domingo, 31 de março de 2013

Casal del Marmo: um carinho de Jesus

Antonio Socci

"
     
         Como se sabe, o Papa quis celebrar a Quinta-feira Santa no presídio para menores de Roma. Ali, relembrando o gesto de Jesus com os apóstolos, lavou e beijou o pé de doze adolescentes, entre rapazes e moças, que estão presos por vários delitos. Jovens com grande problemas e que já cometeram seus erros. 

       Àqueles jovens, surpresos e comovidos, Papa Francisco, fitando-os com ternura, fez questão de dizer que Jesus ama apaixonadamente cada um deles e, para explicar o rito (do lava-pés), pronunciou textualmente estas palavras:


      "Pensem que este gesto é um carinho de Jesus, porque Jesus veio exatamente para isto, para servir, para ajudar-nos."


      Um carinho do Nazareno... O estado de ânimo daqueles jovens, destinatários de tal predileção, foi expresso por um dos doze, um rapaz croata de dezessete anos, que, ao ver o Vigário de Cristo que se ajoelhava com dificuldade diante dele para lavar-lhe e beijar-lhe os pés, chorou. Depois, disse:"Pela primeira vez, eu senti-me amado, a minha fé fraca tornou mais forte".


https://www.facebook.com/photo.php?fbid=353247938129423&set=a.210315405756011.46173.197268327060719&type=1

terça-feira, 26 de março de 2013

Magdi Allam: procura-se igreja

Annalena Benin
     
i 

      
          Magdi Allam renunciou. Num longuíssimo artigo publicado ontem em Il Giornale, ele explicou o sentido  de um final, as razões do adeus. Os motivos pelos quais, depois de cinco anos, ele não pode ficar um minuto a mais, não num jornal, não num movimento político, não num cargo profissional, não num matrimônio, mas na Igreja católica, onde tinha entrado com grande solenidade faz pouco tempo. 
          Allam foi batizado em 2008, durante a Vigília Pascal, por Joseph Ratzinger. Na época, acrescentou a Magdi o nome Cristiano (cristão, em português), e escreveu um livro intitulado "Obrigado, Jesus". Agora, como nas histórias de amor, disse basta, com  'sofrimento interior', mas com decisão irrevogável e a lembrança daquilo que foi: "Foram cinco anos de paixão".
         O desamor de Magdi Allam parece nascer do fato de que ele não conseguiu converter a Igreja Católica ao magdicatolicismo, fazê-la à sua imagem, e  tornar-se seu único porta-voz, como se fosse "Eu amo a Itália" (que ele criou em 2009),  como se fosse um movimento  político "que se fundamenta sobre o primado dos valores não-negociáveis". 
         Vítima talvez de um surto de narcisismo um pouco megalômano e de um sentido profético da existência, Magdi Allam julga que este novo Papa não se lhe adapta. Está  indignado porque acredita que Bento XVI tenha sido lançado muito depressa ao esquecedouro da história e acha que a igreja tornou-se demasiada  buonista (saco de bondades) e relativista. 
         Apesar de Allam-mão estendida, Allam-coluna reta, Allam-invectivas,  a Igreja não declara guerra ao Islam, mas ao contrário, o legitima como religião verdadeira e julga que a humanidade inteira deve conceber-se como  união de irmãos e irmãs.
       Para Magdi Allam,  deve-se ser bom, sim, mas somente com os compatriotas que tenham todos os documentos em ordem, um trabalho, um patrimônio. Todo o resto é buonismo inaceitável, que se encontra fora do alcance do "ama o teu próximo" (próximo, no magdicatolicismo,  deve ser entendido como 'italiano'; de todos os outros, se encarregará a seleção natural);  e Allam  tem certeza que Jesus desaprovaria todo este globalismo condescendente. 
        Mas a ofensa maior, e a verdadeira falta de respeito a Magdi Allam, foi a renúncia de Joseph Ratzinger, que ele tinha eleito o seu papa pessoal, chegando a perdoar-lhe até  a vez, antes de seu batismo, em que Bento XVI pôs a mão sobre o Corão, rezando em direção a Meca, em Istambul.

