se de alguma forma desconfortável com a minha presença. Afinal, ele tinha em mim alguém que perguntava demais.
Ironia: de certa forma, o professor Fedeli contribuiu enormemente para a minha descoberta de Olavo de Carvalho. Na época em que eu achei o site da Montfort e conheci Orlando Fedeli, eu já lia Olavo e me maravilhava. Quando o professor Fedeli me apresentou à sua teoria da gnose, ele também me contou que aquele homem a quem eu atribuía idéias sofisticadas, brilhantes, originais, surpreendentes, chamado Olavo de Carvalho, de quem eu não parava de falar, era gnóstico!
Interessante é que eu falava com ele sobre coisas de Olavo de Carvalho, que eu tinha lido e gostado, e ele concordava comigo! Mas - o alerta - Olavo de Carvalho é gnóstico, Olavo de Carvalho é maçom! Era sempre o mesmo bordão.
Ora, se gnose é coisa do diabo, do diabo é preciso distância. Só que eu lia, lia, lia e não descobria onde diabos estava a gnose de Olavo de Carvalho! O que devia ser isto exatamente? eu me perguntava.
Então, resolvi fazer a lição de casa: li inteira a polêmica Orlando Fedeli X Olavo de Carvalho. Para ser sincera, na época fiquei (quase) na mesma, eu estava muito aquém daquela discussão. Eu estava engatinhando no catecismo, não ia arbitrar teologia ou filosofia!
Só tempos depois, quando acumulei mais leituras sobre o assunto, eu pude situar definitivamente a aplicação do conceito de gnose pelo professor Fedeli. E entender que ele queria dar uma seqüencia histórica às idéias gnósticas, que Olavo de Carvalho afirmava não existir. Eu acho que o enfoque de Orlando Fedeli faz sentido apenas quando se toma a gnose como a 'heresia eterna', termo que li num texto do próprio Cardeal Ratzinger.
(Ironia: quando eu estava no 'apostolado' de Orlando Fedeli, mesmo sem saber quase nada, eu inclinava-me à idéia de que ele vencera o debate; quando passei para as hostes olavianas, convenci-me de que, ao contrário, Olavo de Carvalho é que saiu-se vencedor. Só agora, ao me afastar do círculo de alunos de Olavo e em face do volume de informações sobre seu passado de tariqueiro, estou me dando conta de que, pelo menos, parte da verdade pode ter voltado a estar com Orlando Fedeli)
(Ironia: quando eu estava no 'apostolado' de Orlando Fedeli, mesmo sem saber quase nada, eu inclinava-me à idéia de que ele vencera o debate; quando passei para as hostes olavianas, convenci-me de que, ao contrário, Olavo de Carvalho é que saiu-se vencedor. Só agora, ao me afastar do círculo de alunos de Olavo e em face do volume de informações sobre seu passado de tariqueiro, estou me dando conta de que, pelo menos, parte da verdade pode ter voltado a estar com Orlando Fedeli)
Eu nunca tive qualquer intenção de desafiar, constranger ou fazer-me de sabichona perante Orlando Fedeli. Eu o respeitava muito e sei que ele gostava sinceramente de mim. Tinha admiração por mim, valorizava o meu interesse genuíno em aprender.
Mas eu perguntava demais. Vício de ofício: jornalista não sabe as respostas, sabe as perguntas. Até hoje, penso nele, lembro dele e rezo por ele. Quando o professor Orlando Fedeli morreu em 9 de junho de 2010, eu liguei para Ivone, deixei um recado com a empregada de que eu tinha ligado. Quando retornei a ligação (muitas), ela não estava, não podia atender, etc. Desisti de ligar.
Escrevi uma comovida carta de pesar pela morte dele e enviei ao site Montfort. Nunca foi publicada. Eu sei que Orlando Fedeli está no céu, esperando para darmos boas risadas. E ainda vou aprender muito com ele. Será sempre meu professor.
Que Deus o recompense pelo bem que fez a mim e a tantas almas.
http://blogdemirianmacedo.blogspot.com.br/2011/12/volta-para-casa_8006.html
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