sábado, 5 de maio de 2012

Racista sim.


    Alguns leitores insistem em dizer que minha recusa à pecha de racista e a exibição de provas irrefutáveis de que não o sou são a própria confissão de que eu sou, sim, racista (sic). Um gigante do pensamento, chamado Edilson, obrou a seguinte pérola, num comentário ao texto "Racista não":

"Me desculpe mas você é racista sim senhora, não é o opressor quem decide se é ou não,
mas sim o oprimido que sabe reconhecer facilmente quem o oprime.".

   Discutir com Edilson, quem há de? Mas voltemos ao início. Quer dizer, então, que se alguém te acusar de ladrão, tu não deves te defender porque pode parecer que tu o és realmente? É este um raciocínio perigoso. Roubar é crime, racismo também. Quem acusa o outro de roubo ou racismo pode responder por crime de calúnia, é da lei. 
     Segundo: eu concordo que "uma pessoa livre de preconceitos (seja ele de qualquer natureza) não enxerga o outro como um produto rotulado, com suas especificações, tamanho, cor, peso, origem etc. Ela simplesmente ama ou não, respeita ou não a outra PESSOA. Independente de quem seja. Os predicados vêm antes de qualquer outra coisa. Isso é não ser racista. Isso é respeitar a vida!".
  Estou de pleno acordo, eu também vejo as pessoas assim. É por este mesmo argumento que eu sou contra as cotas raciais. Ainda que eu reconheça a herança injusta da escravidão, eu acho mais justo a ajuda ser dada a pessoas pobres (pretos, brancos, índios ou de qualquer 'cor'). Mas não basta ser pobre: tem que querer estudar. 
   Outra coisa: é verdade que o fato de eu dizer que devo a vida à minha minha mãe-de-leite, que era negra (ela era), não é prova de que eu não sou racista. Só prova que eu não sou ingrata.
   Agora, me expliquem: eu não devo ver a negritude de Caçula, só devo vê-la como ser humano. Mas, na hora de garantir o direito de acesso à universidade através da cota, aí, os candidatos têm cor? Como assim?"

PS: Uma leitora, que se identifica como "estudante, negra e bolsista do Prouni", fez um comentário ao texto "Racista não" (http://bit.ly/IBFakm). Em resumo, ela diz que defender-me da acusação de racismo é índicio negativo (sic), que revelar que minha mãe-de-leite era negra não prova que eu não sou racista e que quem não tem preconceito enxerga o outro apenas como ser humano, valorizando antes os predicados. Por fim, ela lembra que a cota é para o ingresso, não garante a formação. Eu lhe respondi   com o texto acima (fiz pequenos acréscimo, em favor da clareza da resposta)

3 comentários:

  1. Você pode não ser racista, mas a sua postagem foi racista. Existem cotistas de todas as cores, mas o seu problema é exclusivamente com os cotistas pretos. As pessoas pensam que só existe cota para negros, quando na verdade o sistema de cotas é bem mais abrangente. Sou contra as cotas por achar que existem pobres e desfavorecidos de todas as cores. Cotas sociais seriam a solução, desde que houvesse um investimento maciço na educação PÚBLICA de qualidade e essas cotas tivessem prazo de validade. A maioria das pessoas que se postam contra as cotas, possuem argumentos ridículos que só prejudicam a luta daqueles que realmente querem o fim ou a reformulação do sistema de cotas. Existem cotistas negros, brancos, azuis, amarelos, mas só os cotistas negros despertam a ira da maioria das pessoas que são contra cotas, por qual motivo isso acontece? Cotista não-negro, sim. Cotista negro, não?

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