          Magdi Allam conseguiu superar aquele gesto (próximo à 'loucura suicida' que levou João Paulo II a beijar o Corão em 1999). E como  lhe paga de volta Ratzinger, agora? Indo embora para Castelgandolfo e abraçando o novo Papa, ambos vestidos de branco.
         Ele sentiu-se traído, posto de lado:" É é justo no momento em que à minha volta há sempre menos a presença de testemunhos autênticos e de credibilidade,  em paralelo com o conhecimento profundo do contexto católico de referência, que a minha fé na Igreja vacilou".
          Magdi Allam estava pronto para um papado de nicho (papato de nicchia) fundado sobre a convicção de que é necessário ser gentil só com os vizinhos de casa. É por isto que ele escolheu o cisma? Agora, ele procura casa, "como homem íntegro na integralidade da minha humanidade," que aspira a uma igreja sob medida, um papa preferido com um programa político preciso. O risco é que Magdi Allam funde também um novo movimento religioso.

domingo, 24 de março de 2013

Bento e Francisco: irmãos na fé


      Nosso amado para sempre Papa Ratzinger (que passou a usar o seu anel de bispo) está tão fraquinho, comoveu-me sua aparência cansada, arrastando os passos e, ainda assim, fazendo gestos de humildade para que Papa Francisco ocupasse o genuflexório de honra, em frente ao altar. 

      Este recusou a deferência e ajoelhou-se ao lado de Bento XVI, para rezar como 'irmãos'. No encontro com Papa Francisco, dá para ver que Bento XVI usou suas forças até o limite antes de renunciar. 

      Quando todos esperavam que ele reaparecesse mais revigorado, descansado e rejuvenescido, depois de um mês de descanso, ele se apresenta ainda mais frágil e envelhecido. Deus é que deu-lhe forças para levar o seu pontificado por tanto tempo.

      Bento XVI afirmou, depois de sua viagem ao México, onde chegou a bater a cabeça numa queda, que ele estava cumprindo uma verdadeira penitência, porque não tinha mais forças para continuar. Deus recompensará Bento XVI, Ele lhe dará um lugar bem perto de Si, na eternidade.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Down e cinismo



     Pode apostar: muitos dos bondosos seres que pedem respeito ao portadores de Síndrome de Down defendem o aborto de fetos diagnosticados com a doença. 

    Há, hoje, verdadeira carnificina silenciosa: depois do diagnóstico oficial exigido pela lei, nove entre dez fetos com Down são abortados. 

    O cientista que descobriu a causa da síndrome, o católico e antiabortista, Jérôme Lejeune, morto em 94, é odiado até hoje por denunciar o cinismo desta gente. 
    Amado pela Igreja, Lejeune é objeto de um processo de beatificação, aberto em 2007.

 
http://www.tempi.it/oggi-e-la-giornata-mondiale-dei-down-ma-nessuno-parla-di-lejeune-e-della-strage-silenziosa#.UUtaSBw3tDU

quarta-feira, 20 de março de 2013

Cristianismo e pobreza

O problema é a riqueza da fé, não só a da carteira
ALDO VITALE

       Alguns sofrem porque a Igreja adequou-se demais aos parâmetros do mundo de hoje; outros ficam incomodados porque a Igreja ainda continua muito alheia ao mundo: assim escreve Papa Bento XVI num trabalho célebre sobre a Igreja. 

     O teólogo Ratzinger coloca em evidência, com sua habitual acuidade e a velada ironia de sempre, o paradoxo da contestação à Igreja que se dissolve na citada contradição 

     Analogamente,  o mesmo se dá com a questão relativa à mensagem cristã e a pobreza. De um lado,  reina soberana a bem-aventurança dos pobres proclamada por Cristo; do outro lado, vigora imperioso o mandamento moral de socorrer os pobres que representam o próprio Cristo. O que fazer, então?

     Se os pobres são bem-aventurados,  como subtrair deles a causa de sua própria bem-aventurança, ou seja, a pobreza, prestando-lhes o socorro de que necessitam?

     O paradoxo etico-teológico não é trivial. Não obstante,  existem duas  chaves hermenêuticas que podem ajudar, se bem que com a adoção de uma o problema resultará substancialmente insolúvel, enquanto que com a adoção da segunda se poderá chegar a um solução concreta.

     Compreender a pobreza, como acontece hoje cada vez mais, exclusivamente como a falta dos meios de subsistência vital que fazem o individuo precipitar na total indigência sócio-econômica, significa não compreender de fato a pobreza, exprimindo-a segundo uma concepção econômica, quantitativa, material que, por mais que seja seja real e atraente, não consegue todavia  dar conta da totalidade da questão.

