sábado, 30 de agosto de 2014

Matemática de OdeC: nem de quinta. De quarta.

      E Olavo de Carvalho continua ruim de matemática. Na caradura, no hangout com Puggina, Gurgel, Giulliano e um outro lá, ele mentiu sem pejo e sem dó, ao dizer que em 1964 era estudante secundarista. 

     Não diga, OdeC. Foste tu mesmo a confessar que não terminaste sequer a quarta série do ginásio, que todos nós concluímos com 14 (no máximo, 15) anos. Como nasceste em abril de 47, tu tinhas 17 anos quando o golpe aconteceu. Não eras estudante coisa nenhuma.

Escreveu não leu, pau comeu

        Dizer que, em 1975, quando era copydesk do Jornal da Tarde, ele só corrigia textos mal escritos de repórteres analfabetos e precários, vindos das faculdades de jornalismo, é outra lorota de Olavo de Carvalho. 

        Aquela safra de primeiros repórteres formados, com diploma universitário, era fruto das boas escolas públicas e particulares que existiam no Brasil na década de 50 e 60, os alunos sabiam escrever, liam os clássicos da literatura, era outro nível. 

Os professores das (poucas e boas) faculdades eram geralmente medalhões e grandes profissionais da imprensa. Na UnB, onde eu entrei em 72 e saí em 80, fui aluna de Carlos Chagas, Manoel Vilela de Magalhães e Vladimir Carvalho. Era assim. 

        Olavo nunca foi aluno universitário, morre de inveja de não ter diploma e gosta mesmo é de falar mal de quem tem um canudo na mão. 

        Mas quem era mesmo que queria um diploma de bacharel em Direito, a ser concedido por uma faculdade paulista sem o ônus de frequência e de avaliações?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Sorvete na testa (Prometheo Liberto)

quinta-feira, 28 de Agosto de 2014

Sorvete na testa



 


Não se pode ser ex-perenialista sem ser anti-perenialista. Sabendo disso, e querendo conformar sua vida à verdade pela qual está buscando ativamente, Caio Rossi segue empenhando-se no cumprimento da promessa de denunciar e combater o luciferianismo velado oferecido pelos heresiarcas esotéricos Guénon e Schuon. O mais recente resultado de seus esforços de reparação ao erro perenialista no qual esteve envolvido está no interessante e oportuno texto a seguir:



Do texto em questão, convém destacar os trechos abaixo:
2º Fato:

O perenialismo guenoniano não é guenoniano: é ismailita. Ele já existia há séculos. O Simbolismo da Cruz, por exemplo, é um antigo tema ismailita que foi posteriormente desenvolvido por Guénon. Ele só fez dar aos preceitos dessa seita o upgrade necessário aos novos tempos, e contou, para isso, com o auxílio de organizações secretas. 

3º Fato: 
Historicamente, os ismailitas adotaram a estratégia de revezamento entre "ocultação" e "atividade pública", que se alternam de acordo com as condições objetivas que vão encontrando. Quando havia reação poderosa à sua agenda, adotavam a "ocultação" através do discurso duplo ou dúbio,conseguindo frequentemente se passar pelos mais ortodoxos dos fiéis.
A partir da leitura atenta dos excertos destacados, pode-se compreender a tática por trás da alternância radical de posições acerca das turuq que está presente no discurso ad extra de pessoas como Olavo de Carvalho, um pretenso dissidente daqueles sodalícios gnósticos. Tendo em conta o aumento das resistências a si e àqueles colaboradores que andam sendo expostos, pode-se notar que ele está (inabilmente) investindo na fase de "ocultação":

"O pessoal, quando entra para a tariqa, quando começa a freqüentar estes meios, já se imbui da autorização islâmica para mentir para os infiéis, e começam a mentir como uns loucos" [True Outspeak de 16/02/2011 (de 3min13s a 3min32s)]





Com tantos sorvetes arremetidos por si contra a própria testa, é de se surpreender como ainda haja quem dê fé pública ao sr. Olavo. Talvez isso se explique por haver em demasia no mundo ingênuos, distraídos, interesseiros e oportunistas.



VER TAMBÉM:  "
O Novo Aeon conservador"

http://libertoprometheo.blogspot.com.br/2014/08/sorvete-na-testa.html

Está claro isso aí? (Caio Rossi)

quarta-feira, 27 de agosto de 2014


Há alguns anos eu publiquei, em meu antigo blog, uma lista de 10 passos para uma introdução ao perenialismo guenoniano. Muita gente me agradeceu por tê-los postado. Espero que esses 11 fatos iniciais - pois tem muito mais por vir - sejam suficientes para ajudar os leitores a entender melhor de que se trata, de fato, a desgraça chamada perenialismo, qual a sua verdadeira agenda e quem são seus agentes ocultos no Brasil. 


