sábado, 10 de setembro de 2011

Marxismo e modernidade: a destruição da alma humana


"Os homens fazem a sua própria História, mas não a fazem como querem, não a fazem sob circunstâncias de sua escolha..." (Karl Marx). Em Marx, a transformação do mundo implica a destruição de toda a ordem passada e a criação de "algo que jamais existiu".

Para entender a visão da História que a frase propõe é preciso lê-la inteira, em seu contexto, no livro de Marx 'O  Dezoito Brumário de Louis Bonaparte.'
        Nele,  o pai do comunismo analisa a Revolução de 1848, na Europa: "Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circustâncias de sua escolha,  mas sob aquelas circunstâncias com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado".*
       Marx afirma claramente:"As revoluções anteriores tiveram de lançar mão de reminiscências  da história universaL para se iludirem quanto ao próprio conteúdo , mas a revolução social do século XIX  não pode iniciar a sua tarefa enquanto não se despojar de toda veneração supersticiosa perante o passado. A revolução(...) não pode tirar sua poesia do passado, e sim do futuro".                        
       Para o pai do materialismo histórico, o passado (ou melhor, a  tradição de todas as gerações mortas) "oprime o cérebro dos vivos como um pesadelo". Em  Marx, atransformação do mundo implica a destruição de toda a ordem passada e a criação de "algo que jamais existiu". 
      A implantação do mundo novo - ou seja, da sociedade comunista, sem classes - impõe, inevitavelmente, uma ruptura total com o passado. No nosso caso, com toda a tradição que fundamenta a civilização ocidental cristã. Mas, que mundo é este em que teremos de negar e destruir tudo o que somos? Por que destruir a herança cultural da filosofia grega, do direito romano e da moral judaico-cristã? Nós, ocidentais, somos isto! 
       Imaginando que Marx (ainda) não é Deus, ele não pode - nem ninguém pode mudar a constituição íntima da matéria nem provocar uma mutação radical do genoma humano, transformando o mundo e o homem em "algo que jamais existiu" .
         Logo, se a transformação não é a do mundo físico, terá de ser a da alma humana (chamada por Marx consciência e determinada pela esfera econômica da vida). Quando o homem transformar a sua alma (ou consciência), depois da aniquilação da sociedade de classes,  então Marx será Deus.
*(Os itálicos são meus).