     A santidade que, através de sua crística bem-aventurança é referida aos pobres, não é de fato o resultado de um balancete, de um puro cálculo contábil de entrada e saída, de ter e haver,  de assuntos de caixa ou de exercício, mas é algo bem mais profundo, mais autêntico e, talvez por isto mesmo, mais dificilmente compreensível. É seguramente mais humano, e decisivamente mais divino, do que uma mera operação de raciocínio calculista.

     Se assim não fosse, as Escrituras (Velho e Novo testamento), os Padres da Igreja, os Doutores da Igreja, os Santos, o Catecismo e os documentos do Magistério católico de cada época não falariam de confissão, de perdão dos pecados, de misericórdia, de caridade, mas sim de prestação de contas e declaração de renda, anistia fiscal, quitação pecuniárias e abertura de contas pessoais.

     Não será santo quem tiver mostrado menos, mas quem tiver mostrado mais. Obviamente, não em termos monetários. Cristo não é um CEO, il capo azienda, e o Juízo Final não será  o advento  de uma agência cósmica de acerto de contas.

     Se a pobreza evangélica fosse entendida materialisticamente, para sermos bons cristãos seria necessário antes fazer um levantamento global de todos os rendimentos pessoais; depois, todos aqueles que tivessem a mais deveriam dar, não para aqueles que têm menos, mas àqueles que não tem nada, já que, à luz desta lógica perversa, mesmo quem tem pouco teria, de todo modo, mais do que aquele  que não tem nada.

     Mas, logo isto feito, os antigos pobres seriam os novos ricos, e os antigos ricos seriam os novos pobres, o que tornaria necessário executar a mesma  operação, só que em sentido inverso.

     Fica claro a completa ingenuidade de tal mecanismo. Quem pensa a pobreza evangélica em sentido estritamente material deveria se dar conta de tamanho absurdo.

     Logo, é preciso adotar uma perspectiva diversa e oposta.

     A pobreza evangélica deve ser compreendida por aquilo que ela é efetivamente, de resto, como o próprio publicano, coletor de impostos por oficio - ou seja, técnico em dinheiro e noção de contabilidade, São Mateus, se refere no seu Evangelho, ou seja, a pobreza de espírito: "Bem-aventurados os pobres de espírito". 

     É preciso admitir, contudo, que a pobreza de espírito pode ser entendida em dois sentidos opostos,  se bem que com um centro comum de atração, isto é, como distância de Cristo e proximidade a Cristo.

     No primeiro caso, o pobre de espírito é aquele que ainda não encontrou ou experimentou a mensagem do Evangelho, a riqueza da graça, para usar as palavras de São Paulo aos Efésios.  No segundo caso, ao contrário, o pobre é aquele que é despido de toda vaidade e toda soberba, entregando-se completamente ao Cristo dos Evangelhos.

     A exatidão desta interpretação, de resto, é confirmada por Santo Agostinho que, em seu discurso n. 36, esclarece que não é a riqueza em si a impedir a própria salvação, mas a doença que pode resultar da riqueza, isto, o aumento da soberba.

     A riqueza e a pobreza, portanto, referem-se não às  condições materiais, mas àquelas espirituais, ou seja, em palavras claras, à fé. Por isto, rico é quem tiver fé, pobre quem não tiver fé.

     De fato, Santo Agostinho recorda que a mensagem de  salvação do cristianismo não é voltado só aos pobres, mas também aos ricos, testemunhando de modo direto e inequívoco que a pobreza e a riqueza de que se fala nos textos sagrados não são aquelas  materiais.

     Assim escreve Santo Agostinho: "E de se pensar que os ricos deste mundo têm sido negligenciados. Também eles, Cristo os conquistou com Sua pobreza. Ele, que sendo rico, se fez pobre por nós. Se, de fato, Cristo os tivesse negligenciado e recusado admiti-los entre os Seus, o Apóstolo não teria ordenado a Timóteo que lhes ensinasse os preceitos, dizendo: " Ordena aos ricos deste mundo. Entre estes, aqueles que são ricos na fé não são mais que uma parte dos  assim chamados ricos deste mundo" (Sermão 36,5)

     Isto não exclui, obviamente, que o rico em sentido material deva  e possa cuidar do pobre em sentido material. Santo Agostinho explica, interpretando os ensinamentos de Cristo e as palavras de Paulo, que os bens materiais não devem ser jogados fora, mas transferidos de lugar.