 1º Fato:

René Guénon era maçon e cripto-ismailita. Em outras palavras, um defensor e, mais do que isso, um  representante destacado de uma heresia entre os católicos e uma heresia correspondente entre os muçulmanos. O ismailismo é uma praga esotérica que se infiltrou no Islã - e domina sabe-se lá quanto do sufismo - e que, através dos templários, constituiu as bases da "moderna Maçonaria".

Percebi esse vínculo somente há algum tempo. Ao procurar mais sobre o assunto no Google, encontrei esse e-book em espanhol e descobri que haviam não só percebido esse vínculo antes, como também já estava escrito um livro imprescindível para se entender a farsa perenialista.

2º Fato:

O perenialismo guenoniano não é guenoniano: é ismailita. Ele já existia há séculos. O Simbolismo da Cruz, por exemplo, é um antigo tema ismailita que foi posteriormente desenvolvido por Guénon. Ele só fez dar aos preceitos dessa seita o upgrade necessário aos novos tempos, e contou, para isso, com o auxílio de organizações secretas.

3º Fato:

Historicamente, os ismailitas adotaram a estratégia de revezamento entre "ocultação" e "atividade pública", que se alternam de acordo com as condições objetivas que vão encontrando. Quando havia reação poderosa à sua agenda, adotavam a "ocultação" através do discurso duplo ou dúbio, conseguindo frequentemente se passar pelos mais ortodoxos dos fiéis.

4º Fato:

A agenda perenialista consiste em infiltrar uma "elite gnóstica" aparentemente ortodoxa e "conservadora" nas grandes tradições espirituais - sobretudo a Igreja Católica e o Islã - e controlá-las a partir de dentro e, uma vez estabelecido esse controle, conduzi-las à tal "religião mundial".

5º fato:

Mas René Guénon escreveu contra a "religião mundial"! Sim, assim como escreveu, sob o pseudônimo Sphinx, contra a maçonaria em uma revista católica pseudamente anti-maçônica. Releia o 3º fato se ainda não entendeu o que significa "ocultação".

6º fato:

Voltando à agenda perenialista:

De um blog brasileiro sobre perenialismo, resumindo o pastiche que Guénon faz entre uma profecia católica (a do Grande Monarca) e uma islâmica (sobre o advento do Mahdi):

Assim organizações iniciáticas e contra-iniciáticas se enfrentarão em um antagonismo dialético muito sutil; onde “o verdadeiro esoterismo está além das oposições que se afirmam nos movimentos exteriores que agitam o mundo profano, e se estes movimentos são por vezes suscitados ou dirigidos invisivelmente por poderosas organizações iniciáticas, pode-se dizer que estas as dominam sem se misturar, de maneira a exercer igualmente sua influência sobre cada uma das partes contrárias” (René Guénon, O Esoterismo de Dante) 

O papel das organizações iniciáticas e sociedades secretas seria duplo: restaurar para cada indivíduo «qualificado» o nível de consciência original, designado como estado primordial ou adâmico; acelerar em modo «subversivo» o processo de decadência coletiva que permitirá o advento de um novo ciclo, iniciado pelo «Grande Monarca» francês, o «Imperador Adormecido» germânico ou o «Mahdi» muçulmano. 


Entendam que, para Guénon, o "Grande Monarca" católico seria, ao mesmo tempo, o Mahdi muçulmano, o descendente de Maomé que irá resgatar o Califado.

7º fato:

Os ismailitas são uma vertente do xiismo, e herdaram de sua origem a crença de que cada "Profeta" teve um "continuador" (wasi) - quase que um "sub-profeta" - que daria prosseguimento a seu trabalho e que os descendentes desse "Profeta" - ou desse "sub-profeta"-  herdariam essa função.

Existe toda uma rebuscada explicação "arquetípica" para isso, mas o que importa, em termos práticos, é que os ismailitas acreditam, como os xiitas, que Maomé foi o "Profeta" e Ali, seu sobrinho, era seu "continuador", assim como os advindos do casamento desse com a filha de Maomé, Fátima (daí a doutrina xiita do imamato).

