domingo, 10 de agosto de 2014

Matar urso, para quê?

      Caçar animais foi imperativo para a sobrevivência dos homens e dos próprios animais. Se não os caçasse, seja para comer ou para se vestir e aquecer, o homem teria morrido de fome e de frio. 

      E, caso tivesse sobrevivido, o homem teria sido comido pela superpopulação de animais selvagens famintos, que invadiriam vilas e cidades, devorando os homens e os outros animais domésticos para matar a própria fome. Seria um desastre ecológico e uma crueldade para com os próprios animais, pois, certamente, não existiria comida para todos eles.
   

      É óbvio que o homem pode matar animais para comer e pode usar sua pele e couro para a fabricação de vestimentas, calçados e outros bens diversos. Ninguém está matando pessoas. Pessoas são apenas os seres que têm inteligência, razão, discernimento, escolha, julgamento.

      Por exemplo: um leão se alimenta de outros animais. Mas, se o rei dos animais estiver diante dos últimos exemplares macho e fêmea do mico-leão-dourado, ele não hesitará em comê-los para saciar a sua fome. Se a espécie vai se extinguir, não lhe importa nada. Leão nem sabe o que é 'extinção'. O homem, pela inteligência, razoabilidade e bom-senso, trataria de preservar os micos-leões-dourados.
    
      Basta recordar: o menos é ordenado ao mais. O inferior é ordenado ao superior. O menos perfeito é ordenado ao mais perfeito. A inteligência é superior à percepção, que é superior à reprodução, que é superior à nutrição. Uma vem antes da outra, a última engloba as anteriores. Mas, para que o de cima não pense que é auto-suficiente e que não precisa de ninguém, a natureza exige que o superior só exista possuindo e exercendo as funções e (im)perfeições do inferior. 
     
     O homem para pensar, escolher, julgar, amar e reinar sobre todos os seres da natureza precisa, antes, ser 'pedra', ser 'pó', átomos de minerais. O ser vivo é feito (também) de matéria bruta.
    

    Que papel cabe ao homem na administração e uso dos bens da natureza colocados à sua disposição? Cuidar, racionalizar, preservar, manter. Os animais e plantas devem ser preservados da extinção. Os bichos, em particular, devem ser abatidos sem crueldade e com uma finalidade moral justificável . Podem e, às vezes, devem ser criados em cativeiro (para preservação), com métodos e técnicas que respeitem o seu bem-estar.
    
     Bicho não tem consciência da morte e não'suspira' nem 'sofre' por não estar correndo livre pelo mato. Animal criado em cativeiro não sabe que existe "mato', ele não sabe o que é 'liberdade'. Um animal sabe que está frio, bicho sente frio. Mas ele não sabe que o inverno é frio.
   
       As pessoas estão abrindo mão da inteligência (não é por ela que somos mais perfeitos?) para se submeter aos mantras sem originalidade do politicamente chinfrim. Hoje, fala-se em direitos humanos de animais, um chimpanzé ganhou um habeas corpus!    
      
      Nós vivemos num tempo em que, ridicularmente, é quase crime hediondo usar um (deslumbrante e enfeitiçador) casaco de pele. Usá-lo, ou mesmo desejá-lo, é considerado transgressão comparável ao infanticídio. Mas, falemos sério: por que nós não podemos nos fascinar pela beleza de um vison e querer fazer com a pele da foca um belíssimo casaco para enfeitar e aquecer? A pele da foca tem mais 'ser', mais perfeição do que, por exemplo,  a pele de uma lagartixa, porque tem beleza, maciez e brilho. Afinal, até os animais conseguem perceber a beleza (o pavão exibe a sua cauda maravilhosa para atrair a fêmea).
   
     Repito: o que não pode é extinguir a espécie (no caso, a foca) só para satisfazer um capricho, nem pode tratar e matar com crueldade ou por mera diversão, como é a caça a ursos. Por que sair de casa, entrar na floresta e abater um urso que não está ameaçando ninguém? Além disto, ursos são animais extremamente resistentes, e um tiro mal colocado (somente ferindo) o fará sofrer por semanas.

      No caso das focas, convém lembrar que foi a criação destes animais em cativeiro, para a fabricação de casacos, que salvou a espécie da extinção. Ora, criar coelhos para comer e tirar a pele (macia, brilhosa e bela) para produzir casacos não é permitido?

    
      As pessoas não percebem que elas já fazem na prática a diferenciação entre os seres. Por que oferecemos uma rosa a quem amamos em lugar de presentear com um repolho? Ora, porque a rosa é mais bela, tem perfume e é carregada de simbolismo, Dante Alighieri o mostrou.
     
      Dizer que o repolho é comestível é só argumento (de) pobre. A finalidade da flor não é matar a fome da mulher amada. É dizer que a ama. Para matar a fome, aí, sim, melhor o repolho. Pensando bem, eu prefiro um filé de salmão, com ervas finas, amêndoas e vinho branco. Francês.

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