     Segundo o Bispo de Hipona, de uma coisa a riqueza deve deve tirar proveito: a de não ter dificuldade em doar com abundância. O pobre quer mais não pode, o rico quer e pode. Que os ricos repartam sem dificuldades, sejam generosos, que acumulem um tesouro para si mesmos, com um firme fundamento e assim alcançarão a verdadeira vida."

     Em última análise, os ricos são ricos mas somente em sentido mais alto, isto é - citando sempre Santo Agostinho - "ricos no coração, cheios de força moral, nutridos na piedade e generosos na caridade"

     A pobreza e a riqueza dos Evangelhos tem uma outra natureza diferente da que resulta de sua  difusa leitura reducionista e pobre, que  por sua vez,  torna miserável, a um só tempo, tanto a mensagem evangélica quanto aqueles que a pregam de forma errada.

     Numa época em que mesmo a clareza do óbvio se torna remota e obscura,  é preciso enfatizar neste caso que a expressão 'economia da salvação' não deve ser tomada infantilmente ao pé da letra, mas compreendida à luz de seu espírito, isto é, em seu sentido etimológico, em seu horizonte escatológico.

      Também neste caso, parece indispensável ter presente o que ensinou São Paulo, que, em uma das suas  mais célebres passagens, lembra que a letra mata, mas que, ao contrário, é o espírito que dá vida (2Cor. 3,6)


Leggi di Più: Cristianesimo e povertà | Tempi.it 
Follow us: @Tempi_it on Twitter | 
tempi.it on Facebook

segunda-feira, 18 de março de 2013

Francisco e Bento: a mesma Igreja, o mesmo Senhor

      
      Bobagem achar que Francisco quer varrer da Igreja todos os símbolos da autoridade majestática do Papa. Ele ofenderia, não Bento XVI, mas a Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem ele representa e ama e por quem ele daria a própria vida. É um Soldado de Cristo, todo jesuíta é. 

      Francisco só está mostrando que a Igreja dele, que é a mesma de Bento XVI e de todos os seus predecessores, também pode ser assim, mais despojada e menos protocolar. Bento XVI restituiu a solenidade e a beleza da tradição litúrgica, e revelou os tesouros teológicos da Igreja. Nada disto se perderá, a Igreja se enriqueceu.

      Joseph Ratzinger foi o papa da humanidade e da razão. Foi amado pelo povo de Deus, como o será o Papa Francisco. Este, contudo, quer falar com gestos mais simples, que o povo compreende sem dificuldade. Gente humilde nem sempre entende que toda a pompa da Igreja não é para o papa, mas para o Rei do Universo. 

      Não há ruptura. Convém não esquecer que o povo que lotou a Praça São Pedro para saudar Papa Francisco estava lá porque Bento XVI os atraiu, com seu pontificado abençoado por Deus.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A isca do Espírito Santo


      Papa Francisco fez a sua primeira homília de improviso. Em perfeito italiano, que não é a sua língua, ele nem vai muito a Roma. Francisco falou como se estivesse numa paróquia no interior da Argentina, pregando para gente simples. Não gaguejou, não ficou nervoso, não procurou palavras.

     Quando transcrita, a homília é um texto que não precisa de qualquer arranjo, ou reparo. Sete minutos. O mundo ouvindo. Falou perante o colégio de cardeais. Não faltou nada, não sobraram palavras. 

     Pregação magnífica, essencial, profunda, acessível a cardeal e a carroceiro. Bento XVI assinaria. Quanto mais se a lê ou se a ouve, mais o seu sentido se desdobra, mais ela esclarece, orienta, converte. 

     Há quem esteja em suspenso, temeroso de que Francisco nos faça passar vergonha, com uma das suas 'espontaneidades', caipiragens ou 'pobrismo", como já se leu por aqui nestas plagas (ou pragas?) facebookianas. 

     Mas Deus não nos mandou um papa Francisco só por capricho. Nós é que sentiremos vergonha de nós mesmos, por nossa empáfia, falsa caridade e soberba.