No caso do Cristianismo, o natural seria procurar um descendente direto de Jesus, o que se relaciona com a teoria gnóstica sobre uma dinastia advinda de sua suposta união com Maria Madalena (história essa que foi popularizada em um famoso bestseller).

No entanto, essa vertente é muito pouco crível. Mas existe outra: a do "sobre ti edificarei a minha Igreja". Sim, Pedro seria o "Ali" de Jesus Cristo para os ismailitas. O Grande Monarca católico seria, portanto, um descendente de Pedro, o "continuador" da revelação cristã, e, ao mesmo tempo, enquanto Mahdi, seria descendente de Maomé via Ali e Fátima.

Muitos ismailitas acreditam que Nargis tenha sido uma descendente de Pedro e que, por ser esposa do 11º Imã do xiismo, de sua prole sairá aquele que supostamente unificará as duas linhagens dinásticas de wasis (ou seja, o Grande Monarca/Mahdi). E é essa a convicção de um certo tariqueiro ameaçador com quem convivi por algum tempo.

8º Fato:

Os perenialistas menosprezam a moral das religiões. Para eles, o que importa é a metafísica que as embasa e, de sua prática, só querem uma coisa: o ritual! Segundo Guénon, em seu livro sobre iniciação, os ritos exotéricos de uma tradição - como as 5 orações diárias dos muçulmanos, ou a Eucaristia dos cristãos, etc. - podem passar a ter função também esotérica caso o indivíduo tenha sido "iniciado". Por isso, esforçam-se em ser os mais zelosos praticantes dos rituais das religiões que adotaram sem que isso signifique absolutamente sua adesão aos preceitos dessas mesmas religiões.

9º Fato:

A suposta iluminação gnóstica sempre esteve vinculada a uma figura feminina: Sofia, Spendarmat, Fátima (para os fatímidas ismailitas), Laila, ou nomes semelhantes, para os sufis (daí o nome da filha de René Guénon e da filha de um certo perenialista em "ocultação"), e também Maria, a mãe de Jesus. Não seria, porém, a Maria conforme compreendida pela tradição cristã (ou mesmo pela islâmica), mas o "arquétipo" ismailita com o qual a mãe de Jesus foi identificada como sendo uma das manifestações.

Segundo Guénon, o culto às Virgens Escuras ou Negras na Europa seria de caráter esotérico. Estima-se a existência de cerca de 500 imagens de Virgens Negras naquele continente. A Virgem Maria retratada por Frithjof Schuon também tinha a pele escura. Este, aliás, escreveu um artigo sobre a Virgem Negra de Czestotchowa, que era venerada também por Jacob Frank (da seita neo-sabataísta que se infiltrou na Igreja Católica, sobretudo na Polônia, e que também possui aparentes vínculos com os perenialistas). O perenialista Jean Hani dedicou um livro a essas virgens.

10º Fato:

Jutando-se o 8º ao 9º fato, temos que, entre as práticas católicas que tendem a ser muito apreciadas pelos perenialistas que se infitraram na Igreja, está a consagração à Virgem. Mas, como revela o fato acima, isso não quer dizer que a Virgem seja compreendida da mesma forma. Para eles, trata-se do "Eternal Feminine", como diz Hani, ou, se preferirem, a hindu Kali, segundo Schuon.

Por isso, fiquem atentos para um certo "pacto com Maria" fora da Igreja proposto por algum perenialista online, e desconfiem de algum sacerdote muito vinculado a algum perenialista "oculto", pois ele pode estar utilizando a fumaça das consagrações à Virgem para se camuflar de bom católico e, ao mesmo tempo, estar tentando atingir outros fins com essa prática.

11º Fato:

Segundo "um certo" brasileiro que foi muito ligado a Schuon, os romenos foram os que melhor compreenderam a obra de Guénon e até desenvolveram sua própria estratégia. A propósito, Guénon esteve de fato naquele país e foi amigo de Mircea Eliade, o famoso "historiador das religiões" romeno e um notório perenialista. Eliade, por sua vez, foi amigo do maçon e antigo praticante de Meditação Transcedental, Andrei Plesu (Pleshu), que defende a Angelologia ismailita, conforme exposta por Henri Corbin, que unificaria as 3 tradições abraâmicas. E, para coroar tudo isso, Plesu/Pleshu acredita que a União Européia deve se integrar espiritualmente ao Maghreb, o Norte da África, reproduzindo as antigas invasões bárbaras!