     Como escreveu Camillo Langone, escritor e jornalista italiano, "nós temos um Papa que ama a Madonna Povertà à maneira de seu grande homônimo, ou seja, misticamente, não sociologicamente". Para Langone, Papa Francisco é "a isca que o Espírito Santo deu aos cristão para que se façam de novo pescadores de homens."

SANTA MISSA COM OS CARDEAIS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Capela Sistina
Quinta-feira, 14 de Março de 2013

Vejo que estas três Leituras têm algo em comum: é o movimento. Na primeira Leitura, o movimento no caminho; na segunda Leitura, o movimento na edificação da Igreja; na terceira, no Evangelho, o movimento na confissão. Caminhar, edificar, confessar.
Caminhar. «Vinde, Casa de Jacob! Caminhemos à luz do Senhor» (Is 2, 5). Trata-se da primeira coisa que Deus disse a Abraão: caminha na minha presença e sê irrepreensível. Caminhar: a nossa vida é um caminho e, quando nos detemos, está errado. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão, na sua promessa.
Edificar. Edificar a Igreja. Fala-se de pedras: as pedras têm consistência; mas pedras vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, a Esposa de Cristo, sobre aquela pedra angular que é o próprio Senhor. Aqui temos outro movimento da nossa vida: edificar.
Terceiro, confessar. Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo, está errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, que acontece? Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo se desmorona, não tem consistência. Quando não se confessa Jesus Cristo, faz-me pensar nesta frase de Léon Bloy: «Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo». Quando não confessa Jesus Cristo, confessa o mundanismo do diabo, o mundanismo do demónio.
Caminhar, edificar-construir, confessar. Mas a realidade não é tão fácil, porque às vezes, quando se caminha, constrói ou confessa, sentem-se abalos, há movimentos que não são os movimentos próprios do caminho, mas movimentos que nos puxam para trás.
Este Evangelho continua com uma situação especial. O próprio Pedro que confessou Jesus Cristo com estas palavras: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, diz-lhe: Eu sigo-Te, mas de Cruz não se fala. Isso não vem a propósito. Sigo-Te com outras possibilidades, sem a Cruz. Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor.
Eu queria que, depois destes dias de graça, todos nós tivéssemos a coragem, sim a coragem, de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, que é derramado na Cruz; e de confessar como nossa única glória Cristo Crucificado. E assim a Igreja vai para diante.
Faço votos de que, pela intercessão de Maria, nossa Mãe, o Espírito Santo conceda a todos nós esta graça: caminhar, edificar, confessar Jesus Cristo Crucificado. Assim seja.
 

O SONHO DE FRANCISCO (Sandro Magister)



      "A eleição de um papa que escolheu o nome Francisco reconduz irresistivelmente ao santo de Assis e a um afresco de Giotto.É o afresco que mostra um sonho de Papa Inocêncio III, em que ele vê São Francisco sustentando com suas costas a Igreja, em perigo de desabar.
"Francisco, vai e reconstrói a minha a casa". 
Segundo fontes franciscanas, foram estas as palavras que o crucifixo da igreja em ruínas de San Damiano dirigiu ao santo.

      Francisco obedeceu. E com ele a cristandade viveu um reflorescimento de purificação, de obediência total ao papado, de fidelidade cristalina à doutrina, de humildade, fraternidade, castidade, as virtudes que também hoje a Igreja é chamada a por em prática com renovada dedicação.


      Com a escolha do nome Francisco, o novo papa Jorge Mario Bergoglio já anunciou o seu programa. Um programa que era também o sonho de seu amado predecessor de nome Bento."

quarta-feira, 13 de março de 2013

O primeiro papa de nome Francisco


           

É Jorge Mario Bergoglio. É argentino e jesuíta. Deixa Buenos Aires por Roma. Sua eleição subverteu todos os prognósticos. Mas ele vem de longe.


di Sandro Magister
         

           Ao eleger papa,  na quinta votação, o arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, o conclave fez uma jogada tão surpreendente quanto genial.
.
          Surpreendente para quem - quase todos - não percebeu nos dias anteriores que seu nome efetivamente adquiria vulto nas conversas entre os cardeais. A sua idade avançada - 76 anos e três meses - induzia a classificá-lo mais entre os grandes eleitores do que entre os possíveis eleitos.

           No conclave de 2005, aconteceu o contrário, em relação a ele. Bergoglio era um dos mais decididos defensores da nomeação de Joseph Ratzinger como papa. Em vez disto, ele  recebeu, contra a sua vontade, os votos exatamente daqueles que queriam barrar a escolha de Bento XVI.

          O fato é que tanto um quanto outro tornaram-se papa. Bergoglio com o nome inédito de Francisco. 
Um nome que reflete a sua vida simples.  Nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1998, ele abandonou vazia  a rica casa episcopal  adjacente à catedral. Foi morar num apartamento não muito distante, junto com um outro bispo ancião. À noite, ele próprio cozinhava. De carro, pouco andava, circulava de ônibus com uma batina simples de padre.

          Mas é um homem que sabe governar. Com firmeza e contra a corrente. É jesuíta - o primeiro a tornar-se papa - e, nos terríveis anos Setenta, quando a ditadura era violenta e alguns de seus confrades estavam prontos a empunhar o fuzil para aplicar as lições de Marx, ele enfrentou energicamente este desvio, como provincial da Companhia de Jesus na Argentina
          Da Cúria romana sempre esteve cuidadosamente longe. Por certo, vai querê-la enxuta, limpa e leal.
É pastor de doutrina sólida e de concreto realismo. Aos argentinos famintos ele quis dar muito mais do que pão. Exortou-os a ter de novo nas mãos o catecismo. Aquele dos dez mandamentos e das bem-aventuranças

          "O caminho de Jesus é este", dizia. E quem segue Jesus compreende que "pisar  na dignidade de uma mulher, de um homem, de uma criança, de um velho é um pecado grave que grita ao céu" . E, então, decide de não fazê-lo mais.

          A simplicidade de sua visão se faz notar em sua santidade de vida. Com as poucas e simples primeiras palavras como papa, ele imediatamente conquistou a multidão que lotava a Praça São Pedro.


          A fez rezar em silêncio. E a fez rezar por seu predecessor Bento XVI, a quem não chamou 'papa', mas 'bispo'. A surpresa está apenas no início.

http://chiesa.espresso.repubblica.it/articolo/1350465

Deus acertou.

      
      Deus fez certo: manteve o cardeal Angelo Scola à frente da arquidiocese de Milano, capital da Lombardia, que, segundo Bento XVI, deve ser o coração religioso ('il cuore credente') da Europa. 

      Até mesmo geograficamente, a Lombardia está no centro do continente, que precisa ser recristianizado, tanto para retornar às suas raízes civilizacionais, quanto para deter a islamização da Europa, que seria a sua própria desfiguração.

      Angelo Scola é um grande pastor que tem produzido frutos santificantes, com o retorno de muitos ex-católicos à Igreja. A reconversão da Europa a Cristo e aos Seus ensinamentos tem reflexos muito fortes na América Latina, porque o Velho Continente continua sendo nosso modelo de civilização.

      A facilidade com que a cultura de morte (aborto, eutanásia) e o credo libertino da modernidade (gayzismo, drogas, sexo livre) são adotados no Terceiro Mundo vem do fato de que eles são vistos por aqui como coisa do 'mundo civilizado'. O grande argumento em sua defesa é de que 'os países mais civilizados mundo mundo', ou seja, os da Europa, já os adotaram. 

     Com pastores empenhados na recristianização da Europa, como o italiano Scola, o canadense Ouellet e o húngaro Erdo, sob a guia de um Papa que, pela procedência geográfica, acabará por ter muita influência sobre as populações dos países latino-americanos, a Igreja terá instrumentos poderosos para cumprir o mandato que recebeu de Seu Senhor:

     "Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; instruindo-as a observar todas as coisas que vos tenho mandado. Eis que eu estou convosco todos os dias até o fim do mundo."

terça-feira, 12 de março de 2013

Para quê papa?

     Eu quero protestar. O mundo é laico, Deus não existe, religião é para fracos e gente sem cultura, este 1,1 bilhão de católicos ainda não evoluiu , isto sim, Jesus Cristo não passa de um 'iluminado', não é Deus, não ressuscitou, nem fundou a Igreja. 

     Por que, então, este auê todo em torno da eleição do papa? Onde já se viu? Quase seis mil jornalistas credenciados, todas as televisões do mundo ao vivo, um monte de cardeais reunidos numa capela repleta de obras de arte, que deviam ser vendidas e o dinheiro arrecadado distribuído aos pobres. Enfim, tudo errado. 