E daí eu fico me perguntando: quem mais estará na lista de amigos de Plesu/Pleshu? E quem mais tem vínculos com a Romênia? Aliás, além das razões de um Van Helsing, por que cargas d'água um estrangeiro moraria na Romênia, hein!?

Está claro isso aí ou quer que eu desenhe?
http://perolasdanovadireita.blogspot.com.br/#09633647766895592

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Ser(es)

  Os defensores dos bichos, e todos aqueles que são contrários ao consumo de carne e uso de peles, couro e outros componentes animais para a fabricação de vestuário, calçados e cosméticos falam muito em 'natureza' mas, em geral, a desconhecem.

      A bem da verdade, ninguém conseguiu até hoje estabelecer de forma clara o que seja 'natureza'. Cada ciência a define a seu modo. Apesar da dificuldade
é de natureza que vamos falar. Comecemos pela princípio: a experiência ensina que não cometerá pecado de heresia aquele que afirmar que todos os seres vivos se diferenciam pelo fim a que objetivam e todo ser na natureza é ordenado ao melhor, à realização da perfeição. 
    
     Fique claro: ontologicamente, todo ser é completo, nenhum é 'mais ser' que o outro. O uso do termo 'mais ser' aqui é licença poética, deve ser entendido sempre como 'mais perfeição ou dignidade'Com esta ressalva, podemos afirmar que os seres brutos são os que tem menos 'ser', eles tem apenas constituição. (Por ora, deixemos à parte o reino mineral, os chamados seres brutos)

  
  Tratemos do reino dos seres vivos, os vegetais e os animais. A planta realiza duas operações: uma, a de nutrição, retirando da terra e do ar as substâncias minerais para a sua conservação e outra, a de reprodução. Reprodução é superior à nutrição, essa exige mais complexidade e perfeiçao. A reprodução engloba e pressupõe a nutrição. 

      Num vegetal, o máximo de 'perfeição de ser' que ele pode aspirar é reproduzir-se. Para um alface, melhor que ser um alface é ser dois. É o máximo de perfeição e de 'ser' que o vegetal alcança.

    
      Os animais são mais perfeitos que os vegetais; os animais, neste sentido, tem mais 'ser', mais funções, porque - além da nutrição e reprodução - eles têm percepção sensorial. O mundo vegetal é imóvel, frio, silencioso, oposto ao dos animais. 

      A reprodução animal é subordinada à percepção, aos sentidos. O animal só se reproduz quando isto lhe parece agradável. A própria natureza deu-lhe mecanismos de atração (o cio, com seus odores e seduções, vide pavões)
   

      O homem, além da reprodução e da percepção, tem a sua vida ordenada à inteligência. Há mais 'ser' no homem que no animal. Há mais perfeição nele que nos outros seres vivos. Na natureza, o menos é ordenado ao mais. No caso da reprodução, por exemplo: o homem não se acasala, ele escolhe a sua companheira por critérios racionais, afetivos, sociais, intelectuais.
   
      Mesmo quando o homem alega que faz sexo para satisfazer seus instintos decretados biologicamente, ele impõem-se restrições e tabus aceitos e estabelecidos pela sociedade (incesto, pedofilia, necrofilia etc).
      

A crise da fé na ciência (Joseph Ratzinger)

           Na última década, a resistência da criação a deixar-se manipular pelo homem manifestou-se como um elemento novo no panorama cultural global. A questão sobre os limites da ciência e os critérios a que ela deve se ater tornou-se inevitável. Para mim, particularmente significativo desta mudança de ambiente intelectual é o maneira diferente como se julga o caso Galileu.

Esse fato, embora tenha recebido pouca atenção no século XVII, é elevado, já século seguinte, a mito iluminista. Galileu aparece como uma vítima daquele obscurantismo medieval que perdura na Igreja. Bem e mal estão separados por um corte nítido. De um lado, encontramos a Inquisição: o poder que encarna a superstição, o inimigo da liberdade e do conhecimento. 
De outro, as ciências naturais representadas por Galileu. Eis aí a força do progresso e da libertação do homem dos grilhões da ignorância que o mantém impotente diante da natureza. A estrela da Modernidade brilha na noite escura de trevas da Idade Média (1).

De acordo com (Ernst) Bloch, o sistema heliocêntrico, bem como o geocêntrico, é baseado em pressupostos indemonstráveis. Entre eles, desempenha um papel preponderante a afirmação da existência do espaço absoluto, mas essa opção foi, porém, anulada pela teoria da relatividade. Ele escreve, textualmente:

“Dado que, com a abolição do pressuposto de um espaço vazio e imóvel, não é mais produzido qualquer movimento nesse sentido, mas apenas um movimento relativo de corpos entre si, e porque a medida desse movimento depende da escolha do corpo tomado como um ponto de referência (...), hoje, como outrora, se poderia supor a terra fixa e o sol em movimento”. (2).

Curiosamente, foi Ernst Bloch, com seu marxismo romântico, um dos primeiros a se opor abertamente tal o mito (iluminista), oferecendo uma nova interpretação do que aconteceu.

       A vantagem do sistema heliocêntrico sobre o geocêntrico não consiste em uma maior correspondência à verdade objetiva, mas ao fato de que nos dá uma maior facilidade de cálculo. Até aqui, Bloch expõe apenas uma concepção moderna das ciências naturais. Surpreendente, porém, é a conclusão que ele tira:

“Uma vez dada como certa a relatividade do movimento, um antigo sistema de referência humano e cristão não tem direito de interferir nos cálculos astronômicos e sua simplificação heliocêntrica; mas tem o direito de permanecer fiel ao seu método de preservar a terra em relação à dignidade humana e de orientar o mundo quanto ao que vai acontecer e ao que aconteceu no mundo (3)".

Se aqui ambas as esferas de conhecimento continuam claramente diferenciadas entre si quanto ao seu perfil metodológico, reconhecendo tanto seus limites quanto seus direitos, parece muito mais drástica, porém, a apreciação do filósofo agnóstico-céptico P. Feyerabend. Ele escreve:

       “A Igreja da época de Galileu foi muito mais fiel à razão do que o próprio Galileu, e levou, antes, em consideração as conseqüências éticas e sociais da doutrina galileiana. Sua sentença contra Galileu foi racional e justa, e só razões de oportunidade política se pode justificar a sua revisão". (4).

 Do ponto de vista das conseqüências concretas da reviravolta galileiana, no entanto, CF von Weizsäcker dá mais um passo à frente quando ele vê uma ligação diretíssima que conduz de Galileu à bomba atômica. Para minha surpresa, em uma recente entrevista sobre o caso Galileu, nao me fizeram uma pergunta do tipo “Por que a Igreja quis impedir o desenvolvimento das ciências naturais?”, mas exatamente a pergunta oposta, ou seja: “Por Igreja não adotou uma posição mais firme contra os desastres que iriam acontecer necessariamente, uma vez que Galileu tinha aberto a caixa de Pandora?”


Seria um absurdo construir com base nestas declarações uma apologética apressada. A fé não cresce a partir do ressentimento e da recusa da racionalidade, mas a partir de sua afirmação fundamental e sua inscrição em uma razão maior. [...] Aqui eu quis recordar um caso sintomático que evidencia até que ponto a dúvida da própria modernidade sobre si mesma tenha atingido hoje a ciência e técnica.

(1) Cfr. W. Brandmüller, Galilei und die Kirche oder das Recht auf Irrtum, Regensburg 1982.
(2) E. Bloch, Das Prinzip Hoffnung, Frankfurt/Main 1959, p. 920; Cfr F. Hartl, Der Begriff des Schopferischen.
Deutungsversuche der Dialektik durch E. Bloch und F. v. Baader, Frankfurt/Main 1979, p. 110.
(3) E. Bloch, Das Prinzip Hoffnung, Frankfurt/Main 1959, p. 920s.; F. Hartl, Der Begriff des Schopferischen. Deutungsversuche der Dialektik durch E. Bloch und F. v. Baader, Frankfurt/Main 1979, p. 111.
(4) P. Feyerabend, Wider den Methodenzwang, FrankfurtM/Main 1976, 1983, p. 206.

domingo, 10 de agosto de 2014

Matar urso, para quê?

      Caçar animais foi imperativo para a sobrevivência dos homens e dos próprios animais. Se não os caçasse, seja para comer ou para se vestir e aquecer, o homem teria morrido de fome e de frio. 

      E, caso tivesse sobrevivido, o homem teria sido comido pela superpopulação de animais selvagens famintos, que invadiriam vilas e cidades, devorando os homens e os outros animais domésticos para matar a própria fome. Seria um desastre ecológico e uma crueldade para com os próprios animais, pois, certamente, não existiria comida para todos eles.
   

      É óbvio que o homem pode matar animais para comer e pode usar sua pele e couro para a fabricação de vestimentas, calçados e outros bens diversos. Ninguém está matando pessoas. Pessoas são apenas os seres que têm inteligência, razão, discernimento, escolha, julgamento.