     Quando é que o mundo vai chegar ao estágio de inteligência e esclarecimento dos ateus, estes sim, os gênios da raça. Geniais e justos. No mundo ateu, há igualdade. O homem vale tanto quanto uma lesma. Para que lesma quer papa?

sexta-feira, 8 de março de 2013

Conclave: e se for verdade?


Deu no jornal:
"Hoje, o presidente da Conferência Episcopal Americana, cardeal Timothy Dolan, publicou uma carta para contar a seus fiéis as suas impressões do conclave em Rom
a. O cardeal começou com o humor que o caracteriza: "Vocês me fazem falta. Passaram-se dez dias desde que eu deixei a diocese e, como diz aquela velha canção: 'Eu quero ir para casa'. Vocês me fazem falta, principalmente no dia de San Patrick, a festa do patrono de nossa maravilhosa diocese".
Dolan conta que procurou, mas não encontrou, nem pão irlandês, nem carne de novilho, nem whiskey, ainda que, "fique claro, eu amo a comida e o vinho romanos". Em seguida, os agradecimentos pela orações, "pois precisamos delas, nós percebemos isto. Continuem rezando", a fim de que "unidos aos apóstolos e à Mãe de Jesus, que estavam fechados no Cenáculo, aguardemos o supremo dom do Espírito Santo! Isto está acontecendo de novo agora."
O QUE FAZEM OS CARDEAIS. "Seguramente - escreve Dolan - rezamos muito. Cada dia começa com a mais eficaz das orações, o sacrifício da Santa Missa. Durante as sessões, recitamos o divino ofício, começamos cada encontro com a antiga oração à terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Veni Sancte Spiritus".
O cardeal fala do Angelus e dos momentos de adoração eucarística. "Vocês se surpreenderiam se soubessem que passamos muito do nosso tempo discutindo sobre a oração, o ensinamento da fé, a celebração dos sete sacramentos, sobre como encontrar os fiéis que abandonaram a Igreja, sobre como cuidar dos doentes e dos pobres, mas também sobre como manter as nossas esplêndidas escolas, os hospitais, as organizações de caridade; sobre como encorajar nossos irmãos padres, os bispos, os diáconos, as mulheres e os homens consagrados, sobre como dar suporte aos nossos pastores - e tirar deles o melhor - e das nossas paróquias; formar os nossos futuros padres da melhor forma; amar os nossos casais e as famílias, e defender a dignidade do matrimônio; protegendo a vida onde ela corre mais perigo, através da guerra, da pobreza e do aborto".
O NOME MAIS COTADO - É assim, explica o cardeal. "Talvez isto não lhes parecerá verdadeiro, visto que o mundo da rua pensa que passamos todo o tempo a falar da corrupção no Vaticano, de abusos sexuais e de dinheiro". Se "estes assuntos surgem? Sim". Se "dominam as conversas? Não".
O cardeal prossegue falando de uma jornalista que encontrou em Roma e que lhe perguntou se o novo Papa fará grandes mudanças. Ele respondeu que sim, "ela pareceu surpresa, mas pelo menos, eu prendi sua atenção. E assim fui adiante, esclarecendo que a Igreja vive um período de grande mudança, literalmente, uma mudança do coração humano, que Jesus chama penitência e conversão. O dever do bispo de Roma é conservar a fé, a verdade que Deus nos revelou, especialmente através de seu Filho, Jesus, fielmente transmitida por sua Igreja nestes dois mil anos e de renovar o convite de Jesus à conversão do coração".
Dolan conclui: "Se tratamos de nomes? Claro. Mas o nome mais cotado é aquele santo de Jesus. Podem vocês próprios pronunciar o Seu nome e pedir-Lhe que nos conceda a sua graça e a sua misericórdia. Grato. "


http://www.tempi.it/conclave-il-cardinale-dolan-scrive-ai-fedeli-lo-sapete-qual-e-il-nome-piu-quotato#.UTpCUBw3uVJ

quinta-feira, 7 de março de 2013

Darcy: que 'beijódromo' o quê!

Estes esquerdinhas que endeusam Darcy Ribeiro, geralmente, nunca abriram um livro dele. Pensam que sua obra maior é aquela ridicularia de 'beijódromo' que ele propôs que se construísse na UnB. Aquela idéia besta é só uma bobagem correlata à tese, também ridícula, de seu socialismo moreno. 