      Por exemplo: um leão se alimenta de outros animais. Mas, se o rei dos animais estiver diante dos últimos exemplares macho e fêmea do mico-leão-dourado, ele não hesitará em comê-los para saciar a sua fome. Se a espécie vai se extinguir, não lhe importa nada. Leão nem sabe o que é 'extinção'. O homem, pela inteligência, razoabilidade e bom-senso, trataria de preservar os micos-leões-dourados.
    
      Basta recordar: o menos é ordenado ao mais. O inferior é ordenado ao superior. O menos perfeito é ordenado ao mais perfeito. A inteligência é superior à percepção, que é superior à reprodução, que é superior à nutrição. Uma vem antes da outra, a última engloba as anteriores. Mas, para que o de cima não pense que é auto-suficiente e que não precisa de ninguém, a natureza exige que o superior só exista possuindo e exercendo as funções e (im)perfeições do inferior. 
     
     O homem para pensar, escolher, julgar, amar e reinar sobre todos os seres da natureza precisa, antes, ser 'pedra', ser 'pó', átomos de minerais. O ser vivo é feito (também) de matéria bruta.
    

    Que papel cabe ao homem na administração e uso dos bens da natureza colocados à sua disposição? Cuidar, racionalizar, preservar, manter. Os animais e plantas devem ser preservados da extinção. Os bichos, em particular, devem ser abatidos sem crueldade e com uma finalidade moral justificável . Podem e, às vezes, devem ser criados em cativeiro (para preservação), com métodos e técnicas que respeitem o seu bem-estar.
    
     Bicho não tem consciência da morte e não'suspira' nem 'sofre' por não estar correndo livre pelo mato. Animal criado em cativeiro não sabe que existe "mato', ele não sabe o que é 'liberdade'. Um animal sabe que está frio, bicho sente frio. Mas ele não sabe que o inverno é frio.
   
       As pessoas estão abrindo mão da inteligência (não é por ela que somos mais perfeitos?) para se submeter aos mantras sem originalidade do politicamente chinfrim. Hoje, fala-se em direitos humanos de animais, um chimpanzé ganhou um habeas corpus!    
      
      Nós vivemos num tempo em que, ridicularmente, é quase crime hediondo usar um (deslumbrante e enfeitiçador) casaco de pele. Usá-lo, ou mesmo desejá-lo, é considerado transgressão comparável ao infanticídio. Mas, falemos sério: por que nós não podemos nos fascinar pela beleza de um vison e querer fazer com a pele da foca um belíssimo casaco para enfeitar e aquecer? A pele da foca tem mais 'ser', mais perfeição do que, por exemplo,  a pele de uma lagartixa, porque tem beleza, maciez e brilho. Afinal, até os animais conseguem perceber a beleza (o pavão exibe a sua cauda maravilhosa para atrair a fêmea).
   
     Repito: o que não pode é extinguir a espécie (no caso, a foca) só para satisfazer um capricho, nem pode tratar e matar com crueldade ou por mera diversão, como é a caça a ursos. Por que sair de casa, entrar na floresta e abater um urso que não está ameaçando ninguém? Além disto, ursos são animais extremamente resistentes, e um tiro mal colocado (somente ferindo) o fará sofrer por semanas.

      No caso das focas, convém lembrar que foi a criação destes animais em cativeiro, para a fabricação de casacos, que salvou a espécie da extinção. Ora, criar coelhos para comer e tirar a pele (macia, brilhosa e bela) para produzir casacos não é permitido?

    
      As pessoas não percebem que elas já fazem na prática a diferenciação entre os seres. Por que oferecemos uma rosa a quem amamos em lugar de presentear com um repolho? Ora, porque a rosa é mais bela, tem perfume e é carregada de simbolismo, Dante Alighieri o mostrou.
     
      Dizer que o repolho é comestível é só argumento (de) pobre. A finalidade da flor não é matar a fome da mulher amada. É dizer que a ama. Para matar a fome, aí, sim, melhor o repolho. Pensando bem, eu prefiro um filé de salmão, com ervas finas, amêndoas e vinho branco. Francês.

Os heterónimos do astrólogo liberal-conservador (Prometheo Liberto)

sábado, 9 de Agosto de 2014

Os heterónimos do astrólogo liberal-conservador

Alto Astral...

Ontem fui convidado a assistir a um “hangout” entre o senhor astrólogo Olavo de Carvalho e o professor Hermes Nery, candidato à Câmara dos Deputados pelo Estado de São Paulo que muito tem feito pela causa pró-vida. 


O hangout, supostamente, era aberto a questões, e foi feito um convite formal pela organizadora para que todos os interessados enviassem perguntas. Fiz a minha parte, assim como mais uns quantos que aguardam pacientemente pelo esclarecimento do senhor astrólogo em relação a alguns pontos nebulosos das suas ideias, e também da sua biografia, ao menos nos pontos em que que os factos desmentiram o que ele afirmou durante anos e dão razão às desconfianças de tantos em relação à sua idoneidade enquanto suposto intelectual.

Para surpresa dos tolos, nenhuma das questões, todas elas colocadas não apenas na página da rede social usada pela organizadora do "hangout" para ter acesso ao público, mas também na própria caixa de comentários do tal "hangout" no youtube, foi respondida pelo senhor astrólogo, apesar de terem sido lidas em directo pela assessora do guru e pelo próprio. Nisso tudo, sobressai a irresponsabilidade do charlatão ao convidar um candidato a um cargo electivo federal, ainda por cima ligado a uma causa crucial, para participar, sem saber, numa peça destinada a lavar a sua imagem. 

Chateado com o que se passou, afinal, tudo o que ele omite ou disfarça estava a ser divulgado num evento de auto-promoção, o senhor astrólogo, como de costume, perdeu a compostura e resolveu ripostar à boa maneira dos Carvalho, usando inabilmente uma velha táctica que é uma das suas marcas registadas: escrever sob um “heterónimo”. Já sabíamos que o senhor astrólogo, para além de Olavo de Carvalho, também é Sidi Ibrahim Muhhamad, para além de por vezes encarnar Damásio Soares (ver aqui), o tal "Escravo de Maria" que aparece sempre nos momentos em que o senhor astrólogo está sob pressão, como foi quando do correctivo dado pelo professor Orlando Fedeli. Agora, descobrimos outro heterónimo: oakwoodwolf. 

Quem já esteve inscrito no curso online do senhor astrólogo, como eu (acreditei na conversa dele de ter estudado astrologia por interesse em estudar o simbolismo, até ter investigado o assunto ao invés de me fiar nas suas palavras), sabe que esse é o nome da conta gmail que ele usa no Paypal, e essa é a mesma conta que ele usa no youtube (ver aqui). Foi com essa conta que ele, ingenuamente, "respondeu" a uma das perguntas feitas pelo meu irmão. É estranho que em meio a tantas questões ele tenha perdido a compostura com uma relativamente inócua a respeito de como foi iniciado pelo Sr. Lings, que deixou claro na carta já aqui exposta (ver aqui), de maneira implícita, como era feita a iniciação dos homens na tariqa onde o senhor astrólogo penetrou a fundo nos mistérios da gnose, ainda mais quando consideramos a obsessão olaviana pelo recto e por tudo que o rodeia, obsessão estranha para qualquer homem normal, especialmente quando usada como recurso maior para ofender, afinal, que homem seguro de si se incomoda com um palerma a insinuar que ele é homossexual?


Ficou tão chateado com o facto que até confirmou o que estava implícito na carta que lhe havia dirigido o Sr. Lings, cujos gostos privados são mais do que óbvios para qualquer um que já tenha visto uma das suas intervenções (recomendo que procurem os vídeos dele no youtube). Ao lado dele, o Clóvis Bornay era um modelo de modéstia masculina...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

OdeC, 'bispo' Macedo e a salvação das malas

          Hoje, Olavo de Carvalho xinga Edir Macedo, mas nem sempre foi assim. O livro O Jardim das Aflições o prova. As pesadas malas embarcadas no heliporto do Templo de Salomão nos trazem à memória trechos daquele livro, publicado em 1995, em que Olavo de Carvalho empenha veementes palavras na defesa do 'bispo' Macedo. É bom lembrar que, já naquele tempo, ninguém em sã consciência podia achar que  Edir Macedo fosse verdadeiro pastor de almas. Ele era o que sempre foi: pastor de malas. 

        A propósito: ex-alunos e pessoas diversas que conviveram com OdeC na década de 90 revelam que, nesta época, ele era assíduo  frequentador de igrejas neopentecostais, em companhia da mulher e da sogra.  Os três 'devotos' iam à Igreja Universal do Reino de Deus e àquela de R.R. Soares, dono da Igreja da Graça e ex-cunhado de Edir Macedo.  