Agora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. À parte algumas análises deformadas por sua herança marxista, Darcy Ribeiro é um estudioso, cientista e pesquisador cuja obra integra o patrimônio intelectual da humanidade. 

Obras como O Processo Civilizatório - a mais completa crítica da tecnologia - , Os Índios e a Civilização, As Américas e a Civilização são estudos incomparáveis de antropologia da civilização. O livro "O Povo Brasiliero - A formação e sentido do Brasil' é leitura obrigatória.

Como antropólogo, o mineiro de Montes Claros é um dos maiores do seu tempo. Darcy Ribeiro viveu entre os índios por mais de dez anos, principalmente entre os índios kadiwéu, urubu-kaapor e ofaié-chavante. Ninguém conhece mais índio brasileiro que Darcy Ribeiro. 

Num tempo em que não se falava em 'antropólogo', nem 'etnólogo', a mãe de Darcy, Mestra Fininha, morria de tristeza porque seu filho mais velho, que ia se formar em medicina e ser um 'doutor', tinha largado tudo para virar o que, até então, era conhecido como 'amansador de índio'. Coitada, ela sofria quando precisava explicar o que o filho fazia.

Venezuela: pior que está fica



          Hugo Chávez pegou a mina de ouro, que é o petróleo venezuelano, fez proselitismo e populismo bufão e hoje a Venezuela está quebrada, falta até comida (sem falar no papel higiênico). Os pobres (e eles são muitos) são os que mais vão sofrer com a crise que inexoravelmente atingirá (já está atingindo) a Venezuela. Os pobres ficarão sem pão e sem liberdade. 

         E as coisas vão piorar, porque o chavismo dispõe de milícias fortemente armadas que atacarão ao primeiro mando de voz. Nicolás Maduro?! Santo Deus, nos acuda. Tempos terríveis virão. 

         Pior: os protoditadores (Dilma, Lula, Correa, Morales, Kirchner, esta gente) são todos chavistas e vão sustentar aquele horror. O Foro de São Paulo foi criado para isto. Hoje, a política venezuelana é ditada pelo ditador Castro e hermano.

segunda-feira, 4 de março de 2013

(a título de pequena ajuda ao Espírito Santo)


       Eu li um artigo* do sociólogo italiano, Massimo Introvigne, sobre o aumento de crimes de ódio e perseguição a cristãos na Europa. Não na África, ou na China, ou Oriente Médio, mas em países europeus, como Áustria, Slovênia e Alemanha, com registros de agressões físicas a cristãos e sacerdotes, igrejas incendiadas e imagens de santos decapitadas. Na França, ações anti-cristãs se dão principalmente em razão da reação ao casamento gay. 

        Fatos como estes, que revelam a descristianização da Europa, podem pesar bastante na eleição do cardeal italiano Angelo Scola como sucessor de Bento XVI. As políticas laicistas (aborto, eutanásia, casamento gay etc) que a Europa vai adotando têm reflexo e impacto muito forte no Terceiro Mundo. É aquela história:"todos os países civilizados, desenvolvidos e modernos já adotaram, logo, nós também temos de adotar estas modernidades."

       Reagir à descristianização da Europa pode fazer maior bem ao catolicismo do resto do mundo que eleger um papa africano, latino- americano ou filipino. E Scola é um homem do povo, com uma ação pastoral que tem levado a um número grande de conversões e volta à Igreja. É culto, conhece os meandros do Vaticano (para reformar a Curia), da política italiana e é muito próximo teologicamente a Bento XVI. 

       Eu referi-me às palavras (premonitórias?) de Papa Ratzinger na última visita ad limina dos bispos da diocese de Milão: "a Lombardia dever ser o coração religioso da Europa".

       À parte a sinceridade das limitações físicas, Bento XVI também deve ter pensado que, com ele vivo, ali pertinho, é mais difícil o conclave aprovar um nome 'novidadeiro', que surpreendesse ao próprio papa ou significasse una svolta no rumo de seu pontificado.

      A sua decisão de permanecer dentro do Vaticano poderia indicar o seu empenho em que o próximo papa dê continuidade ao que ele e João Paulo II começaram.

*http://www.tempi.it/ce-unondata-di-crimini-dodio-contro-i-cristiani-e-la-chiesa-cattolica-in-europa#.UTTINzA3uVI