      Segundo alguns de seus ex-discípulos, era comum o Guru da Virginia elogiar e indicar o Curso de Fé de R.R. Soares, por ele considerado o melhor que já tinha visto. Alguns olavetes chegaram a fazer o curso por indicação do mestre. 

     Outra 'lojinha da fé' muito apreciada e frequentada por Olavo de Carvalho era a Igreja Renascer, do 'apóstolo' Estevão Rodrigues e da Bispa Sonia. Conta-se que OdeC teria mesmo se oferecido para dar um testemunho público, mas foi recusado, não se sabe porque. No tempo em que frequentava estas igrejas, o filósofo fazia durante seus cursos entusiasmada propaganda da 'teologia da prosperidade', ressaltando que os efeitos materiais das 'doações' ofertadas eram realmente magníficos e colhidos já nesta vida. Quem diria!  
    
    (Na verdade, não surpreende. Deve ter sido ali que o guru apurou as técnicas de ganhar dinheiro fácil, convencendo com sua lábia crédulos e incautos do custo-benefício de suas iniciativas. Basta conferir, agora o dindim é para formar dez 'lideranças' conservadoras, num curso de longo prazo, mínimo de 10 anos, a dois mil dólares per capita/mês. Cerca de duzentos e cinquenta mil dólares por ano, nada mal. Olavo já deu o sinal verde para que os devotos comecem a agir. Malandramente, ele diz ele que, de onde está, não dá para pedir a grana ele mesmo. Como se hoje distância física impedisse qualquer contato. Fosse assim, ele não teria mais de dois mil alunos num curso online de filosofia. PS: a trinta dólares a mensalidade, são sessenta mil dólares por mês só com o COF, fora os cursos avulsos, a vendagem de livros, as doações... Olavo de Carvalho fatura alto nos Estados Unidos).
     
     Voltando à esfera das 'oportunidades espirituais' experimentadas por Olavo décadas atrás, chama a atenção o depoimento de uma pessoa de integridade, sinceridade e seriedade inquestionáveis, que conheceu e conviveu com o guru durante anos. 
      
     Diz ela: "Quando eu o conheci ele se dizia protestante e ex-muçulmano. Olavo de Carvalho se definiu como protestante, justificando que o era porque a esposa o era, e que ele chegara à conclusão (guénoniana...) de que deveria seguir uma tradição (ou, antes, Tradição) da sua cultura, tendo assim abandonado o islamismo. Eu me lembro que respondi que protestantismo não é tradição, é inventado na hora. Ele ficou sem resposta." Ora, vejam, 'abandonado o islamismo'...

     Também em Curitiba, onde OdeC morou antes de ir para EUA, em 2005, era comum vê-lo em templos protestantes e não era por falta de igrejas católicas. São todos relatos confiáveis. 


 
(Não é interessante o fato de Olavo de Carvalho nunca frequentar igreja protestante tradicional, daquelas antigas? Por que? Será que ele é um sujeito que não pode receber a visita de pastores destas igrejas? Com aquele seu cigarro compulsivo, com seus linguajar chulo e conversas profanas, vai ver ele não seria bem visto por denominações mais sérias. Daí, sobra só igreja de picaretas, como a de Edir Macedo, Bispa Sonia e R.R. Soares. Um gambá cheira outro)

     O trecho d'O Jardim das Aflições é este: "Um sinal é a reportagem de "Veja" sobre o pastor protestante Caio Fabio, que abençoado por Betinho por suas ligações com a esquerda, mereceu ser rotulado, na capa, como "O Bom Pastor", para contrastá-lo, num esquematismo aterrador e insano, com o "Mau Pastor": o bispo Edir Macedo". 

    "Mau por quê? Pelo pecado de ter sido absolvido nos processos que adversários lhe moveram? Por suas convicções políticas e sua amizade com o pensador direitista Jorge Boaventura? Por recolher contribuições de seus fiéis em vez de pedir dinheiro ao governo? Porque os ritos espetaculosos de sua igreja -- tradicionais no protestantismo desde pelo menos John Wesley, e não muito diversos dos "shows" de pregadores católicos na Idade Média -- ofendem a delicada sensibilidade estética de seus críticos? Ou, enfim, porque suas campanhas beneficentes, sem o mínimo apoio oficial, vêm arriscando desbancar o improvisado monopólio esquerdista da caridade?"
(O. de CARVALHO, "O Jardim das Aflições", 1a ed., Rio de Janeiro, 1995. pp. 379-80, nota 243).